O Universo Marvel dos cinemas (Marvel Cinematic Universe, ou MCU) é um sucesso inegável de bilheteria ao redor do mundo inteiro. Desde que deu os primeiros passos com Homem de Ferro, em 2008, o estúdio que saiu das páginas dos quadrinhos conquista cada vez mais fãs e se prova como fenômeno das salas de cinema.
Não dá pra dizer que os filmes realmente não são bons e completamente empolgantes. Para ser honesto, eu mesmo não perco uma pré-estreia dessas produções e estava aos berros durante a apresentação do novo trailer de Guardiões da Galáxia Vol.2 pelo próprio diretor James Gunn durante painel na Comic Con Experience 2016. Porém, mesmo amando o conteúdo e admirando todas as suas qualidades, não dá pra dizer que os filmes são perfeitos e é preciso reconhecer que muita coisa poderia ser diferente.
Sendo assim, aqui estão alguns dos problemas que mostram que as produções do MCU não são tudo isso que a gente ouve por aí.
Os filmes do MCU seguem uma fórmula de hype e repetição vista em praticamente todos os filmes de heróis. Quem vai ao cinema, sabe que vai ver cerca de duas horas de discussões, explosões, batalhas, referências exclusivas e piadas nerds por todos os lados. Não são apenas as aparições de Stan Lee que deixam o público com uma sensação de já ter visto aquilo antes num filme, mas todo o clima.
Além disso, a estratégia de conectar todos os filmes pode ser genial por um ponto de vista de marketing, mas para membros da audiência que não são verdadeiros fãs do gênero, pode ser cansativo e entediante. Ao invés de assistir a um filme com todos os elementos dentro da história, o espectador se depara com uma trama que funciona como uma propaganda para os próximos filmes da Marvel.
Às vezes, a melhor coisa de um filme de herói são as piadas de auto-referência; mas às vezes as piores coisas também são. As referências ao próprio universo em um filme podem ajudar o público a mergulhar num mundo diferente do céu, preencher furos ou criar distrações no roteiro. Quando se faz filmes de super herói, no entanto, não é necessário provar nada para os fãs, que já irão aos cinemas de qualquer forma. Às vezes, os roteiristas se concentram tanto nas piadas para suavizar o ritmo do filme que esquecem de dar detalhes importantes da história.
Você provavelmente não vai ver cenas de nudez ou diálogos com xingamentos em filmes de super heróis. A violência, porém, estará por todo lado, podendo ser gratuita em vários momentos. É claro que quando se coloca heróis e vilões superpoderosos na tela, o público realmente espera ver lutas, batalhas e violência a todo momento, mas os efeitos delas nem sempre são sentidos com tanta força. Tirando reações dos próprios heróis – com exceção do acidente em Guerra Civil –, é difícil se aproximar das situações de violência que afetam cidades e ambientes civis nas histórias, mantendo o espectador bem distante das situações do filme. A decisão de manter o sofrimento de fora, é só mais uma dentre outras mudanças que alteram cenas brutais dos quadrinhos do Marvel.
Frequentemente a Marvel é admirada por ter um verdadeiro plano organizado para seus filmes. De fato, graças a isso, eles conseguiram em apenas oito anos fazer uma franquia bilionária com sucessos de bilheteria em todo o mundo. Não que isso seja um problema, mas vez ou outra seria maravilhoso poder ver uma história da Marvel sem se preocupar com onde e quando ela se encaixa nesse plano mirabolante para o universo. Por conta de tanto planejamento, por exemplo, as cenas pós-créditos que funcionavam como easter eggs e surpresas, agora são praticamente obrigatórias para quem quer captar as conexões do mundo dos heróis no cinema.
Calma, nós não vamos criticar os atores que deram vidas a nossos heróis. Na verdade, seus trabalhos são parte fundamental no sucesso dos filmes e da franquia Marvel nos cinemas, o que pode ser um problema. Enquanto o tempo avança entre os filmes, Homem de Ferro, Thor e Capitão América estão fazendo atividades que não vemos em todas as produções. Os atores até poderiam fazer uma ou outra participação ali para que a gente tivesse essa noção, mas com contratos astronômicos, ninguém quer investir esse dinheiro para participações menos relevantes. Pior ainda, é extremamente difícil imaginar Tony Stark sem Robert Downey Jr, Capitão América sem Steve Rogers ou Thor sem Chris Hemswort, só para citar alguns. Quanto mais cara a celebridade, mais difícil sua aparição em outros filmes da franquia ou sequências após o fim dos contratos deles.
Na maior parte de suas histórias, os vilões da Marvel são esquecíveis, dispensáveis e com planos genéricos. Além de carregarem origens extremamente semelhantes a dos heróis que contrapõem, em várias situações são ameaças justamente por situações criadas pelos próprios heróis, como é o caso de Whiplash, Ultron e Zemo, por exemplo. Você poderia dizer que a ameaça de Thanos está por trás de tudo isso, mas até hoje, o vilão serve apenas como pano de fundo e não deve aparecer nos cinemas até 2018.
Apesar de vilões sem grandes impactos, a Hydra aparece como forte antagonista em Capitão América: Soldado Invernal. Porém, a trama envolvendo a agência teve seu início apresentado no filme e sua conclusão um pouco mais tarde, em Vingadores: Era de Ultron, numa cena rápida. Entre os acontecimentos do filme, muita coisa aconteceu, mas ninguém ficou sabendo nos cinemas. Toda a trama se desenvolveu no seriado Agents of S.H.I.E.L.D., que tem bem menos audiência e espaço do que os sucessos de bilheteria das telas grandes. É como se as melhores partes de um ótimo livro fossem distribuídas em folhetos no trânsito.
Concorda com essas afirmações? O que mais os filmes de ruins ou bons? Continue a discussão nos comentários e passe pare seus amigos para manter o debate vivo enquanto a espera pelos novos filmes continua.