História

Quem foi Carlos Alberto Brilhante Ustra?

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Neste último domingo (17), todos os olhos do País se voltaram para a votação histórica da Câmara dos Deputados, que decretou a continuidade do processo de impeachment contra presidente Dilma Rousseff. Em meio a tantos discursos inflamados, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) é dos que mais tem causado polêmica. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff’’, gritou o parlamentar após seu voto favorável ao processo.

Pois afinal, quem é Carlos Alberto Brilhante Ustra?

O nome de Ustra era tido com um mais temidos e sombrios durante os anos de chumbo da ditadura no Brasil. Chefe do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974, o coronel era apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares de vítimas do regime militar como responsável por perseguições, tortura e morte de opositores do Golpe de 64. Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador.

Em outubro de 2015, o coronel Ustra, de 83 anos, morreu na UTI do Hospital Santa Helena, em Brasília. Ele sofria de câncer na próstata e fazia quimioterapia, mas a causa da morte foi atribuída á falência múltipla dos órgãos causada por uma pneumonia. Poucos meses antes, em agosto, o Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra Ustra pela morte do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do Doi-Codi, em dezembro de 1972.

Ustra lançou dois livros: Rompendo o silêncio, em que narra sua passagem pelo DOI/CODI, no período de 1970 a 1974, além da Operação Bandeirante (OBAN). Em 2006, lançou o livro A Verdade Sufocada, em que conta sua versão dos fatos que viveu durante a ditadura. O livro possui dez edições publicadas e a soma das tiragens ultrapassaram vinte mil exemplares.

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Em maio de 2013, ele compareceu à sessão da Comissão Nacional da Verdade. Apesar do habeas corpus que lhe permitia ficar em silêncio, Ustra respondeu a algumas perguntas. Na oportunidade, negou que tivesse cometido qualquer crime durante seu período no comando do DOI-Codi paulista. Disse também que recebeu ordens de seus superiores no Exército para fazer o que foi feito, e que suas ações à frente do órgão tinham como objetivo o combate ao terrorismo.

Nesse mesmo depoimento, o coronel afirmou que a presidente Dilma Rousseff participou de “organizações terroristas” para implantar o comunismo no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Segundo Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma “ditadura do proletariado”. “Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o ‘paredon’. Hoje não existiria democracia nesse país. O senhores estariam em um regime comunista tipo [o] de Fidel Castro [ex-presidente de Cuba]”, afirmou Ustra à época.

Ustra era chamado nos porões da ditadura de “Dr. Tibiriçá” e teria causado momentos de extremo pavor. Em alguns casos, até mesmo com prazer. O Dossiê Ditadura, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, relaciona o coronel com 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo. A Arquidiocese de São Paulo, por meio do projeto Brasil Nunca Mais, denunciou mais de 500 casos de tortura a mando de Ustra nas dependências do DOI-Codi.

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