Carregamos DNA Neandertal e só agora a ciência começa a entender como isso nos afeta

Todos sabem que o DNA é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas, que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus. Além disso, transmite as características hereditárias de cada ser vivo. Resumindo, o DNA é a matéria que nos torna o que nós somos.

Até os humanos modernos chegarem onde estão, vários ancestrais viveram. E é visto em algumas pessoas, principalmente na Europa, que os humanos carregam o DNA neandertal. Contudo, por mais que isso seja sabido, o que isso quer dizer ou como influencia a vida das pessoas está sendo descoberto aos poucos.

Agora, dois estudos novos quiseram compreender como o DNA neandertal influencia os humanos modernos. O foco do primeiro estudo foi na fisionomia e tamanho do nariz. Enquanto o segundo focou no sistema imunológico.

DNA neandertal em humanos

BBC

Quem liderou o estudo foram pesquisadores da University College London (UCL). O trabalho explicou que o formato do nariz está sim relacionado com o DNA neandertal. Isso porque o gene ATF3 tem relação com a regeneração dos tecidos nervosos e também com o desenvolvimento das características da face.

Em outro estudo mais recente liderado por pesquisadores da Universidade Cornell. Ele se baseou nos dados genéticos do UK Biobank e através deles conseguiram informações genéticas e informações de cerca de 300 mil pessoas.

O que eles descobriram foram mais de 235 mil variantes genéticas com uma possível origem neandertal. Dentre essas, aproximadamente 4,3 mil seriam relacionadas com uma série de 47 47 características humanas. Como por exemplo, o metabolismo, desenvolvimento e sistema imunológico.

“Nossas descobertas também podem oferecer novos insights para os biólogos evolucionistas que analisam como esses tipos de eventos podem ter consequências benéficas e prejudiciais”, disse Sriram Sankararaman, um dos autores do trabalho de Cornell.

O máximo de DNA neandertal nos humanos é de 4%, e ao que tudo indica, essa porcentagem pode afetar até mesmo o nascimento das pessoas. O objetivo dos estudos feitos é entender como esse DNA neandertal pode afetar a vida, seja de forma positiva ou negativa. Contudo, antes disso é preciso traçar até onde ele se faz presente na genética atual.

Influência

Canaltech

Como dito, a presença desse material genético dos antepassados pode ter uma influência nas pessoas atualmente. Como por exemplo, se a pessoa gosta de acordar cedo e logo no começo da manhã já está de pé, isso pode ter sido uma herança dos antepassados neandertais.

Isso acontece porque os hominídeos cruzaram com os humanos e com isso alguns vestígios continuaram no DNA moderno. Justamente por conta desses cruzamentos que os humanos modernos têm até 4% do DNA neandertal. Nisso estão inclusos genes relacionados ao cabelo, pigmentação da pele, gordura, sensibilidade à dor e até mesmo imunidade. Onde essa influência é maior, na maioria dos casos, é entre europeus e latino-americanos.

Além disso, uma descoberta recente feita pelos cientistas da Universidade da Califórnia (UC), nos EUA, a herança dos neandertais pode também ter uma influência no ritmo circadiano, popularmente conhecido como relógio biológico das pessoas. Justamente essa influência que faz com que os comportamentos matutinos sejam favorecidos.

“Ao combinar DNA antigo, estudos genéticos em larga escala em humanos modernos e Inteligência Artificial, descobrimos diferenças genéticas substanciais nos ritmos circadianos dos neandertais e dos humanos modernos. Analisando os pedaços de DNA neandertal que permaneceram nos genomas humanos modernos, descobrimos uma tendência surpreendente”, afirmou John A. Capra, pesquisador da UC e um dos autores do estudo.

Na visão dele, vários desses genes têm uma relação com o ritmo circadiano dos humanos modernos. E na maior parte dos casos eles estão “aumentando a propensão da pessoa ser matinal”.

Se essa tendência vem dos neandertais é preciso entender o motivo de esses ancestrais “preferirem” acordar cedo. Há aproximadamente 400 mil anos, os neandertais e os denisovanos, já viviam na Eurásia e se diferenciavam dos humanos há mais de 700 mil anos. Esse tempo foi o suficiente para que eles evoluíssem em condições ambientais distintas.

Os ambientes onde os neandertais viviam na Eurásia eram em latitudes mais altas e com a luz variando mais durante os horários do dia. E o padrão e nível de exposição à luz tem consequências biológicas e comportamentais. Isso pode resultar em algumas adaptações evolutivas, o que pode afetar o DNA, como mostrou o estudo.

Há aproximadamente 700 mil anos, os humanos modernos começaram a sair da África e chegar na Eurásia. Lá eles viviam em latitudes mais baixas e cruzaram com diferentes grupos que já tinham variantes genéticas adaptadas para aquele ambiente, dentre elas, as que favoreciam as pessoas acordarem cedo. Então, as que se mostraram vantajosas acabaram se perpetuando no DNA humano moderno.

Fonte: IGN, Canaltech

Imagens: BBC, Canaltech

Seguir
Buscar
Carregando

Signing-in 3 seconds...

Signing-up 3 seconds...