A Terra já foi o lar das mais diversas criaturas. No entanto, à medida que o tempo passa nem todas continuaram a caminhar pelo planeta. A extinção é uma coisa que acontece com as espécies pelos mais variados fatores, mas isso não quer dizer que pesquisadores não tentem trazê-las de volta à vida ou queiram estudá-las. Para isso, uma das formas é reconstruir o DNA.
Isso foi feito por uma equipe liderada por pesquisadores de Harvard que reconstruiu o DNA de um grupo de aves que é ícone da Nova Zelândia: os moas. A extinção desses pássaros aconteceu há 600 anos e eles são conhecidos por serem gigantes e não terem asas. Para se ter uma noção, as maiores espécies desse pássaro tinham mais de três metros de altura e pesavam até 250 quilos.
Contudo, a espécie que teve seu DNA reconstruído é mais modesta. O Anomalopteryx didiformis, conhecido como moa dos arbustos, tinha “apenas” um metro e pesava 30 quilos, sendo uma das nove espécies extintas de pássaros que não voam da Nova Zelândia.
Superinteressante
Para reconstruir o DNA, os pesquisadores extraíram material genético de um fóssil encontrado na Ilha Sul do país. Os pesquisadores então montaram o quebra-cabeça genético com o DNA mitocondrial, que é herdado da mãe, e o DNA nuclear, vindo dos dois pais.
Então, para que o DNA fosse colocado em ordem, os pesquisadores usaram o genoma completo do emu, que é um pássaro que ainda vive na Austrália, como guia. Como resultado, o genoma mostrou algumas características interessantes. Como, por exemplo, os moas tinham um olfato bom, eram sensíveis a comidas amargas e enxergavam frequências ultravioleta.
Outro ponto interessante dos moas é que, ao contrário de outros pássaros que não voam como as emas e avestruzes, eles não tinham nenhuma asa. De acordo com Nic Rawlence, diretor do laboratório de paleogenética da Universidade de Otago que não estava envolvido no estudo, as instruções para que as asas fossem fabricadas estavam corrompidas no DNA desses animais.
Ainda falta compreender o que exatamente fez com que esses animais perdessem as asas. Como as ilhas têm mania de causar evoluções fora do comum por conta de pressões da seleção natural, é possível que os moas não tivessem predadores terrestres. Então, eles não precisavam voar.
Contudo, os pesquisadores não conseguiram identificar quando em sua evolução que os moas perderam suas asas. E os parentes geneticamente mais próximos deles ainda voam. Então, cabe a estudos futuros resolver esse mistério.
Olhar digital
No caso dos moas, os pesquisadores quiseram reconstruir o DNA para estudar o animal. Contudo, em alguns casos, o objetivo de tentar fazer essa reconstrução é trazer algum animal extinto de volta à vida. Como no caso do dodô, uma ave com aproximadamente um metro de altura e que chegava a pesar mais de 20 quilos.
Esse pássaro está mais perto de voltar à vida por conta de uma parceria entre a Colossal Biosciences, que é a empresa de engenharia genética por trás da tentativa de trazer esses animais de volta a vida, e a Mauritian Wildlife Foundation, uma organização de preservação sem fins lucrativos.
Esse projeto tem em sua equipe Beth Shapiro, que foi a cientista que sequenciou o genoma do dodô pela primeira vez. Com essa parceria entre as empresas, o objetivo dela é fazer a restauração do habitat dos dodôs nas Ilhas Maurício.
E o objetivo principal do Grupo Genômica Aviaria da Colossal Biosciences é conseguir trazer o animal de volta à vida. De acordo com o grupo, essa parceria com a Fundação Mauritian Wildlife é um passo extremamente importante nesse processo.
“Os projetos de extinção da Colossal só terão sucesso se os animais forem renaturalizados e trazidos de volta ao seu habitat natural. Estamos ansiosos para trabalhar com Maurício para garantir que isso aconteça com o dodô”, disse Matt James, Diretor de Animais da Colossal.
Além da parceria firmada, a equipe de pesquisa da Colossal trabalha com as células primordiais germinativas do pombo Nicobar. Esse animal é o parente vivo mais próximo do dodô, por conta disso ele tem sido usado para que um genoma de referência seja construído.
Outro ponto que os cientistas também estão trabalhando é no desenvolvimento de galinhas geneticamente modificadas para que elas hajam como substitutas dos dodôs.
De acordo com Ben Lann, CEO da Colossal, todas as etapas feitas no processo são importantes, especialmente a de conseguir reconstruir o genoma do dodô. Para isso, a primeira coisa a ser feita foi encontrar qual era o parente vivo mais próximo do animal extinto. A resposta dessa pergunta foi o pombo Nicobar.
Depois disso, os pesquisadores precisaram buscar amostras de DNA antigo do dodô. Nesse ponto, Shapiro usou amostras de tecido que foram retiradas do crânio de um animal que fazia parte da coleção do Museu de História Natural da Dinamarca.
Então, eles uniram o DNA do pombo Nicobar com o dodô e assim conseguiram reconstruir o genoma da espécie extinta.
Fonte: Superinteressante, Olhar digital
Imagens: Superinteressante, Olhar digital