Curiosidades

5 avanços da Medicina com origens obscuras

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O ritmo dos avanços médicos se acelerou em todas as frentes a partir do século XX. Descobertas revolucionárias ocorreram nas áreas de biologia, química, psicologia, farmacologia e tecnologia, muitas vezes de formas convergentes ou sobrepostas.

Um novo entendimento das doenças trouxe novos tratamentos e curas para muitas dessas condições. Contudo, ainda que as epidemias mais mortais tenham sido dominadas—e, no caso da varíola, erradicadas—novas doenças surgiram, como a AIDS.

Odontologia e Tortura

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Você tem consciência de que todo e qualquer medicação vendida nas farmácias já teve que ser experimentada em animais e depois em humanos?

Esse fato você com certeza sabe, mas como foram realizados esses experimentos talvez você nunca tenha ideia ou imaginação suficiente para conjecturar.

Houve uma época, por exemplo, que empresas de doces e dentistas se uniram para desenvolver um experimento envolvendo moradores de um centro psiquiátrico na Suécia. Isso ocorreu em meados dos anos de 1940. Na época, o Serviço Nacional de Odontologia tentava reduzir a proliferação das cáries, e este era um problema sério, visto que ainda ninguém conseguia compreender o que as causavam.

Alguns diziam que era o resultado de mais açúcar na dieta nacional, no entanto, as empresas de doces tinham tanta certeza de que a culpa não era delas, que elas decidiram ajudar no estudo patrocinando o experimento. A dificuldade era encontrar alguém que quisesse servir de cobaia e além de ter que assumir uma dieta rigorosa, deveria deixar seus dentes apodrecerem literalmente.

Como obviamente não houve voluntários dispostos a oferecer sua saúde e seus dentes em nome da Ciência, os pesquisadores recorreram a outro local. Vipeholm era uma casa que hoje nomearíamos como uma clínica psiquiátrica, mas na época era conhecida como uma casa para manter aqueles que eram impossíveis de serem educados e mantidos em sociedade. Até em 1947, o governo sueco tinha feito um estudo sobre aqueles pacientes de Vipeholm para ver de que forma os suplementos de vitamina poderiam afetar a saúde deles.

O Serviço Nacional de Odontologia silenciosamente modificou o estudo feito pelo governo para ver como os dentes dos pacientes responderiam a uma dieta rica em açúcar, especialmente em doces viscosos.

As empresas de confeitaria doaram todos os chocolates e caramelos necessários. O açúcar também foi dissolvido em água e em pães. Todos os pacientes tinham as suas salivas testadas e analisadas a cada quinze minutos. O experimento seguiu por dois anos, até que cerca de cinquenta pacientes tivessem todos os seus dentes estragados. Depois, mudou-se novamente a dieta dos pacientes, e foi incluído alimentos ricos em hidratos de carbono, o que mostrou que a taxa de cavidade nos dentes diminuiu.

Psicologia e a tortura de macacos

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O que é o amor? Esta questão importunou filósofos e pensadores por séculos, mas isso até meados do século XX quando o psicólogo norte-americano Harry Harlow decidiu levar a questão a sério para poder finalmente responder a esta pergunta. Ao invés de perder tempo filosofando ele decidiu usar a ciência como ferramenta e decidiu trabalhar com o tipo de amor mais forte que conhecia, aquele que une mãe e filho.

Então ele começou a realizar experimentos nos laboratórios da Universidade de Wisconsin–Madison, com macacos rhesus bebês e em com suas mães para descobrir a verdadeira natureza do amor. O que poderia ser mais nobre do que isso? Estudar o amor usando animais fofinhos! A não ser que você fizesse as experiências do jeito que Harlow fez.

Basicamente o que Harlow fazia era remover os bebês de suas mães e as substituia por mães falsas de pelúcia ou de arame que lhes dava de comer, ou não, dependendo do grupo de controle a que os bebês pertencessem. Por fim, fazia os bebês escolher entre as mães. (As de arame que lhes dava de comer e as de pelúcia que ofereciam conforto, mas não alimento).

O Dr. Harlow montou entre outras coisas bizarras um “Cavalete do Estupro” em seu laboratório. Cavalete de Estupro era a maneira que ele chamava a máquina que usava para forçar os macacos a se acasalarem. Qualquer outro cientísta poderia chamar o “Cavalete do Estupro” de “Câmara de Estímulo Sexual” ou “A Copuladora” ou qualquer coisa do gênero, mas diferente de muitas pessoas hoje em dia, Harlow não era chegado a usar eufemismos para fazer com que as pessoas que acompanhassem seus estudos se sentissem melhor sobre aquilo que ele fazia.

E isso era um problema, porque ele decidiu logo de cara que a melhor maneira de descobrir qual a verdadeira natureza do amor era torturar bebês macacos. Se você acha que “torturar” é uma palavra muito forte então saiba que ele tinha outros aparelhos com nomes engraçadinhos em seu laboratório, um deles era a “donzela de ferro”.

Uma de suas experiências mais controversas envolvia um dispositivo chamado o “Poço do Desespero”. Nos desenhos animados esse provavelmente seri ao nome do lugar onde Esqueleto enviaria o He-Man para finalmente conquistar o Castelo de Greyskull, mas na vida real esse era o lugar onde um bebê macaco era colocado.

Era uma câmara pequena e isolada e o animal fofinho permanecia preso lá por períodos que chegavam a mais de um ano , sem nenhum contato com nenhuma criatura viva. Sua nutrição era fornecida para que o animal não morresse, mas mesmo suas necessidades eram limpas sem nenhuma forma de contato direto. Como resultado o macaco se tornava uma criatura extremamente perturbada e psicótica que nunca conseguia se recuperar.

