Curiosidades

A visão da Ciência sobre o que sentimos no instante da morte

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As pessoas costumam ficar entorpecidas no último estado da vida, quando a morte se aproxima. Por isso, muitos imaginam que a experiência seja um desaparecimento sonolento e inconsciente da vida.

Mas algumas pesquisas apontam que não é bem isso que acontece.

Em 2013, cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mediram em laboratório a atividade cerebral de camundongos moribundos. Depois que os camundongos sofreram parada cardíaca, seus cérebros apresentaram um aumento na atividade global, com níveis de ondas gama baixas que eram mais sincronizadas em todo o cérebro em comparação aos estados normais de vigília.

Esse tipo de atividade cerebral já foi associado à percepção consciente das pessoas em estudos anteriores.

Em resumo, esse experimento mostra que os camundongos podem ter tido algum tipo de experiência enquanto estavam entre a morte clínica e a morte cerebral completa.

Surpresas

Foto: Stephen Andrews/Unsplash

Os seres humanos têm cérebros maiores e mais complexos do que os de camundongos. No entanto, um experimento feito no Imperial College London, no Reino Unido, em 2018, trouxe informações sobre como pode ser a morte em humanos.

Os cientistas queriam investigar as similaridades entre dois fenômenos diferentes. Um deles são as experiências de quase morte (EQM), as alucinações experimentadas presentes em aproximadamente 20% das pessoas ressuscitadas após a morte clínica. O segundo fenômeno são as alucinações provocadas DMT, uma droga psicodélica que gera diversos efeitos subjetivos nas funções do cérebro humano, incluindo percepção, afeto e cognição.

Os participantes do estudo receberam doses de DMT e, após voltarem à realidade, foi pedido que descrevessem suas experiências utilizando uma lista de verificação que costuma ser usada para avaliar experiências de quase morte. 

Os cientistas ficaram surpresos ao ver uma quantidade incrível de pontos em comum. As experiências com EQM e DMT incluíram sensações como “transcendência de tempo e espaço” e “unidade com objetos e pessoas próximas”.

A experiência da quase morte foi parecida com a de um poderoso alucinógeno.

Um final psicodélico?

Fonte: Superinteressante

De acordo com Chris Timmermann, líder na pesquisa conduzida no Imperial College London, “a principal lição da pesquisa é que podemos encontrar a morte na vida e nas experiências de vida”.

“O que sabemos agora é que parece haver um aumento na atividade elétrica [cerebral]. Essas ondas gama parecem ser muito pronunciadas e podem ser responsáveis ​​por experiências de quase morte”, disse ele à BBC.

Ele explica que existem regiões específicas no cérebro que lidam com memória, sono e até aprendizado, que também podem estar relacionadas a essas experiências. “De certa forma, nossos cérebros estão simulando uma forma de realidade.”

Somente 20% das pessoas que foram declaradas clinicamente mortas e depois sobreviveram relatam EQMs. Um dos questionamentos é se todos a vivenciaram e poucos se lembram delas ou se essas experiências são raras.

“É grande a possibilidade de que haja falta de memória devido a diferentes motivos. Em nossa experiência com o DMT psicodélico, vimos que, quando damos altas doses, há uma parte da experiência que também é esquecida”, explicou Timmermann.

“O que eu acho que acontece é que a experiência é tão nova que é difícil de descrever. Quando uma experiência transcende a capacidade de descrevê-la com linguagem, temos dificuldade em lembrá-la. Mas também pode ser que algumas pessoas simplesmente não as experimentem.”

O cientista também explica que o avanço das técnicas de imagem cerebral pode ajudar a compreender os mecanismos cerebrais que sustentam essas experiências extraordinárias e incomuns.

A Ciência da morte

Foto: Getty Images/ BBC

A Ciência da morte ainda é bastante desconhecida, mas o que já sabemos dá motivos para otimismo. Por exemplo, sabe-se que as pessoas que tiveram experiências de quase morte frequentemente relatam sentimentos de calma e serenidade, com diminuição. 

Também é comprovado que as EQMs são predominantemente descritas como sem dor, o que significa que a consciência aumentada que podemos experimentar depois da morte pode ser indolor.

A pesquisa também aponta que as pessoas costumam perder os sentidos em uma ordem específica. Primeiro, fome e sede, depois fala e visão. Já a audição e o toque parecem durar mais, o que significa que as pessoas podem ouvir e sentir os entes queridos em seus momentos finais, mesmo que já estejam inconscientes.

Além disso, um scan cerebral recente de um paciente com epilepsia à beira da morte mostrou atividade relacionada à memória e aos sonhos, o que levantou questionamentos sobre a veracidade da frase “você vê a vida passar diante de seus olhos”.

Por fim, sabemos que a experiência da morte pode envolver uma consciência elevada, possivelmente alucinatória. 

Fonte: BBC

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