O fim de Game of Thrones no primeiro semestre desse ano deixou um vazio não só na grade de programação da HBO, como também entre os fãs do gênero fantasia medieval. Desde então, diversas produtoras tem investido em séries capazes de preencher a lacuna deixada pela produção de D&D. Enquanto Senhor dos Anéis ainda está em desenvolvimento e o prelúdio de GOT tenta resolver seus próprios conflitos, The Witcher estreou carregando o peso das expectativas da audiência. Embora tenha agradado o público, a narrativa de Geralt, Ciri e Yennefer não se saiu bem diante da crítica especializada. Partindo dessa premissa, resolvemos listar alguns pontos positivos e negativos da produção. Você pode conferi-los logo abaixo.
8 – Efeitos especiais (negativo)
The Witcher se passa em um universo repleto de magia e criaturas fantásticas. Logo, é de se esperar que os efeitos especiais desempenhem uma função crucial na produção. Bom, pelo menos eles tentaram. Grande parte da computação gráfica é usada com desmazelo. Assim, até mesmo quando o CGI finalmente se mostra satisfatório, algum outro recurso atrapalha a imersão na fantasia. Por exemplo, podemos citar o Silvano extremamente artificial; o Dragão Dourado que, apesar de bem elaborado, tem o visual ofuscado pela comunicação telepática e, por fim, a peruca de Henry Cavill que parece ter sido comprada em uma Loja de 1,99. Talvez o único grande acerto de CGI da série tenha sido a forma como retrataram os portais de teleporte dos magos. No mais, na maior parte do tempo, os recursos visuais não foram suficientes para ajudar o espectador a imergir naquele universo.
7 – Variedade de elementos fantásticos (positivo)
O Continente, nome pelo qual a ambientação de The Witcher é conhecida, transborda magia. Como bem pontuado por Lucy Mangan, do The Guardian “uma vibração Tolkianesca enche o ar; elfos, e anões são espalhados sem economia e todo personagem tem vinte por cento de muitas vogais ou poucas consoantes em seu nome”. Em suma, a atmosfera dessa produção é repleta por djinns, kikimoras, silvanos, strigas e dragões, ou seja, um prato cheio para os entusiastas de fantasia medieval. O único problema é que, como citamos acima, a deficiência dos efeitos especiais não consegue acompanhar esses extraordinários seres. Ademais, o roteiro também ocasiona o distanciamento da audiência do completo potencial desses elementos.
6 – Cronologia (negativo)
A cronologia de The Witcher à primeira vista parece um recurso interessante. Afinal, quando você se dá conta de que a história está acontecendo em linhas do tempo diferentes o roteiro adquire até certa credibilidade. Contudo, exatamente pela falta de qualidade do script, não temos espaço para entender o porquê de certas coisas estarem acontecendo. Sendo assim, todos os eventos dessa primeira temporada foram apresentados de forma rápida e rasa. Em suma, enquanto os arcos de Geralt e Yennefer precedem a queda de Cintra, a história de Ciri se passa no presente. Talvez fosse algo previsível para aqueles que já são familiares com a história, porém falhou com o resto da audiência. Assim, o excessivo uso de passagens no tempo no decorrer da temporada não cumpre nenhum objetivo além de causar confusão.
5 – Cenas de ação (positivo)
Muito antes da série ser lançada, as críticas já elogiavam a excelência das cenas de luta em The Witcher. Felizmente, essa foi uma das únicas características da série que não deixou a desejar. Aliás, apesar de não ter uma atuação cativante, Cavill consegue imergir no estilo de luta do mutante. Além disso, as coreografias tem sucesso em destacá-lo como muito mais habilidoso do que os demais. Assim, Geralt realmente parece fisicamente mais habilidoso que os outros personagens. Segundo Arthur Eloi, do Omelete, a série conseguiu, com sucesso, suprir a falta de qualidade das cenas de luta nos livros. “Na TV a briga ganha atenção extra já que Cavill (que fez as próprias cenas) e a equipe criam um estilo próprio pro bruxo, que combina violência de precisão cirúrgica com movimentação quase artística”, afirmou Eloi.
4 – Roteiro (negativo)
Embora alguns reviews, como o do IGN, tenham elogiado a objetividade da narrativa em comparação à obra original, acreditamos que a simplicidade do roteiro é a maior deficiência da série. Veja bem, não existe nenhum diálogo denso e são raros os momentos que geram reflexão. Muitas situações que tinham potencial para render excelentes cenas foram tratadas de maneira rasa e desinteressante, como por exemplo o encontro de Geralt e Ciri. Segundo a crítica de Brian Lowry, do CNN, “alguém poderia pensar que um programa cheio de sangue, intrigas da realeza, orgias ocasionais e personagens fantásticos como elgos e gnomos teria os ingredientes necessários para despertar seu interesse”. Pois bem, assim como Lowry nos pegamos alheios à extrema previsibilidade de The Witcher. Assim como foi apontado por muitos reviews, se o roteiro fosse bem elaborado, seria bem mais fácil relevar outros problemas, como a pobreza de efeitos especiais.
3 – Representatividade feminina (positivo)
Diante de todas as irregularidades técnicas, pelo menos não podemos reclamar da falta de destaque feminino na série. Na verdade, Anya Chalotra e MyAnna Buring, respectivamente, Yennefer e Tissaia, são as duas personagens que carregam toda a complexidade da narrativa. Além disso, a rainha Calanthe também pareceu ter potencial para oferecer muito mais do que aquilo que vimos nas telas. Até mesmo a participação de Renfri, embora curta, mostrou mais complexidade que o próprio arco de Geralt. Contraditoriamente, apesar do destaque, a história de Ciri não compartilha dessas qualidades, chegando a se tornar meio maçante. Por fim, vale ressaltar que grande parte desse mérito é de Lauren Hissrich. Além de showrunner, Hissrich é roteirista-chefe da produção e perceptivelmente deu mais notabilidade para essas personagens do que é mostrado nos livros.
2 – Henry Cavill como Geralt de Rivia (negativo)
Embora o carisma de Henry Cavill o torne querido por muitos fãs, seu desempenho como Geral de Rivia só serviu para comprovar que existiam atores melhores para desempenhar o papel. Apesar de realizar as cenas de ação com maestria, Cavill deixa a desejar em todos os outros quesitos. Talvez o maior incomodo na performance de Cavill seja seu perceptível esforço para imergir no personagem. Vale ressaltar que, assim como todos os tópicos dessa lista, isso é consequência do roteiro. Além da atuação de Cavill, o arco do próprio Geralt é pouco atrativo.
1 – Anya Chalotra como Yennefer de Vengerberg (positivo)
O único consenso diante de todas as avaliações de The Witcher, sejam elas positivas ou negativas, é que Anya Chalotra foi o grande destaque dessa temporada. Embora a escalação da atriz tenha sido recebida com controvérsia entre os fãs da série de jogos, ela se mostrou a única entre os três protagonistas capaz de entregar uma performance complexa e emocionante. Juntamente com a ajuda do roteiro, a atuação de Chalotra revelou um potencial desconhecido em Yennefer. Em muitas cenas que deixaram a desejar, a feiticeira conseguiu, como num passe de mágica, despertar o encanto do espectador.
E então, assistiu The Witcher? O que achou da série? Concorda com nossas pontuações? Compartilhe sua opinião com a gente.