Santa Catarina possui o recorde absoluto da menor temperatura do Brasil já registrada. No dia 11 de junho de 1952, o município de Caçador marcou impressionantes -14°C, conforme dados do Epagri/Ciram.
Esse marco histórico foi documentado por Wilson de Oliveira Quadros, que na época era um técnico rural atuando como observador meteorológico em Caçador.
Wilson, atualmente com 87 anos e morando em São José, recorda com orgulho aquele período de frio intenso, que chegou a congelar os canos de água e causou a morte de animais na região.
Apesar de outras localidades no Brasil também terem registrado temperaturas extremamente baixas ao longo dos anos, como Xanxerê, Valões, São Joaquim e Lages, o recorde de Caçador permanece inquebrável. Xanxerê, por exemplo, registrou -11,6°C em 1945, enquanto São Joaquim marcou -9°C no ano 2000.
Por que o Sul tem a menor temperatura do Brasil?
As ondas de frio severo em Santa Catarina são frequentemente atribuídas à influência de massas de ar polar intensas, um fenômeno climático que pode ser intensificado por eventos como La Niña e El Niño.
A altitude de vários municípios catarinenses contribui para a intensificação dessas condições, consolidando a reputação do estado como um dos mais frios do país.
Assim, após 72 anos, o registro de -14°C em Caçador continua sendo a menor temperatura do Brasil. Por isso, atrai não apenas o interesse meteorológico, mas também aqueles em busca de experiências únicas de clima extremo durante o inverno no Sul do Brasil.
Por que não temos frio?
Apesar da menor temperatura do Brasil, o País não experimenta frio intenso em grande parte de seu território devido à sua localização geográfica predominantemente dentro da zona tropical.
No caso, atravessamos a linha do Equador ao norte e pelo Trópico de Capricórnio ao sul. Isso coloca a maior parte da nossa extensão dentro das zonas tropicais e subtropicais.
Essas áreas são caracterizadas por temperaturas mais elevadas e variações sazonais menos extremas.
Os trópicos recebem uma quantidade maior de radiação solar ao longo do ano, resultando em um clima mais quente e menos propenso a variações extremas de temperatura.
Isso contrasta com regiões mais próximas aos polos, onde a inclinação do eixo da Terra faz com que a radiação solar seja menos direta, resultando em invernos rigorosos e verões mais amenos.
Fica com o Sul mesmo
Por isso, no Brasil, as regiões que experimentam temperaturas mais baixas geralmente estão situadas em altitudes elevadas. Esse é o caso de alguns municípios em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Nessas áreas, a combinação de massas de ar polar vindas do sul e a maior altitude contribui para a ocorrência de temperaturas mais frias durante o inverno.
No entanto, esses eventos são menos frequentes e menos intensos do que em regiões de latitudes médias e altas.
A influência de fenômenos climáticos como La Niña e El Niño também pode afetar as condições meteorológicas no Brasil, potencializando eventos de frio mais severo em algumas ocasiões.
Porém, esses eventos são excepcionais e não representam a norma climática para a maioria do território brasileiro.
No entanto, vale pontuar que as mudanças climáticas estão afetando essa distinção em nosso País. Mesmo com a menor temperatura do Brasil acontecendo há décadas atrás, as previsões não são positivas.
Frio intenso e calor intenso marcam o aquecimento global e já tivemos ondas de verão consideravelmente sérias em 2023. Agora, nos preparamos para novas variações, que prometem ser ainda mais graves.
Por isso, é fundamental se atentar para os fenômenos climáticos e esperar que a menor temperatura do Brasil não se repita.
Fonte: Coluna Financeira.