Pode-se dizer que uma das certezas da vida é que, logo que o final do ano se aproxima, os convites para participar do famigerado amigo secreto e as mais variadas confraternizações já começam a aparecer. Dessa forma, a certeza dessas tradições é de que as compras aumentam mais do que nunca.
Mas, o que as compras de fim de ano tem a ver com o mundo? Isso é o que muita gente deixa de lado e não relaciona. No entanto, existe sim uma conexão entre as mudanças climáticas e as compras de fim de ano.
Segundo estudos recentes, ao longo do ciclo de vida de um produto, que vai desde a sua extração da matéria-prima até sua fabricação, distribuição e descarte, as emissões totais de carbono são 6,3 vezes o peso do produto. Decorre disso que a parte mais responsável por essa emissão é a que o consumidor não vê. Ou seja, a fabricação e a distribuição desses produtos.
No decorrer da história, a relação dos humanos com o consumo mudou em um piscar de olhos. Por isso que, atualmente, as compras desenfreadas ajudaram a impulsionar uma mudança que afeta todas as pessoas.
Compras
Desde que a Revolução Industrial introduziu a produção em massa, as empresas dedicaram muito tempo e dinheiro para que se educasse as pessoas a respeito do valor das quantidades cada vez maiores de produtos à venda. Nesse sentido, foi dito às pessoas o que elas tinham que ter vontade de ter, o que as coisas que elas tinham diziam sobre elas e que elas precisavam sempre fazer compras para manter sua posição na sociedade.
Na década de 1990, o americano médio era alvo de três mil mensagens publicitárias por dia. Atualmente, é impossível contabilizar esse número, visto que os anúncios parecem intermináveis e estão em todos os lugares das várias telas que as pessoas trabalham.
Efeitos
Todos esses anúncios tem como resultado um crescente volume de compras. Um exemplo disso é que, em 2019, os norte-americanos descartaram quase 21 quilos de lixo eletrônico por pessoa. Assim, o consumo médio por pessoa no país dobrou nos últimos 50 anos.
As consequências dessas compras desenfreadas são vistas no meio ambiente. Não obstante, o consumo dos países desenvolvidos levou à extração em grande escala das florestas do planeta, deixando para trás apenas 3% dos ecossistemas intactos.
Ademais, a grande produção, uso e descarte de plástico deposita aproximadamente oito milhões de toneladas métricas de resíduos nos oceanos do mundo anualmente.
O que fazer
As compras afetam e movimentam todo esse ciclo vicioso. Então, fazer um esforço para comprar menos nessa época de fim de ano pode ter um impacto significativo. Por exemplo, os americanos produzem 25% a mais resíduos entre o Dia de Ação de Graças e o Ano Novo e descartam metade dos seus resíduos de papel anuais.
Por isso que, para se perceber a relação entre as compras e as mudanças climáticas, é preciso reconhecer o consumo desordenado e o impacto climático de seus riscos.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que os 10% mais ricos do mundo contribuem com quase 50% das emissões globais de dióxido de carbono. Já os 50% mais pobres contribuem com somente 12% das emissões globais.
Por mais que as compras estejam enraizadas na nossa sociedade, desafiar o consumo rápido e barato e compartilhar informações sobre a relação devastadora com as mudanças climáticas deve ser feito para amenizar o estrago.
Fonte: Science Alert
Imagens: Adriana Nunan, Istoé Dinheiro, Residuall
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