A aposta em transplantes

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transplante entre espécies – literalmente transplantar um órgão doado de um animal em um ser humano – pode muito bem ser uma solução para a escassez de órgãos em todo o mundo. E fizemos alguns avanços nesse sentido. A cirurgia de coração, muitas vezes usa válvulas e outros elementos transplantados de corações de porco ou vaca – e quase nenhum dos pacientes se torna um vilão meio-humano de desenho animado.

O problema no caminho de um transplante de órgão completo entre as espécies é que desenvolver e aperfeiçoar o processo exigiria experimentação humana com uma taxa de mortalidade grotescamente alta, e poucos médicos querem ser lembrados como a pessoa que matou 80 pacientes durante a tentativa de lhes dar rins de macaco.

No entanto, Keith Reemtsma não dava a mínima para colocar a vida das pessoas em perigo pelo bem da ciência. Ele era um cirurgião de transplantes enormemente talentoso que também pode ter sido louco, e em 1963 acabou gerenciando o atendimento de 13 pacientes terminais que precisavam de doações de rins. Infelizmente, rins viáveis eram extremamente escassos e a diálise ainda não tinha sido inventada. Além disso, com a mais fina das ironias, Reemtsma dizia não se sentir confortável em realizar transplantes de rins humanos vivos, devido a “razões éticas, científicas e legais”. Esta é outra maneira de dizer que ele não poderia ter dado a esses pacientes rins humanos, mesmo que tivesse órgãos sobrando.

Então o médico fez o que qualquer homem razoável de ciência teria feito: pegou um monte de rins de chimpanzés e os implantou nos pacientes. Se você está se perguntando onde ele conseguiu tantos rins de chimpanzés em curto prazo, a resposta são programas espaciais e circos – e não, isso não é uma piada. Parece que macacos que deixaram de ser úteis como artistas ou astronautas podem ser executados com um telefonema.

A cirurgia foi uma tragédia quase imediata para a maioria dos pacientes, os quais morreram dentro de semanas após receber os órgãos dos nossos colegas primatas, devido a infecções de seus corpos rejeitando o tecido alheio. Mas um professor de 23 anos sobreviveu durante nove meses depois do transplante, antes de morrer de um desequilíbrio eletrólito catastrófico (o Gatorade ainda não tinha sido inventado).

Embora ninguém tenha vivido uma vida longa e gratificante depois de ter órgãos de chimpanzés enfiados em seus corpos, o experimento de Reemtsma conseguiu provar que transplantes interespécies eram possíveis uma vez que a tecnologia médica alcançasse a ideia. Se um dia chegarmos a andar por aí com olhos de avestruz e fígados de crocodilo, podemos agradecer ao Dr. Reemtsma por ser corajoso o suficiente para sugerir roubar vísceras de animais.

Ginecologia e escravos

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J. Marion Sims é chamado de “pai” da ginecologia moderna. Ele obteve essa fama por ser responsável por descobertas sobre a saúde feminina. Entretanto, essas descobertas foram conquistadas através de experiências com mulheres escravizadas no Alabama. Mulheres negras foram utilizadas como cobaias em experimentos brutais.

O médico manteve sete mulheres negras em cativeiro durante quatro anos. Nesse período elas foram expostas a experiências que as traumatizariam por toda a vida. O médico acreditava que os africanos eram insensíveis a dor e realizava operações cirúrgicas nas mulheres sem uso de anestesia ou condições anti-sépticas adequadas. Os procedimentos experimentais como histerectomia, laqueadura tubária eram feitos nessas condições insalubres. As negras escravizadas ainda seriam testada para avaliação a reação de algumas doenças.

J. Marion Sims exerceu com ampla liberdade suas experiências em seus cativos. Ele não foi incomodado por nenhuma autoridade, pois pela ótica racista estava apenas fazendo testes em ”propriedades” e não em humanos com direitos. J. Marion Sims tomou sobre sua custódia algumas crianças que serviram também como cobaias com uso de métodos cruéis. Ele não era um caso isolado, muitos outros médicos também se aproveitaram de humanos como cobaias para testes terríveis.

Vacina da gripe e doente mentais

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A descoberta das vacinas é um dos avanços médicos mais importantes da história da humanidade. A teoria das vacinas foi desenvolvida pelos pesquisadores Jonas Salk (foto acima) e Thomas Francis Jr.

Salk confiava tanto que a vacinação seria eficaz que testou a técnica em si mesmo, na sua esposa e nos seus três filhos (“confiança” e “falta de escrúpulos” muitas vezes se sobrepõem nas páginas da história médica). Mas a arrogância do cientista não terminou aí. Durante seu trabalho na vacinação contra a gripe comum, Salk e Francis precisavam de estudos de caso para provar que a vacina da gripe era eficaz, mas encontraram dificuldades em achar voluntários dispostos a ter uma agulha cheia de mistério científico sendo injetada em suas veias.

Assim, os pesquisadores foram atrás de um grupo de pessoas que não podiam dizer não, legal e literalmente – doentes mentais (nossos amigos suecos não estavam sozinhos). A partir de 1942, Salk e seu parceiro começaram a administrar vacinas contra a gripe em pacientes mentais de um sanatório de Michigan. E, em seguida, para provar que elas funcionavam, deliberadamente infectaram estes pacientes com a gripe para mostrar como milagrosamente não eram afetados. Eles faziam isso obrigando os pacientes a inalar um fluido cheio de vírus.

Devemos lembrar que a gripe mata mais de dezenas de milhares de pessoas por ano, então a contribuição foi importante, apesar de toda a questão do “usar seres humanos como cobaias relutantes”. No entanto, a campanha influenciou as pessoas em favor da vacinação e, em matéria de história e ciência médica, Salk e Francis têm reputações esterlinas, exceto por uma vez que decidiram ser supervilões.

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