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Afinal, o que é o Déjà vu?

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Quem nunca se sentiu onisciente, prevendo algo logo antes que acontecesse ou se flagrando num momento-chave em que o tempo para e você sente que está concretizando algo pré-determinado pelo destino? Essa sensação foi a razão de muita gente acreditar (inclusive, até hoje) em coisas como visões do futuro e outras formas de predestinação, mas você sabia que na verdade são um “bug” do cérebro?

A expressão, em si, vem do francês é quer dizer “já visto”. De acordo com estudos realizados nos EUA e Europa, 2/3 da população humana já teve um ou mais episódios da sensação. Entretanto, como medir um déjà vu, se é impossível prevê-los? Sem conseguir responder a essa pergunta, a ciência ainda tem o tema como algo intangível.

Entretanto, a chance fica mais fácil com pessoas mais “sensíveis”. É o caso de Morton Leeds, que foi estudado nos anos 40 (é, a curiosidade não é dos dias de hoje) e tinha episódios a cada 2 ou 3 dias. Então Leeds passou a registrar, com precisão científica, quais eram as causas e exatamente o que sentia, num diário. Por exemplo:

31/01/1942, 12h25 am

“Foi extremamente intenso. Um dos mais completos que já tive. Parei em frente a uma loja, e a coisa cresceu e cresceu. Enquanto isso, a sensação de que eu poderia prever a cena seguinte ficava maior. Foi tão forte que tive náuseas.”

Esse e outros relatos levaram os pesquisadores a concluir que déjà vus acontecem em momentos de estresse, o que foi confirmado pelas respostas de outros participantes do estudo. Também foi notado que os mais jovens e com maior número de viagens tendiam a ter mais visões, apesar de não saberem a razão para tal.

Psiquiatria

método mnemonico para estudar os lobos cerebrais

Entretanto, com o avanço das pesquisas, o psiquiatra Chris Moulin conheceu pessoas com casos ainda mais intensos que o de Leeds, que viviam em um déjà vu eterno. Um de seus pacientes achava que qualquer coisa que aparecia nos jornais era previsível, e outro desistiu de jogar tênis porque sabia como terminariam todas as partidas.

Graças a esses casos, equipes médicas descobriram que a razão para a sensação é um atrofiamento no lobo temporal, que fica atrás das orelhas e é responsável pela…gravação de memórias! Agora tudo fez sentido, não é mesmo?

O que acontece é que, nesses cérebros, assim que as informações são gravadas, são também acessadas no banco de memórias, o que causa a sensação de algo novo já “estar lá antes”.

Psicologia

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Em duas universidades dos EUA, dois psicólogos conduziram um experimento, em 2004. Consistia em colocar alunos para ver fotos do campus das duas diferentes instituições, e pediram para que encontrassem pequenas cruzes escondidas nas fotos, sem prestar atenção ao fundo. Uma semana depois, chamaram os alunos de volta e mostraram as mesmas imagens, perguntando aos alunos se já haviam estado nos locais (no caso, as duas diferentes universidades). Como era de se esperar, vários alunos afirmaram já ter estado nos locais sem jamais ter pisado lá.

A explicação é que, ao ver a imagem sem notá-la, o cérebro realiza a gravação, mas você não sabe disso a nível consciente. Assim, o déjà vu seria um acesso de memórias que não sabemos que temos. Por exemplo: todos os dias você pega o ônibus, mas nunca reparou em onde fica o dispositivo para saída de emergência. Numa situação de stress, pode ser que “magicamente” você descubra, porque na verdade a informação sempre esteve na sua mente.

Genética

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Estudando a relação entre fragmentos de memória e sua capacidade de desencadeamento – por exemplo, você cheira uma flor ou toma um determinado tipo de sorvete que o leva diretamente para a sua infância – o cientista Susumu Tonegawa, do MIT, descobriu uma região específica de atividade no cérebro.

O local é o giro dentado, que fica no lobo temporal (de novo ele). Para testar a teoria, Tonegawa estudou a área com um rato modificado geneticamente, que tinha o tal giro dentado deficiente. Numa caixa com fundo metálico, de onde partiam choques, foram colocados o rato modificado e um normal. Depois, transferidos para outra caixa com igual aparência mas sem choques, ambos ficaram inicialmente paralisados.

Depois de alguns segundos, entretanto, o rato normal percebeu que os choques não estavam mais acontecendo, mas o modificado continuou paralisado e sofrendo, como se ainda estivesse levando os choques. No caso, ele não conseguia discernir memória de realidade, o que o colocava em um estado de déjà vu eterno.

Esse transtorno combina com a explicação psiquiátrica, e também explica porque jovens viajantes são mais propensos ao déjà vu: já que vêem vários lugares diferentes, sem estabelecerem-se, o cérebro tende a criar ligações entre memórias e lugares novos para facilitar o entendimento, o que todos nós passamos ao entrar num shopping ou estacionamento e ficarmos perdidos justamente por acharmos que conhecemos o lugar.

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O que quer dizer o “-feira” que acompanha os nomes dos dias da semana?

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