Não é nenhuma novidade para as pessoas que a grande maioria das religiões não celebra uniões homoafetivas. E as coisas eram ainda mais complicadas no início do século XX. No entanto, em 8 de junho de 1901, uma igreja católica da Espanha realizou o um dos primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Mesmo que todos os envolvidos não soubessem exatamente o que estava acontecendo.
Acontece que, naquele dia, Mario Sanchez e Marcela Gracia, que estava grávida de dois meses, subiram no altar da Igreja Paroquial de São Jorge, em Corunha, na Espanha, para receberem as bençãos e selarem a sua união. A cerimônia foi realizada pelo padre Victor Cortiella e contou com a presença de alguns poucos parentes dos noivos.
Mas vocês devem estar se perguntando, a história não era sobre uma união homossexual realizada pela igreja? Bom, e é. A questão é que Mario Sanchez era, na verdade, Elisa Sanchez. Depois da morte de seu primo em um naufrágio, Elisa assumiu sua identidade.
A força do amor
A motivação para que ela fizesse isso foi sua paixão avassaladora por Marcela. No entanto, a história do casal começou muito antes desse dia tão especial para elas, como podemos imaginar.
Elisa e Marcela se conheceram quando estudaram juntas na Escola de Formação de Professores, em Corunha. Esta escola costumava habilitar educadores para lecionar para alunos do ensino fundamental.
Com o passar do tempo, ambas perceberam que o sentimento que sentiam uma pela outra ia além da amizade. Depois que os pais de Marcela perceberam o que estava acontecendo entre elas, enviaram a jovem para Madri. Assim, evitariam polêmicas e problemas para a família. Porém, isso não funcionou como previam.
Ao terminaram os estudos, Elisa e Marcela se reencontraram. Elas enfrentaram toda a ira dos pais de Marcela e decidiram viver juntas em Calo, onde Elisa trabalhou como professora. Para evitar o sufoco de viverem um relacionamento às escondidas, elas precisariam fazer algo muito radical e assim surgiu a ideia de se casarem.
Para isso, um plano mirabolante foi arquitetado. Elisa cortou seus cabelos, comprou roupas masculinas, empostou sua voz, de modo que ela parecesse mais grossa do que o comum, e assumiu um personagem, no caso, seu primo falecido.
A primeira etapa do plano das jovens foi colocada em prática no dia 26 de maio de 1901. Já como Mario, Elisa foi até à igreja para falar com o padre que realizaria o casamento. Mario inventou uma longa história para o sacerdote, sobre como havia crescido em Londres e sobre ter vivido com um pai que era ateu. Assim, ele conseguiu ser batizado e estava preparado para se casar.
O grande plano
A identidade do pai do filho de Marcela era desconhecida, mas isso apenas corroborou para que o plano de Elisa e Marcela funcionasse. Após duas semanas, elas se casaram, mas, depois de alguns dias, tudo veio à tona.
Os vizinhos das jovens, enfurecidos por tudo o que elas haviam feito, revelaram sua farsa aos jornais locais. A história rapidamente se espalhou e o episódio se tornou conhecido como “o casamento sem homem”.
Como punição para as ações do casal, ambas perderam os empregos e receberam um mandado de prisão. O padre, indignado por ter sido enganado por Elisa e Marcela, pediu que elas fossem excomungadas. As jovens então decidiram fugir para Portugal.
No novo país, Marcela deu à luz a uma menina e Elisa assumiu uma nova identidade. Entretanto, isso não as impediu de serem capturadas pela polícia. Elas foram extraditadas para a Espanha e depois de um julgamento, elas foram absolvidas. Quando em liberdade, o casal fugiu para a Argentina. No país sul-americano, elas iniciaram um nova vida.
Elas mudaram de nome e conseguiram um emprego. Em 1904, Elisa se casou com um milionário dinamarquês chamado Christian Jensen. Marcela foi apresentada como irmã de Elisa. Porém, toda a mentira foi mais uma vez descoberta.
Segundo alguns registros, apesar de toda a confusão na vida das mulheres, a certidão de casamento de Mario Sanchez e Marcela Gracia nunca foi anulada.
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