Antes de mais nada, só existe uma espécie, uma raça: a humana. Ser branco, negro, índio, japonês, esquimó, albino ou judeu, entre tantos outros, é somente uma questão étnica – ou seja, é muito mais baseada em cultura e geografia do que em questões físicas, como cor da pele ou cabelo. Apesar disso, “ciências” como a craniologia ficaram famosas na História por já terem sido consideradas verídicas, uma artimanha política que na verdade usava da ciência para validar os abusos sociais cometidos sobre pessoas de culturas diferentes e escravizá-las.
O europeu, mais do ninguém, trouxe morte e restringiu a liberdade dos habitantes das terras que invadiu, mas, no discurso do dominador, essa é a seleção natural. Como bem sabemos, o planeta Terra está em colapso e, mais do que nunca, o preconceito e insatisfação levam as pessoas à depressão e suicídio, colocando em questão se a “civilização” trazida pelo homem branco e pela urbanização séculos atrás sequer foi uma melhoria para a humanidade.
De Lineu, um dos maiores nome da biologia e botânica, o livro foi o primeiro a trazer a catalogação moderna de classe, ordem, família, gênero e espécie. Entretanto, dividiu também em espécies os humanos – americanus, europeanus, asiaticus e africanus. Como sempre, os europeus ganharam descrições favoráveis, enquanto os africanos não. Esse estudo foi um dos primeiros a dar bases “científicas” para a discriminação.
Nesse clássico livro, por muito tempo considerado preciso, Samuel Morton usou seus estudos de crânios para determinar que negros tinham um cérebro “propenso à obediência, passividade e pouca inteligência”, o que fez sucesso entre os usuários de escravos da época. Por sorte, hoje a craniologia é entendida como uma “ciência” ridícula e preconceituosa.
De um primo de Darwin, chamado Francis Galton, que era matemático. Como um homem da razão, levou a genética e hereditariedade ao pé da letra: para gerar filhos inteligentes, era preciso se casar com as mulheres e homens mais inteligentes. Até aí tudo bem, o problema foi a caracterização dos europeus como os mais inteligentes do mundo, e, portanto, os melhores para “acasalar”…
De acordo com Richard Herrnstein e Charles Murray, os negros são pobres não pelo seu passado histórico ou por injustiças sociais, e sim por terem um QI menor que o das outras “espécies”. Nessa falácia, consta a informação: “se pessoas de sucesso são inteligentes, o que isso quer dizer a respeito das pobres?”, o que além de racista é materialista.
Se você acha que todos esses estudos são coisa do passado e que a humanidade finalmente criou bom senso e entendeu que somos todos da mesma espécie, está muito enganado. Ainda longe de estarmos livres de estereótipos étnicos e culturais, estudos como esse afirmam que africanos são pobres por serem impulsivos, um reflexo de sua cultura tribal.
Foi o que Nicholas Wade, jornalista britânico, afirmou, ao dizer que uma prova disso é a “seleção natural vencida pelo Velho Continente”. Faltou o detalhe de que hoje grande parte da população de grandes metrópoles, como Londres, Paris e Berlim, é negra.