Por vários anos, os humanos sonham em viver no espaço. E graças ao lançamento de uma estação espacial, as pessoas começaram a entender o espaço. Esse lugar está ajudando os humanos a entenderem como podemos viver no espaço. O mais incrível é que essa ideia não passava de pura ficção científica, há décadas atrás. E mesmo com os dias dela estando contados, missões ainda são feitas. Como no caso desses dois astronautas que irão sair da Estação Espacial Internacional para ver se existem organismos vivos no espaço.
Os astronautas no caso são Tracy Dyson e Matt Dominick, da NASA, e ele tem uma missão específica. Em sua próxima caminhada espacial, agendada para o dia 24 de junho, eles irão andar pelo espaço para fazer a coleta de organismos vivos que estão presos na parte de fora da ISS.
Para se ter uma ideia de como é o ambiente fora da ISS, as temperaturas oscilam entre escaldantes 120ºC e gélidos -100ºC, além dos níveis de radiação serem extremos. Mesmo que essas condições sejam extremas, já foram documentados vários microrganismos que conseguem sobreviver nelas.
Esses microrganismos são chamados de extremófilos e conseguem ser mantidos vivos em estado dormente para recuperar sua atividade metabólica quando estiverem em condições ambientais favoráveis. Dentre os vários exemplos, os mais conhecidos são os tardígrados. Tanto que eles foram objeto de muitos experimentos e mostraram que são organismos que tem uma resistência incrível ao espaço.
Contudo, eles não são os únicos. Além deles, também se conhecem bactérias e outros microrganismos ainda menores que são ainda mais resistentes, podendo resistir às condições extremas por anos.
Experimento fora da ISS
Durante os anos, os astronautas já fizeram a coleta de bactérias e fungos na parte de fora da ISS, mostrando que os organismos podem viver no espaço. De acordo com um estudo publicado em janeiro, algumas espécies de bactérias e fungos foram colocadas no algodão e presas com hastes metálicas fora da estação. Depois de dois anos no vácuo do espaço elas ainda estavam vivas.
“Os principais fatores para a sobrevivência a longo prazo podem ser a desidratação e a secagem por congelamento parcial no vácuo do espaço próximo à Terra”, explicaram os autores do estudo.
Agora, essa caminhada espacial de Tracy Dyson e Matt Dominick estava marcada para acontecer no dia 13 desse mês, mas os astronautas tiveram um desconforto com seu traje e isso acabou adiando a missão para o dia 24, depois que a nave Starliner da Boeing voltar.
Nessa caminhada, Dyson e Dominick irão coletar as amostras de organismos no espaço para que eles sejam analisados aqui no nosso planeta e verificar se ainda existem organismos vivos. Isso pode ajudar na resposta de se existe ou não vida fora da Terra.
Organismos vivos no espaço
Como dito, alguns organismos conseguem sobreviver no espaço. Um deles é a Deinococcus radiodurans, que viveu por anos do lado de fora da ISS. Já faz algum tempo que os pesquisadores estão estudando esses micróbios poderosos. Em 2015, uma equipe internacional montou a missão Tanpopo, do lado de fora do módulo experimental japonês Kibo, para testar as espécies bacterianas que eram resistentes.
A Deinococcus radiodurans conseguiu passar nos testes muito bem. As células bacterianas foram desidratadas, enviadas para a ISS e colocadas no Exposed Facility, que é uma plataforma que fica continuamente exposta ao ambiente espacial.
As células estavam atrás de uma janela de vidro que bloqueava a luz ultravioleta em comprimentos de onda menores que 190 nanômetros.
“Os resultados apresentados neste estudo podem aumentar a conscientização sobre as preocupações com a proteção planetária. Por exemplo, a atmosfera marciana que absorve radiação UV abaixo de 190-200 nm. Para imitar essa condição, nossa configuração experimental na ISS incluiu uma janela de vidro de dióxido de silício”, escreveu a equipe da Áustria, Japão e Alemanha no seu artigo.
No entanto, esse não foi o maior tempo que a Deinococcus radiodurans foi mantida nessas condições. Em agosto desse ano os pesquisadores escreveram sobre uma amostra de bactéria que foi deixada lá por três anos inteiros.
Mas a equipe não queria um recorde de maior tempo. O que eles estavam pesquisando era tentar descobrir o que faz a Deinococcus radiodurans tão boa em sobreviver nas condições extremas do espaço.
Então, depois de um ano submetida a todos os problemas espaciais as bactérias foram trazidas de volta à Terra. Quando chegaram os pesquisadores reidrataram as bactérias que tinham passado o ano aqui na Terra e as que tinham ficado em órbita terrestre baixa (LEO) e compararam seus resultados.
A taxa de sobrevivência foi muito menor para as bactérias LEO em comparação com a versão de controle. No entanto, as bactérias que sobreviveram pareciam estar bem, mesmo que tivessem ficado um pouco diferentes dos seus irmãos terrestres.
A equipe descobriu que as bactérias LEO estavam cobertas com pequenas saliências ou vesículas em sua superfície. Eles não sabem exatamente o motivo dessas vesículas terem se formado. Mas eles tem algumas hipóteses.
“A vesiculação intensificada após a recuperação da exposição ao LEO pode servir como uma resposta rápida ao estresse, que aumenta a sobrevivência das células retirando os produtos do estresse”, escreveu a equipe.
“Além disso, as vesículas da membrana externa podem conter proteínas importantes para a aquisição de nutrientes, transferência de DNA, transporte de toxinas e moléculas de detecção de quorum, induzindo a ativação de mecanismos de resistência após a exposição espacial”, continuaram.
Esses estudos ajudam a entender se as bactérias conseguiriam sobreviver em outros mundos, e talvez até a uma jornada entre eles. “Essas investigações nos ajudam a entender os mecanismos e processos pelos quais a vida pode existir fora da Terra, expandindo nosso conhecimento sobre como sobreviver e se adaptar no ambiente hostil do espaço sideral”, disse a bioquímica da Universidade de Viena, Tetyana Milojevic.
Fonte: IGN
Imagens: O antagonista, Universo racionalista