Curiosidades

A mulher que deu a volta ao mundo a pé

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Angela Maxwell ouve a pergunta “por quê?” com uma frequência maior que muitas das pessoas. Isso porque ela escolheu dar a volta ao mundo a pé. Porém, até pouco tempo, a estadunidense tinha dificuldade para apontar o motivo exato que a fez deixar tudo para trás para buscar seu sonho.

Ainda assim, ela acredita que é uma pergunta que vale responder. Afinal, poucas pessoas se atreveriam a enfrentar o desafio de dar uma volta ao mundo a pé e sozinha. Assim, Maxwell não havia sonhado com isso desde pequena. A verdade é que ela partiu nessa aventura nove meses depois de ter ouvido uma conversa em seu curso de arte sobre um homem que supostamente teria dado a volta ao mundo a pé.

Embora o normal seja encarar um desafio assim após um momento de perda, derrota ou crise pessoal, não foi o caso de Maxwell. Isso porque, quando ela decidiu dar a volta ao mundo, ela estava na casa dos 30 anos, tinha um negócio de sucesso e estava em um relacionamento.

“Achava que estava feliz”, diz ela, “mas fazendo uma retrospectiva, percebi que estava à procura de algo mais… de uma conexão mais profunda com a natureza e as pessoas — vivendo com menos e me conectando com o mundo ao meu redor.”

Por que

Angela Maxwell

Maxwell explica que fazer o percurso a pé significaria minimizar sua pegada de carbono. Já o ritmo lento fornecia a possibilidade de mergulhar totalmente na natureza, conhecer pessoas e entender as culturas de uma forma só possível para andarilhos.

Assim sendo, enquanto ela se preparava para a caminhada, Maxwell descobriu um universo de mulheres exploradoras como ela. Ela se apaixonou pela escrita e pelo estilo “slow travel” de Robyn Davidson, que atravessou a Austrália em um camelo. Além disso, ela aprendeu sobre a andarilha Ffyona Campbell e leu sobre Rosie Swale-Pope. A última viajou de carona da Europa ao Nepal, deu a volta ao mundo velejando, cruzou o Chile a cavalo e, aos 59 anos, começou a dar a volta ao mundo correndo.

“Eu li os livros delas na esperança de encontrar incentivo — e encontrei —, ao aprender sobre seus desafios e dificuldades, assim como seus triunfos”, conta Maxwell. “A história de cada mulher era muito diferente e isso me deu a confiança para tentar minha caminhada.”

Então, quando ela finalmente decidiu que era hora de partir, ela vendeu todos seus pertences e organizou o equipamento necessário. Ela encheu um carrinho de mão com 50 quilos de equipamento para acampar, comida desidratada, filtro de água de padrão militar e roupas para as quatro estações do ano.

No dia 2 de maio de 2014, Maxwell deixou Bend, sua cidade natal no Oregon e partiu para dar a volta ao mundo a pé.

Ambição, teimosia e paixão

Angela Maxwell

Angela Maxwell

“Quando falei com Maxwell pela primeira vez em junho de 2018, ela já estava viajando havia quase quatro anos. Tinha caminhado mais de 20 mil quilômetros por 12 países em três continentes”, disse Florian Sturm, da BBC Travel.

“Curioso, perguntei a ela que tipo de pessoa é preciso ser para dar a volta ao mundo andando. Ela brincou: ‘Teimosa’.”

“É provavelmente uma combinação de ambição, um pouco de teimosia e uma pitada de paixão — não pela caminhada como um esporte, mas como autoconhecimento e aventura”, acrescentou a mulher.

“Maxwell sofreu queimaduras do sol e insolação no deserto australiano e pegou dengue no Vietnã; foi atacada e estuprada por um nômade que invadiu sua tenda na Mongólia; ouviu tiros ao acampar na Turquia; e aprendeu a dormir com um olho e um ouvido bem abertos, para não ficar à mercê da vulnerabilidade do sono profundo”, relatou Florian.

“Mesmo assim”, diz Maxwell, “não comecei a andar porque era destemida — mas, sim, porque estava apavorada. Tinha mais medo de não seguir meu coração do que de perder tudo o que possuía e amava.” O trauma do abuso sexual foi um momento decisivo em sua jornada. Isso porque ela resolveu continuar caminhado, contando com o apoio de outras mulheres.

“Estava decidida a não deixar que aquilo me obrigasse a desistir do meu sonho e a voltar para casa. Tinha deixado todo o meu mundo para trás, não tinha nada para voltar e compreendia os riscos inerentes à minha jornada.” Ela queria descobrir o quanto seu corpo e sua mente poderiam ser fortes, mesmo diante da violência. “Desistir nunca foi uma opção”, diz ela.

Ao dar uma volta ao mundo a pé, Maxwell conheceu diversas culturas e todo tipo de pessoa. Ela também aprendeu a importância de contribuir, tendo cortado lenha na Nova Zelândia e distribuído comida para a população de rua na Itália. Na Sardenha, ela ajudou um fazendeiro italiano a reformar sua casa.

Então, em 16 de dezembro de 2020, sua jornada chegou ao fim – exatamente onde começou. “Andar me ensinou que tudo e todos têm uma história para compartilhar, só temos que estar dispostos a ouvir”, observa. Além disso, ela aprendeu o valor de desacelerar, prestar mais atenção e a dar mais do que recebemos.

Fonte: BBC

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