No dia 16 de novembro de 1990, noveleiros ao redor do Brasil assistiram em choque as cenas de violência transmitidas na novela Pantanal, segundo registrado pela Folha de S. Paulo.
Na versão atual de Benedito Ruy Barbosa, que está fazendo sucesso entre os diferentes públicos, seja aquele que viu a novela original ou o que conheceu a história agora, há também o triângulo amoroso cativante. No entanto, agora, o chucro Tenório é interpretado por Murilo Benício, que faz par com Isabel Teixeira, interpretando Maria Bruaca. Já Juliano Cazarré fecha o triângulo amoroso no papel do peão Alcides, levando investidas da casada.
Porém, na versão originalmente exibida pela extinta TV Manchete, o peão Alcides, do ator Ângelo Antônio, fica preso a uma rede após ser descoberto por Tenório, o vilão interpretado por Antônio Petrin, com sua esposa, Maria Bruaca. Na versão original, Ângela Leal comanda o papel.
Dessa forma, como uma punição pelo adultério, o rival aquece uma faca num fogaréu e castra o homem envolvido na traição de seu casamento. A cena conta com sangue cenográfico, silêncio aterrorizante, feição de dor e choro da esposa, se tornando marcante para a televisão brasileira pela tensão.
No entanto, a cena não foi tensa somente para o espectador. Isso porque, nos bastidores, o clima foi parecido, segundo o próprio Antônio Petrin em entrevista ao jornal Extra. Ele conta que a gravação da cena marcante causou calafrios para toda a equipe.
Bastidores de Pantanal
De acordo com o ator da versão original de Pantanal, hoje com 83 anos, o clima de tensão existia nos bastidores antes mesmo de rodar a cena, quando a equipe conheceu o local onde tudo seria gravado.
“Saímos muito cedo da fazenda onde estávamos para andar um espaço grande até o local em que a cena seria gravada. Lembro que eu e Ângelo Antonio caminhávamos lado a lado e nem nos olhávamos, era um silêncio aterrador. Sabíamos da dificuldade que seria gravar aquela cena, carregada de emoção”, revelou Petrin.
Assim sendo, o ator lembra a surpresa que foi, interpretando o papel do vilão responsável pela violência na cena, observar o diretor Carlos Magalhães lacrimejando durante a gravação.
“Aquilo me provocou muito, redobrou a minha emoção, eu tremia. Falando disso agora parece que estou sentindo a mesma coisa”, acrescentou o artista, que “em termos de emoção” descreveu a cena como uma dos mais marcantes da carreira.
Musa da novela diz que foi enganada
Não só a trama era marcante para os noveleiros, como também a abertura da novela de 1990. Isso porque o início da década era marcado pelo avanço na área de computação na arte, principalmente na morfologia digital.
Por exemplo, no início dos anos 90, o mundo foi surpreendido por Michael Jackson e o clipe de “Black or White”, quando ele se torna uma pantera. Já no cinema, os efeitos de “Exterminador do Futuro 2” conquistou o público.
Assim, no Brasil, um caso marcante ocorreu justamente na novela Pantanal, quando uma onça pintada se transforma em uma linda mulher, que aparece nua na introdução. Porém, a modelo que aparece despida não tem boas memórias desse momento.
Nani Venâncio, ícone da beleza nos anos 1990, passou por momentos tensos nos bastidores da cena. Isso pois, ao gravar as cenas na água, na piscina da sede da emissora, no Rio de Janeiro, a modelo teve de deixar o tapa-sexo de lado. Os produtores prometeram que ela não seria exposta.
“Não ganhei bem para fazer a abertura, eu era funcionária da Manchete e fazia o que me mandavam. Não era eu ficar totalmente nua, eles me enganaram. Naquele tempo, a gente era muito ingênua. […] Aí o diretor me pediu para tirar, porque só apareceria a lateral do meu corpo, e acabei confiando”, relatou em vídeo publicado no YouTube.
No lançamento da produção, Nani, animada, reuniu sua família, amigos, membros do elenco e seu então marido, ex-paquito Egon Júnior, conhecido como Gígio. Porém, quando a abertura rodou, ela viu seu mundo desabar.
“Eu estava casada e perdi o marido. Estávamos todos reunidos para ver a estreia, e, de repente, fiquei em choque”, completou. Após isso, Nani deixou sua carreira na atuação.
Fonte: Aventuras na História