Grande parte das pessoas passa um bom tempo da vida na escola, seja ela particular ou pública. O foco desses locais é o aprendizado, mas isso não quer dizer que todas sejam iguais. E para além da diferença de instituições do governo ou não, existe aquela que é considera a escola mais cara do Brasil pela Lista de Escolas Exclusivas publicada pela Forbes, em dezembro de 2024.
Os desafios para se ter a escola mais cara do Brasil começam já no seu projeto arquitetônico, e quem foi o responsável por ele foram os arquitetos do escritório aflalo/gasperini arquitetos. Eles pegaram esse trabalho de fazer a sede da Avenues São Paulo, que é a primeira escola da rede internacional no nosso país, mesmo antes de saber onde ela seria.
“Nós ajudamos a equipe da Avenues a buscar um terreno”, lembrou José Luiz Lemos, arquiteto e sócio-diretor da aflalo/gasperini arquitetos. Nessa etapa, os arquitetos e os executivos esquadrinhou vários locais na zona sul de São Paulo até conseguirem encontrar um lote no Real Parque do lado da Marginal Pinheiros.
“Fizemos vários estudos e entendemos que o edifício comercial que ocupava aquele espaço podia nos dar o que buscávamos. A estrutura vertical dele permitiria criar esse projeto amplo. E, assim, conseguimos criar uma escola para mais de 2 mil alunos”, disse ele.
Com o lote definido, os arquitetos não quiseram demolir o prédio existente para fazer a escola mais cara do Brasil. Ao invés disso eles optaram pelo retrofit no edifício dos anos 1990 e o adaptaram para conseguir receber o Ensino Fundamental e o Ensino Médio e ter espaços para a circulação dos alunos.
Tais espaços para favorecer essa circulação eram de extrema importância porque a orientação pedagógica da Avenues é incentivar a comunicação entre os estudantes de idades diferentes. “Como o modelo de ensino da Avenues é multidisciplinar e baseado em projetos, é como se o assunto flutuasse fora da sala de aula. Por isso, precisávamos criar espaços de conversa e áreas de encontro em todo o edifício”, contou Lemos.
Por conta disso, desde o começo do projeto da escola mais cara do Brasil os arquitetos propuseram vários trajetos pelo prédio e pelo anexo. “As coberturas ampliam a metragem do terreno. Quando você está dentro da escola, sempre tem acesso a essas áreas externas. Existem vários núcleos de circulação, uma multiplicidade de caminhos. Os percursos que criamos são muito ricos”, pontuou.
Casa Vogue
Na visão de Lemos, as coberturas são um dos grandes destaques por darem uma vista única da paisagem de São Paulo. “A intenção dos espaços de lazer nas coberturas foi criar uma conexão da criança com a cidade, para que o contato com o ambiente externo também fosse usado como espaço lúdico de aprendizado”, disse ele.
A escola mais cara do Brasil também tem o prédio adjacente que funciona como uma estrutura complementar. Na fachada dele, os arquitetos deu vida a intervenção com acabamentos um pouco diferentes e no interior eles se atentaram à qualidade ambiental. Por conta disso esse prédio tem pés-direitos duplos, um uso de cores bem pontual, leveza e uma interação lúdica com a arquitetura.
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Todos os detalhes foram pensados para instigar a curiosidade das crianças. Além ter uma referência sutil à matriz da escola, que fica no bairro do Chelsea, em Nova York. “Ela ficou pronta enquanto estávamos fazendo o nosso projeto. Por isso, não encaramos como inspiração. Foi importante entender o que estava funcionando lá para nos orientar. Mas acho que, talvez, ao incorporarmos uma certa estética industrial, tenhamos feito uma referência a Nova York, àquela região do High Line [parque construído em trilhos ferroviários abandonados]”, comentou Lemos.
E claro que a escola mais cara do Brasil teria uma tecnologia à altura. Na Avenues, os alunos tem tablets e MacBooks e as salas são conectadas com a sede em Nova York. Com isso é possível fazer atividades em conjunto.
“A tecnologia foi muito importante, sim, nesse projeto. Tivemos recursos previstos na luminotécnica, na elétrica, etc. E, no dia a dia, ela é essencial em sala de aula, e eles têm bastante controle sobre isso. Nosso objetivo foi criar uma estrutura capaz de absorver essas transformações. Afinal, a escola é um organismo vivo”, explicou.
Fonte: Casa Vogue
Imagens: YouTube, Casa Vogue