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Como pegar um mentiroso no pulo? Especialista conta seu segredo

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E diálogo imaginário que vocês verão abaixo foi usado pelo tenente Joe Kenda, veterano do Departamento de Polícia de Colorado Springs, no oeste dos Estados Unidos, para explicar à BBC Mundo seu método de detectar mentiras. Ele fez isso tendo como referência o caso envolvendo Ryan Lochte e outros três nadadores americanos que foram pegos mentindo, após denunciarem um assalto a mão armada no Rio de Janeiro durante uma noite em que saíram para celebrar as medalhas conquistadas no Rio 2016.

Confiram abaixo o diálogo “imaginário” usado pelo tenente:

“Fui roubado. Um homem apontou uma arma para mim…”, denuncia uma pessoa à polícia.

“Ok, ok”, responde o detetive. “Onde você estava quando tudo aconteceu?”

“Estávamos em um posto de gasolina.”

“Às 4h da manhã, vocês pararam em um posto de gasolina. Por quê?”

“Para usar o banheiro.”

“Então, vocês foram ao banheiro…”

“Sim, e um sujeito apareceu…”

“Espera, espera”, interrompe o detetive. “Vocês entraram no banheiro. Aconteceu alguma coisa nesta hora?”

“Quê?”

“Falaram com algum funcionário. Houve algum desentendimento…”

“Ah… Não! Nada disso…”

(Silêncio)

“Toquei num ponto sensível”, pensa o detetive. “Por que será que não quer falar de algo que aconteceu no banheiro, mas do resto das coisas, sim?”

A polícia brasileira contestou a versão dos atletas e os acusou de terem cometido vandalismo em um posto de gasolina, e para poder investigar o caso, três deles deram impedidos de saírem do Brasil. Já nos Estados Unidos, Ryan Lochte foi a um programa da emissora NBC para dizer que assumia toda a culpa pelo ocorrido. “Exagerei a história e, se não fosse por isso, não estaríamos envolvidos nesse problema. Nada disso teria acontecido se não fosse por meu comportamento imaturo”, disse o medalhista.

United States' Ryan Lochte reacts after finishing first in the men's 400-meter individual medley swimming final at the Aquatics Centre in the Olympic Park during the 2012 Summer Olympics in London, Saturday, July 28, 2012. (AP Photo/Daniel Ochoa De Olza)

O tenente Kenda apresenta o programa “Caçador de Homicídios”, no canal Investigation Discover, nos Estados Unidos. Mas quando era policial, seu departamento tinha a maior taxa de resolução de casos de todo o país. Mas como ele consegue saber se uma pessoa está mentindo?

“Como policial, não confio nem acredito em ninguém”, diz sem rodeios. O comportamento humano é muito previsível, e, se você me conta algo fora do comum, isso chama atenção. ‘Por que você fez isso? Não conheço outra pessoa que teria feito isso neste caso, mas você disse que o fez. Por quê?'”, declara Kenda.

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Quando alguém chega com um relato ou denúncia, Kenda faz questão de repassar tudo ponto a ponto. A suposta vítima sempre quer ressaltar o fato central do relato, mas o detetive deve explorar o entorno e os menores detalhes. É uma técnica que segue o método da famosa série policial “Columbo”, exibida nos anos 1970, em que o protagonista insiste em fazer perguntas aparentemente inócuas. Ah, uma coisa antes de eu ir. Você foi ao supermercado antes ou depois de ver sua namorada”, perguntaria Columbo.

É exatamente esse o jogo que o bom detetive faz com o interrogado, destaca Kenda. Porque as pessoas pode não se lembrar de tudo que disseram quando o relato é uma invenção, argumenta o tenente. A análise também deve ir além das palavras e envolver uma leitura do comportamento do indivíduo. “Se em algum momento da conversa, você levanta a voz, fica na defensiva ou até é evasivo, você está mentindo”, declara o ex-policial.

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Quando alguém mente e sabe que está mentindo, há sinais que o delatam. É por isso que buscam os detetives, como quando se joga pôquer. O jogo de cartas se baseia em quem consegue enganar melhor o adversário, e os bons jogadores são especialistas em detectar os sinais corporais dos rivais para extrair informações sobre as cartas. Uma piscada ou apenas um olhar pode entregar o jogador.

Os detetives usam a mesma tática com os interrogados. “Onde estão seus olhos? Você mantém contato visual? Está nervoso? Fica batendo os pés? Batendo na mesa com os dedos? Fica olhando a porta? Os pés estão firmemente plantados no chão para sair rapidamente assim que possível?”, explica Kenda. Todos esses movimentos corporais ocorrem inconscientemente quando se conta uma mentira ou se tenta enganar alguém.

Naturalmente, há pessoas que são boas em mentir, e, em sua longa carreira, Kenda encontro uma ou outra, a quem ele chama de sociopatas. “Uma personalidade assim não tem emoções humanas. Não sente amor, nem culpa, nem compaixão.”, declara Kenda. Assim, é difícil detectar quando mentem. Curiosamente, a única coisa que conseguem manifestar é raiva: “Não me deixe furioso. Se ficar, vou te matar”, explica. É aí que pessoas assim podem se entregar.

E aí amigos, já conheciam essas técnicas? Comentem!

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