Natureza

Cogumelos falantes? Estudo mostra que os fungos conversam entre si

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O que um cogumelo disse para o outro? Não, isso não é nenhuma piadinha. Afinal, é essa a pergunta a ser respondida pelos cientistas da Unconventional Computing Laboratory da University of the West of England. Em artigo, os pesquisadores revelaram que os fungos “falam” entre si.

Basicamente, os fungos direcionam impulsos elétricos uns aos outros conforme as situações que vivem. Isso, na visão dos estudiosos, demonstra que eles possuem um sistema de comunicação, o qual pode chegar a 50 “palavras”.

Como eles conversam?

Em síntese, a comunicação deles não emite som, tal como nossa fala faz. Portanto, não adianta ficar com o ouvido perto de um cogumelo, ele não vai gritar com o outro. Na verdade, eles disparam sinais elétricos de acordo com a situação, e estes, viajam pelo micélio.

A propósito, o micélio se trata de uma rede de filamentos parecida com os neurônios humanos. Vários cogumelos podem fazer parte de uma mesma teia, assim como vemos em árvores. Sendo assim, a descoberta em questão é que esses canais não transmitem sinais aleatórios, uma vez que o conteúdo se trata de mensagens “pensadas”.

Fonte: Dmytro Ostapenko

Um exemplo disso aconteceu quando líder do estudo, Adrew Adamatzky, colocou madeira em contato com a espécie Schizophyllum commune. Como resultado disso, o fungo emitiu diversos picos elétricos, de modo a avisar que ali havia comida. Sim, esses fungos comem madeira.

Além disso, perigos em potencial também resultaram em um certo de padrão de sinal elétrico. Tal prática pode ser encontrada nas alcateias de lobos, nas quais um integrante uiva para informar os riscos ao resto do bando

Essas são só duas das diversas “palavras” que os cogumelos utilizam. Afinal, o estudo desvendou que esse ser vivo trabalha com um vocabulário de até 50 palavras. No entanto, esses fungos fazem o uso recorrente de apenas 20 palavras, o que vai depender do tipo de cogumelo.

Como o estudo foi feito?

Primeiramente, Adrew Adamatzky focou em quatro espécies. Em seguida, colocou eletrodos nas superfícies em que os fungos cresciam. Conforme os pesquisadores criavam situações, eles perceberam que os sinais elétricos assumiam determinados padrões de onda.

Fonte: Royal Society Open Science

Logo, assim como a linguagem humana, eles notaram que a padronização ondulatória funcionava como as palavras. Afinal, a junção de letras serve para formar elementos linguísticos ditos por várias pessoas. Consequentemente, conseguimos associar uma ideia a uma palavra sempre que a lemos ou ouvimos.

De modo semelhante, o estudo aponta que também existem “acordos” entre os cogumelos. A propósito, a média de comprimento dos vocábulos fúngicos se parece com a da língua inglesa. Enquanto ingleses dizem em média 4.8 letras por palavra, os fungos proferem 5.98.

Contestações

Definitivamente, Adrew Adamatzky tem humildade para reconhecer que seu estudo não é um fechamento de questão. Por isso, ele abraça a necessidade de se fazer mais estudos para comprovar a hipótese. No entanto, ele viu com seus próprios olhos os padrões de ondas que são formados, e se encontra fortemente convencido de que rola uma comunicação no micélio.

Além disso, nem toda comunidade científica concordou com os resultados que Andrew trouxe. Dan Bebber é micologista na Universidade de Exeter e está cético quanto ao experimento.

Segundo o estudioso, ainda é muito cedo para traduzir o que os cogumelos estão dizendo entre si. Ou seja, por mais que a proximidade com a madeira gerou um impulso elétrico específico, ainda seriam necessários mais estudos para confirmar a relação entre os eventos.

Apesar disso, Andrew e sua equipe acabam de trazer holofotes para a comunicação dos cogumelos. Logo, a tendência é que mais cientistas se debrucem sobre o sistema de “fala” do Reino Fungi. Em breve, pode ser possível que a opção “fungos” esteja em nosso querido Google Tradutor.

Fonte: Canal Tech, Só Científica.

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