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O que é a escala de Glasgow, que classificou o coma de Paulinha Abelha?

escala de glasgow
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A cantora Paulinha Abelha, vocalista da banda Calcinha Preta, faleceu na última quarta-feira, 23, em decorrência de problemas renais. A internação e o falecimento da cantora geraram uma enorme comoção nos fãs, que acompanharam, o tempo todo, novas notícias sobre o estado de saúde dela. 

Enquanto esteve internada, os médicos que a acompanharam definiram o estado de coma dela em nível 3 na escala de Glasgow, que se caracteriza como o mais profundo. A cantora foi hospitalizada no dia 11 de fevereiro, em Aracaju (no estado de Sergipe), após chegar de uma turnê com a banda Calcinha Preta em São Paulo. A internação teve o objetivo de tratar problemas renais.

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Já no dia 14 de fevereiro, o quadro da cantora se agravou e ela foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A partir daí, passou a fazer diálise. No dia 17, o boletim médico informou que Paulinha estava em coma. No dia seguinte, 18, a informação divulgada no boletim era a de que ela permanecia em coma, com quadro de infecção controlado e respirando com o suporte de aparelho.

Já no dia 19 de fevereiro, os médicos informaram que ela estava entubada e em coma persistente. “A pergunta que a gente faz agora é quais as etiologias [causas médicas] que justifiquem uma pessoa estar em um coma, em uma escala de Glasgow 3, que é a nota mais baixa que você pode ter numa escala de classificação de coma”, explicou o médico neurologista, Marcos Aurélio Alves.

“Hoje nosso interesse é mantê-la viva. E não está sendo uma função fácil”, disse o neurologista Marcos Aurélio, quando questionado sobre a possibilidade de a cantora vir a apresentar sequelas. Nos dias seguintes, nenhuma melhora foi registrada até que, no dia 23, Paulinha faleceu.

Os motivos que teriam causado a gravidade do quadro de saúde da cantora ainda estavam sendo investigados. Apesar disso, já era consenso entre os médicos que os problemas renais pudessem estar envolvidos em complicações maiores.

A escala de Glasgow

A Escala de Coma de Glasgow (ECG) foi criada em 1974, na Universidade de Glasgow (na Escócia), e até hoje representa uma das ferramentas de monitorização neurológica mais utilizadas no mundo. A definição da escala é baseada em um exame clínico, que pode ser feito no próprio leito do paciente, sem necessidade de exames complementares. 

Em entrevista ao G1, o médico cardiologista e intensivista Luiz Flávio Prado explicou que quem está em coma Glasgow 3, como no caso de Paulinha, “não responde a nenhum estímulo”. Segundo ele, esse é o estágio mais profundo do coma e, normalmente, implica em lesão neurológica muito grave”.

A análise da gravidade do comprometimento neurológico é baseada em três critérios: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. Eles são pontuados individualmente e sua soma varia de 03 a 15, caracterizando o paciente com lesão leve, moderada ou grave. 

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No nível 15, o paciente não tem nenhum grau de redução das funções cerebrais, ou seja, não apresenta comprometimento neurológico. Já no nível 3, o paciente se encontra em um estado de coma profundo e não apresenta qualquer resposta ao exame físico específico. De acordo com o Ministério da Saúde, a escala de pontuações que avalia o nível de consciência dos pacientes segue o modelo abaixo:

Abertura ocular

Para este critério, quando o paciente apresenta abertura espontânea, recebe pontuação 4. Do contrário, o médico chama o paciente pelo nome ou solicita a abertura ocular, o que configura a pontuação 3. Caso o paciente não apresente resposta, um estímulo doloroso é aplicado e ele recebe pontuação 2 em caso de resposta. A pontuação mínima, que é 1, indica que não há abertura dos olhos, mesmo em resposta à dor. 

Resposta verbal

Neste item, os profissionais da saúde fazem perguntas como “Você sabe em que mês estamos?”, “Você sabe onde está?”, “Pode me falar seu nome?”. Respondendo a todos os componentes, o paciente recebe a pontuação máxima (5 pontos). Caso contrário, são avaliadas as habilidades verbais dos pacientes, que podem usar frases coerentes e completas, porém com confusão sobre tempo, lugar ou pessoa (4 pontos). 

O uso inapropriado ou palavras desorganizadas, refere-se a palavras audíveis, aleatórias e fora de contexto (pontuação de 3 pontos). O paciente pode emitir sons como ruídos ou gemidos, sem formação de qualquer palavra (2 pontos). Se não houver nenhuma resposta audível, a pontuação é mínima (1 ponto). 

Resposta motora

Para avaliar aqueles que se enquadram na pontuação máxima deste critério (6 pontos), o paciente deve obedecer a comandos como: “segure o meu dedo”, “feche as mãos”, “mostre a língua”. Se não houver resposta a isso, o próximo passo é avaliar a resposta à dor.

Neste caso, o paciente pode localizar corretamente o estímulo (5 pontos); flexionar ou retirar um membro para longe de um estímulo de dor (4 pontos); realizar uma flexão anormal dos membros (3 pontos); ou ainda, fazer extensão de membros superiores e inferiores (2 pontos), chamada “postura de descerebração”. Quando não há qualquer resposta motora, o paciente recebe 1 ponto.

Fontes: G1 e Peb Med

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