Por Embora pouco conhecida, a Cegonha-bico-de-sapato é um animal com características bastante peculiares. Parente dos dinossauros, esse animal também é chamado de “Balaeniceps rex”, ou Shoebill, e já sobreviveu a episódios extremos, como a Segunda Guerra Mundial. Hoje, no entanto, a espécie está ameaçada de extinção.
A Cegonha-bico-de-sapato habita, atualmente, regiões pantanosas no leste tropical da África, em áreas entre o Sudão do Sul e a Zâmbia. Na hora de caçar, este animal é paciente, capaz de permanecer imóvel por muito tempo. Seu bico, com uma espécie de gancho na ponta, ajuda a prender com força sua presa, que são, em grande parte, peixes e rãs.
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Em um artigo publicado no “Journal für Ornithologie”, o autor Gerald Mayr explica que, apesar do nome, a Cegonha-bico-de-sapato tem uma filogenia (história evolutiva) mais próxima dos pelicanos, em relação a comparações anatômicas, e das garças, no que diz respeito a evidências bioquímicas.
Medindo entre 1,10 e 1,40 metros de altura, a Cegonha-bico-de-sapato pode pesar até sete quilos e a distância entre as pontas de suas asas pode atingir dois metros de comprimento. De acordo com a Agência Ambiental Pick-upau, o Shoebill é um animal muito sedentário, realizando movimentos apenas quando precisa buscar um habitat que possa prover melhores recursos.
Além do mais, a espécie voa muito raramente. Nos céus, o Balaeniceps rex chega a bater asas cerca de 150 vezes por minuto, o que a coloca entre uma das aves mais lentas da atualidade. Uma curiosidade interessante sobre esse animal é que ele foi a inspiração da Nintendo para criar as aves da animação “The Legend of Zelda: Skyward Sword”.
Hypeness
Parentesco com os dinossauros
Através do Twitter, o biólogo brasileiro Paulo Miranda Nascimento, conhecido como Pirula, explicou que, apesar do nome biológico do animal, Balaeniceps rex, o termo “rex” nada tem a ver com os titanossauros. Segundo ele, “rex” é rei em latim, enquanto Balaeniceps é “cabeça de baleia”.
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Porém, a relação com os titanossauros realmente existe, já que as aves, em geral, são parentes próximos dos dinossauros. “Ou seja, os bicos-de-sapato são de fato dinossauros. Mas não são mais dinossauros do que um bem-te-vi, uma pomba ou um beija-flor. Todos são igualmente dinossauros, a diferença é só essa carona que faz eles parecerem ferozes. Mas é só pose”, explica Pirula.
Sobrevivência na guerra
De acordo com uma matéria publicada no “History Collection”, a Cegonha-bico-de-sapato foi uma das espécies que viveu no famoso Zoológico de Berlim (Alemanha), região que foi constantemente bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial. Os ataques começaram em novembro de 1943 e se estenderam até a metade de 1945.
Um ano antes do fim da Guerra, por exemplo, o zoológico foi atingido em sete ocasiões, embora nunca tenha deixado de funcionar nessa época. Quando o Exército Vermelho invadiu Berlim, o pouco que sobrou do local foi completamente destruído.
Entre os sobreviventes estava uma Cegonha-cabeça-de-sapato, que foi salva por uma cuidadora, que levou o animal para casa e o manteve vivo. A atitude da mulher foi crucial para garantir que a espécie continuasse a existir.
Risco de extinção
Assim como seus antepassados dinossauros, a espécie corre risco de extinção. Segundo o Pick-upau, em 2002, a população do Shoebill era estimada entre 5 mil e 8 mil indivíduos, sendo que apenas 5,3 mil, no máximo, seriam capazes de se reproduzirem.
Desta forma, a BirdLife International e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) consideram a situação da ave como vulnerável. Em grande parte, esse cenário se dá por conta da ação humana.
O primeiro ponto para a classificação da Cegonha-bico-de-sapato como ameaçada de extinção é o fato de que as regiões pantanosas onde esses animais vivem estão sendo convertidas em áreas agropecuárias, com os pântanos sendo drenados ou até mesmo pelo despejo exacerbado de agrotóxicos. Além disso, é comum que a passagem do gado pela região faça com que os ninhos da ave sejam pisoteados.
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Outro ponto crucial para a diminuição da população do Balaeniceps rex é a caça ilegal. Por ser um animal exótico, colecionadores chegam a pagar 37 mil reais pela ave, segundo o site da agência ambiental. Um último fator é que, por serem tímidas, muitas vezes a ave se espanta com a presença humana e foge do local onde botou seus ovos, o que deixa seus filhotes vulneráveis.
Tentativas de preservação da Cegonha-bico-de-sapato
Na Zâmbia, uma equipe de 12 pescadores luta pela preservação da espécie, monitorando as aves adultas e, principalmente, a população em seu período reprodutivo. O principal objetivo é impedir que caçadores, humanos e animais, se aproveitem da fragilidade do Shoebill.
Segundo a Pick-upau, desde que o programa foi implantado, em 2012, 25 filhotes, de 21 ninhos diferentes, tiveram sucesso. Além do mais, seis filhotes que foram roubados acabaram sendo recuperados.
Fonte: Aventuras na História
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