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E se a indústria da carne acabasse?

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A indústria da carne é uma das principais exportações do Brasil. De acordo com dados do Portal do Comércio Exterior (Comex), a indústria da carne movimenta cerca de R$ 67 milhões por mês no país. Além disso, nosso país exporta cerca de R$ 5 bilhões de proteínas animais.

Mundialmente, o setor de carnes está estimado em US$ 838,3 bilhões (quase R$ 4 trilhões). Esse valor pode chegar a US$ 1,157 trilhão (aproximadamente R$ 5,5 trilhões) até 2025.

Os números mostram o valor gigantesco da pecuária para a economia mundial.

O que aconteceria se o ser humano parasse de consumir carne?

Foto: Fernando Dias/Ascom Seapdr

Os seres humanos consomem 346,14 milhões de toneladas de carne por ano, existindo projeções de aumento de 44% nos números até 2030, o que pode chegar a 453 milhões por ano.

De acordo com pesquisa do Statista Global Consumer Survey, em média 86% das pessoas entrevistadas em 39 países consomem carne, mesmo fazendo substituição com outros tipos de proteínas.

Os países que mais consomem carne no mundo são os Estados Unidos, em primeiro lugar, com 120 kg de carne em consumo per capita por ano, seguidos pela Austrália, Uruguai, Argentina e Hong Kong.

Primeiramente, é preciso destacar que se a carne fosse eliminada da dieta dos seres humanos, um quarto a um terço de todas as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa seriam reduzidas.

“A maioria das pessoas não pensa como os alimentos impactam nas mudanças climáticas”, afirmou Tim Benton, especialista em segurança alimentar da Universidade de Leeds, em entrevista à BBC Future. “Mas apenas comer um pouco menos de carne agora pode tornar as coisas muito melhores para nossos filhos e netos.”

Já o estudo de Marco Springmann, pesquisador do programa Future of Food, da Oxford Martin School, fez uma projeção do que ocorreria se todos se tornassem vegetarianos até 2050. Os resultados apontam que as emissões de gases relacionados à indústria pecuária cairiam cerca de 70%. 

O que aconteceria com os animais

Foto: Reprodução

Entre os 5 bilhões de hectares de terras agrícolas do mundo, 68% são destinados à pecuária. Caso a carne fosse eliminada da dieta humana, cerca de 80% dessas terras seriam dedicadas à restauração de pastagens e florestas, responsáveis por capturar o carbono e melhorar o cenário climático.

Essa ação ajudaria na biodiversidade, gerando resultados para grandes herbívoros, como os búfalos, expulsos para dar lugar ao gado. Entre 10% a 20% das pastagens poderia ser local para cultivar outras plantas para preencher as lacunas nas ofertas de alimento. Isso compensaria a perda da carne. Isso porque um terço da terra, atualmente, é destinada às plantações e à produção de alimentos para o gado, e não para humanos.

Mas tudo isso levaria tempo e investimento. “Você não pode simplesmente tirar as vacas da terra e esperar que ela se torne uma floresta primária novamente por conta própria”, explica Andrew Jarvis, do Centro Internacional de Agricultura Tropical da Colômbia, à BBC.

O que aconteceria com os humanos?

Foto: Shutter Stock

Primeiramente, os seres humanos sofreriam com uma grande onda de desemprego de trabalhadores da pecuária. Por causa disso, seria preciso instrumentos de assistência em larga escala para auxiliar as pessoas na transição de carreiras.

Caso os governos deixassem de fornecer alternativas claras de carreira e meios de subsídios para ex-funcionários relacionados à pecuária, o mundo enfrentaria desemprego e convulsão social em comunidades rurais que dependem da indústria da carne.

Em relação à saúde, o vegetarianismo poderia levar a uma redução global da mortalidade em até 10% em 2050 devido à diminuição de doenças cardíacas, diabetes, derrames e alguns tipos de câncer. Isso considerando que a carne vermelha é responsável por metade desses problemas.

Em grande escala, aproximadamente milhões de mortes por ano seriam evitadas, e menos pessoas sofreriam de doenças crônicas relacionadas à alimentação. Essa redução em gastos médicos geraria uma economia de 2% a 3% do PIB global.

Porém, seria necessário, novamente, um sistema de acompanhamento nutricional para que as pessoas pudessem recorrer a um substituto que fornecesse a mesma quantidade de nutrientes que a carne. Caso isso não fosse feito, poderia gerar uma crise de saúde global.

Também é importante destacar que a mudança poderia ser ainda mais perigosa para os países subdesenvolvidos, podendo aumentar o nível de fome e de pobreza extrema.

No fim, “o problema é a transição”, como explica o escritor e bioquímico Isaac Asimov.

Fonte: Mega Curioso

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