Ao contrário do que se pensa, a Estrela Polar não é uma única estrela, mas sim um conjunto de várias estrelas que ficam na oscilação axial da Terra. Atualmente, a detentora desse título é a Estrela do Norte.
Conhecida também como Polaris, a humanidade possui um vasto conhecimento sobre ela, que tem sido retratada em pinturas ao longo dos séculos, além de ser alvo de fotografias por astrofotógrafos e observações por instrumentos científicos.
Mas agora, pela primeira vez, a estrela foi capturada em alta resolução. A realização foi obra de CHARA Array, localizado no Monte Wilson, na Califórnia (EUA). Os seis telescópios do CHARA trabalham em conjunto, como destacado pelo Space.com.
Os dados luminosos que recebemos são uma combinação que aconteceu em um centro de processamento para criar uma imagem completa e nítida do objeto observado.
Os telescópios trabalham juntos para formar um único instrumento com um diâmetro de 330 m, resultando em uma resolução angular impressionante.
Durante as análises das imagens da estrela Polar capturadas pelo CHARA entre 2016 e 2021, os pesquisadores identificaram características previamente desconhecidas, como pontos visíveis em sua superfície, semelhantes às manchas solares do Sol.
Em um comunicado, Gail Schaefer, diretora do CHARA, mencionou que as imagens obtidas pelo CHARA revelaram grandes pontos brilhantes e escuros na superfície da estrela Polaris, os quais mudaram ao longo do tempo.
Detalhes da Estrela Polar
A descoberta é verdadeiramente surpreendente, especialmente quando consideramos que a estrela em questão não é uma estrela comum; trata-se da Estrela Polar, também conhecida como Polaris, uma variável Cefeida.
Esse tipo de estrela se caracteriza por sua variação periódica de brilho, alternando entre fases mais intensas e mais fracas ao longo de ciclos regulares.
No caso específico de Polaris, o ciclo dura aproximadamente quatro dias, durante os quais seu brilho oscila de maneira previsível.
A identificação e o estudo de Cefeidas são extremamente valiosos para os cientistas, pois essas estrelas desempenham um papel crucial na medição de distâncias cósmicas.
Ao observar as mudanças de brilho durante o ciclo de uma Cefeida, os astrônomos podem determinar com precisão seu brilho real. Assim, permitiria calcular distâncias astronômicas com maior acurácia.
Em contraste, estrelas comuns não são tão confiáveis para essas medições. Elas podem estar a distâncias tão grandes que seu brilho aparente diminiu. Ainda, pode ser muito pequenas ou exibirem uma luminosidade fraca por várias razões, o que compromete a precisão das observações.
Diante disso, as imagens de alta resolução da superfície de Polaris representam um marco significativo, fornecendo o primeiro “vislumbre de como é a superfície de uma variável Cefeida”.
No entanto, essa não foi a única descoberta da equipe; eles também identificaram outros aspectos igualmente fascinantes que merecem destaque.
Como é a Polaris?
A Polaris é aproximadamente 46 vezes maior que o Sol e está localizada a mais de 400 anos-luz de distância da Terra. Ela viaja pelo espaço junto com outras duas estrelas.
Por esse motivo, o objetivo inicial do CHARA era estudar a órbita da estrela que orbita a Estrela do Norte a cada 30 anos.
Essa estrela não está apenas próxima de Polaris, mas também é muito fraca. Sua descoberta ocorreu em 2005 graças ao Telescópio Espacial Hubble.
A pequena distância e a grande diferença de brilho entre as duas estrelas tornam extremamente desafiador resolver o sistema binário durante seu ponto mais próximo de aproximação, afirmou Nancy Evans, líder da equipe no Center for Astrophysics, Harvard & Smithsonian, em um comunicado.
Validação
Assim, o grupo avançou e adicionou novos recursos para auxiliar nas pesquisas, incluindo um interferômetro de speckle do Observatório Apache Point, localizado no Novo México (EUA).
Os pesquisadores puderam validar certas informações sobre a Estrela Polar, como suas dimensões. Isso indicou que ela pode ser aproximadamente cinco vezes mais massiva que o nosso Sol, superando as expectativas dos investigadores.
Essa descoberta é de extrema importância, já que poucas Cefeidas tiveram suas massas determinadas, conforme mencionado por Evans ao ScienceNews.
De acordo com os autores do estudo publicado no The Astrophysical Journal nesta terça-feira (20), a massa combinada com a distância revela que a Cefeida é mais brilhante do que o esperado para essa massa, de acordo com as trilhas evolutivas.
O plano futuro é continuar observando Polaris no futuro. A equipe espera compreender melhor o mecanismo responsável pelas manchas na superfície de Polaris, afirmou John Monnier, professor de astronomia na Universidade de Michigan e coautor do estudo, em comunicado.
Fonte: Olhar Digital
Imagens: AstroPixel, Newsweek