O governo japonês finalmente eliminou o uso de disquetes no Japão em todos os seus sistemas, duas décadas após seu auge, alcançando um marco que muitos esperavam na campanha para modernizar a burocracia.
A Reuters informou que, em meados do mês passado, a Agência Digital japonesa eliminou todos os 1.034 regulamentos que regiam o uso de disquetes, exceto uma restrição ambiental relacionada à reciclagem de veículos.
O ministro digital, Taro Kono, comentou que eles ‘venceram a guerra contra os disquetes!’. Ele defendeu o fim desses aparelhos, fax e outras tecnologias analógicas do governo.
A Agência Digital surgiu durante a pandemia de COVID-19 em 2021, quando a luta para implementar testes e vacinação em nível nacional revelou que o governo ainda dependia de arquivamento em papel e tecnologia desatualizada.
Figura carismática com 2,5 milhões de seguidores no X (Twitter), Kono já chefiou os ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, além de liderar a distribuição da vacina contra a COVID-19. Ele iniciou no cargo atual em agosto de 2022, após uma tentativa falha de ser o primeiro-ministro.
No entanto, o esforço de digitalização do Japão encontrou inúmeros obstáculos.
Um aplicativo de rastreamento de contatos fracassou durante a pandemia e a adoção do cartão de identificação digital My Number pelo governo foi mais lenta do que o esperado, devido a repetidos contratempos de dados.
Agora que o governo japonês considera ter superado sua dependência dos disquetes no Japão, todos estão atentos para ver quais outras revisões de modernização o país deve conduzir.
Apesar de várias conquistas tecnológicas, o país ainda lida com a reputação de se apegar por tempo demais a tecnologias desatualizadas.
Alguns acreditam que essa dependência do Japão em tecnologias mais antigas decorre do conforto e da eficiência associados à tecnologia analógica, bem como à burocracia governamental.
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Disquetes, discos flexíveis ou floppy disks, são dispositivos de armazenamento de dados magnéticos amplamente comuns desde os anos 1970 até o início dos anos 2000.
Eles consistem em um disco plástico flexível, recoberto por um material magnético, encapsulado em uma capa plástica quadrada ou retangular.
Na prática, é um disco flexível de material plástico com uma camada magnética onde os dados são armazenados. Também tem uma caixa plástica rígida que protege o disco magnético contra danos físicos e poeira. A capa possui uma janela de acesso deslizante que abre quando o disquete entra no drive.
Os dados são armazenados em trilhas concêntricas no disco magnético. Cada trilha é dividida em setores, que são as menores unidades de armazenamento.
Essas informações gravam e permitem a leitura através da magnetização de pontos específicos no disco. Uma cabeça de leitura/gravação no drive de disquete lê e escreve dados alterando a polaridade magnética dos pontos no disco.
O disquete é inserido no drive, que abre a janela de acesso para a cabeça de leitura/gravação tocar o disco magnético. Em seguida, o magnético gira dentro da capa enquanto a cabeça de leitura/gravação se move radialmente para acessar diferentes trilhas.
A cabeça de leitura/gravação magnetiza ou detecta a magnetização de pontos no disco para escrever ou ler dados, respectivamente.
Os primeiros disquetes, usados principalmente em mainframes e minicomputadores, tinham capacidade de 80 KB a 1.2 MB.
No entanto, não foram os mais populares. Os de 5.25 polegadas eram comuns em computadores pessoais dos anos 1980, com capacidades variando de 360 KB (disquete de dupla densidade) a 1.2 MB (disquete de alta densidade).
Também existiram os de 3.5 polegadas, com capacidades de 720 KB (disquete de dupla densidade) a 1.44 MB (disquete de alta densidade).
Mas com o avanço da tecnologia, os disquetes gradualmente deram espaço para dispositivos de armazenamento mais eficientes e de maior capacidade, como CDs, DVDs, pen drives e armazenamento em nuvem.
A última década viu a quase completa obsolescência dos disquetes, com muitos sistemas modernos já não incluindo drives de disquete.
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Os disquetes no Japão permaneceram firmes por várias razões, especialmente culturais e organizacionais.
A burocracia japonesa é conhecida por ser rigorosa e formal, com procedimentos e regulamentos que muitas vezes permanecem inalterados por longos períodos. Isso inclui o uso de tecnologia antiga, como disquetes, que foi institucionalizada em muitos processos administrativos.
Além disso, embora antigos, são confiáveis e menos vulneráveis a ataques cibernéticos em comparação com sistemas baseados em rede. Alguns setores podem ter continuado a usá-los por razões de segurança.
O Japão tem uma tendência a preservar e continuar usando tecnologias que já são conhecidas e confiáveis. A mudança para novas tecnologias é um risco, e alguns acham que é desnecessária se o sistema atual ainda funcionar.
Ainda, a modernização de sistemas pode ser cara e demorar muito tempo, como aconteceu nos últimos meses. Mudar de disquetes para tecnologias mais novas requer investimentos em novos equipamentos, treinamento de pessoal e a reestruturação de sistemas existentes, o que pode ser um desafio.
O mesmo vale para os sistemas que ainda dependem dos disquetes no Japão, e mudar essas plataformas pode ser caro, além da complicação e possível perda de dados.
Assim, os próximos passos animam as pessoas que aguardam essa modernização e esperam chegar no próximo patamar da tecnologia.
Fonte: Olhar Digital, Wikipedia