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Existe uma estranha relação entre retirar o apêndice e a doença de Parkinson

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O Mal de Parkinson é uma doença que destrói gradualmente as células de uma parte cerebral que controla o movimento. Os sintomas incluem rigidez na mobilidade, tremores, lentidão e dificuldades de equilíbrio. Como na maioria das vezes atinge pessoas mais velhas, a proporção de pessoas que vivem com a doença está aumentando em populações envelhecidas. Até agora, não há cura e nem tratamento que retarda a doença de Parkinson. No entanto, a ciência trouxe um avanço sobre as causas da patologia e os resultados são intrigantes. Uma análise dos registros do sistema de saúde de mais de 62 milhões de estadunidenses encontrou uma estranha relação entre retirar o apêndice e a doença de Parkinson.

Descobertas anteriores sobre apendicectomia e Parkinson foram inconsistentes, com algumas pesquisas mostrando nenhuma relação específica. Um estudo recente da Europa, contudo, mostrou que os pacientes que ainda tinham seu apêndice estavam mais propensos a desenvolver o Mal de Parkinson. Essa contradição levou o Dr. Mohammed Z. Sheriff e seus colegas a buscar respostas.

Dados em larga escala

Ao longo dos anos, diversos estudos começaram a afirmar que a remoção do apêndice atrasa ou aumenta o início da doença. A causa do intenso e contraditório interesse reside na proteína que pode ser a causa da doença. Ela, inclusive, pode ser encontrada no intestino depois do processo inflamatório. “Pesquisas recentes sobre a causa do Parkinson se concentraram na alfa-sinucleína, uma proteína encontrada no trato gastrointestinal no início do Parkinson”, diz Sheriff.

As controvérsias em torno do assunto estimularam os pesquisadores do novo estudo a embarcarem em uma análise muito mais ampla. Esta é baseada nos registros eletrônicos de saúde de 62,2 milhões de pessoas em 26 sistemas de saúde nos EUA. Os autores sugeriram que faltavam “dados epidemiológicos de larga escala”.

A conexão existe

A partir desse enorme banco de dados, Sheriff e seus colegas examinaram 488.190 pacientes submetidos à apendicectomia. Destes, eles encontraram 4.470 que também desenvolveram a doença de Parkinson. Comparando-os com os 177.230 casos de Parkinson que ainda tinham seu apêndice, foi perceptível um contraste digno de nota. A análise mostrou que aqueles que se submeteram a uma apendicectomia estiveram três vezes mais propensos a desenvolver a doença de Parkinson.

A equipe também descobriu que a probabilidade em desenvolver a doença de Parkinson não dependia de idade, gênero ou raça. Isso não quer dizer que remover esse minúsculo nó da carne intestinal cause a degeneração do tecido nervoso responsável pelos sintomas de Parkinson. No entanto, sugere que algo está acontecendo.

“Esta pesquisa mostra uma relação clara entre a remoção do apêndice e a doença de Parkinson. Contudo, é apenas uma associação. Pesquisas adicionais são necessárias para confirmar esta conexão e para entender melhor os mecanismos envolvidos”, conclui Sheriff.

Estranhamente, fumar diminui o risco de desenvolver a condição em até 40%. Dada a variedade de preocupações com a saúde que surgem com o uso do tabaco, ninguém vai sugerir que você comece a comprar cigarros. Da mesma forma, é sugestível que você não deixe de fazer a apendicectomia, caso seja necessário.

Além disso, é bom ficarmos atentos aos próximos capítulos desta saga científica. Existe uma estranha relação entre retirar o apêndice e a doença de Parkinson, mas ainda não podemos afirmar com todas as letras quais são as consequências desta conexão. O que nos resta é esperar para mais informações sobre a problemática.

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