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O que a “tábua de maldição” hebraica pode revelar sobre a Bíblia

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No dia 24 de março de 2022, uma equipe de especialistas da Cisjordânia divulgou a descoberta de uma “tábua de maldição” contendo o que pode ser a inscrição hebraica mais antiga já encontrada.

O objeto, que consiste em uma folha de chumbo dobrada, foi encontrado no topo do Monte Ebal, local associado a maldições escrita Bíblia, no fim do ano de 2019. O texto presente no artefato só conseguiu ser revelado recentemente, com a ajuda de técnicas de digitalização. 

A mensagem lança uma maldição mortal em alguém que tenha quebrado sua palavra. O texto ainda afirma que o encanto seria realizado por Deus, chamado de Yahweh na inscrição. Esse nome é o mesmo utilizado pelos antigos judeus para se referirem à divindade que adoravam.

Vale destacar que os cientistas ainda não publicaram o estudo detalhando suas descobertas. Todas as informações disponíveis atualmente são as que eles revelaram durante uma coletiva de imprensa. 

Informações sobre a tábua de maldição

Foto: Divulgação / Michael C. Luddeni / Bible Archaeology

De acordo com as análises da equipe, a tábua tem pelo menos 3.200 anos de idade e foi descoberta em uma camada do solo que continha vestígios do período entre 1200 a.C e 1400 a.C. Um exame laboratorial do chumbo, utilizado no objeto, apontou que o material foi originado em uma antiga mina grega, que foi usada nessa mesma época. 

Com isso, o artefato pode ser considerado o exemplo mais antigo de uma escrita primitiva desenvolvida pelo povo hebraico. Nesse contexto, pode ser retomado o debate sobre quando a Bíblia foi escrita. 

“Alguns estão descrevendo isso como a descoberta mais importante de nossas vidas porque é anterior a qualquer coisa que tenhamos antes em relação às escrituras hebraicas”. disse Scott Stripling, que liderou a pesquisa, conforme informações publicadas pelo portal Mirror.

“[O achado] afeta grandes questões como: a Bíblia foi escrita quando afirma que foi escrita? Havia mesmo uma escrita alfabética em existência pela qual escritores como Moisés e Josué poderiam tê-la escrito? Muitos críticos, até este ponto, argumentaram contra isso e disseram ‘não, foi escrito muito, muito mais tarde, no período persa ou no período helenístico’. Isso inclina a balança em outra direção”, acrescentou o pesquisador. 

Para Stripling, o estudo provocará um “terremoto” nos campos arqueológicos e teológicos. Isso porque pode desestabilizar diversas noções que os especialistas tinham como verdade.

No entanto, como a pesquisa ainda não foi publicada e revisada por outros profissionais da área, procedimento científico padrão, as afirmações feitas na coletiva de imprensa atraíram algumas críticas. 

“Em geral, estou irritado com alegações sensacionalistas de descobertas que ostensivamente mudam tudo o que sabemos sobre a Bíblia e a história da antiga Israel”, disse Israel Finkelstein, um arqueólogo da Universidade de Tel Aviv, em entrevista ao LiveScience. 

Novas informações sobre os antigos israelitas

Foto: Divulgação/ Michael C. Luddeni/ Bible Archaeology

Se a data for confirmada, a inscrição na tábua de maldição retrocederia em centenas de anos a data mais antiga da alfabetização entre os antigos israelitas. Atualmente, a evidência mais antiga confirmada é a de Khirbet Qeiyafa, datada por volta do século 10 a.C., de acordo com pesquisadores da Universidade de Haifa, em Israel.

Para Stripling, a tábua pode ser a vidência para a história bíblica dos antigos israelitas que chegaram à regiã, então chamada Canaã, do oriente distante.

“Temos um texto antigo dizendo que os israelitas chegaram por volta de 1400 [a.C.], e depois temos evidências deles em uma montanha onde a Bíblia diz que eles estavam, escrevendo uma linguagem que a Bíblia diz que eles usavam”, afirma Stripling. “Acho que uma pessoa imparcial pode estar disposta a tirar a conclusão, indutivamente, de que havia israelitas lá”.

Veja a coletiva de imprensa abaixo:

Fonte: Aventuras na História, Novo Cantu

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