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O câncer é um conjunto de doenças que afeta várias pessoas ao redor do mundo e tem uma alta taxa de mortalidade. Justamente por isso que sempre são estudadas novas formas de conseguir detectá-lo logo em seus primeiros estágios para que a possibilidade de cura seja maior. Dentre as formas já estudadas, uma bastante curiosa é o uso da formiga-fusca.
De acordo com o descoberto pelos cientistas do Laboratório Ulrich, do Fundo Nacional para a Ciência da Suíça, a formiga-fusca pode ser treinada para fazer essa detecção. Tanto é que o inseto teve bons resultados durante o treinamento de farejar o odor das células carcinogênicas nos ratos nos testes em laboratório.
Para que a formiga trabalhasse como esperado, os cientistas davam recompensas para os insetos que conseguissem farejar, de forma correta, a urina cancerígena. Durante os testes, em minutos as formigas já estavam se aglomerando no xixi dos ratos que tinham tumores.
“As formigas podem ser treinadas em dez minutos para sentir o cheiro do câncer na urina dos ratos”, diz Baptiste Piqueret, principal autor do estudo.
Passagem de conhecimento
Além da formiga-fusca poder ser treinada, outro ponto positivo é que de acordo com Piqueret, 10% de uma colônia consegue passar o conhecimento que tem para os outros 90%. Ou seja, esse conhecimento para farejar o xixi cancerígeno se espalhará muito rápido entre as formigas da mesma espécie que vivem juntas.
Mesmo que essa descoberta tenha sido uma coisa bastante interessante, ainda não se pode afirmar com total certeza que as formigas poderão identificar uma urina cancerígena em humanos. Tanto é que, seguindo esse mesmo raciocínio, outros estudos testaram cachorros para farejar as células cancerígenas em humanos, mas nenhum deles teve um resultado positivo.
No caso das formigas, nenhum teste foi feito com elas. Além disso, Piqueret é bastante cauteloso com relação a isso. “Os seres humanos não têm os mesmos odores, eles se diferem de pessoa para pessoa, e não sabemos se as formigas podem se concentrar apenas nas células cancerígenas”, explicou.
Além disso, essa forma de detectar o câncer está longe de fazer parte dos serviços de saúde. Até porque, para que ele seja feito em seres humanos, o caminho é bem mais complexo e é preciso estudos específicos. Isso porque as pessoas são mais diversas, diferentes dos camundongos que foram usados no estudo.
Formiga
Hypeness
Detalhando melhor o experimento feito com essas formigas-fusca, os pesquisadores colocaram tumores de câncer de mama humanos bem agressivos em camundongos. Depois disso, eles expuseram a urina desses animais a 35 formigas da espécie Formica fusca. Elas estavam condicionadas a relacionar o odor com uma recompensa.
Já em outra parte do experimento, as formigas foram expostas à urina de ratos tanto saudáveis como doentes. Mesmo assim, elas ficaram 20% mais tempo na urina dos animais que tinham câncer, mesmo sem a recompensa açucarada.
Como resultado desses experimentos, é indicado que as formigas conseguem sim perceber as diferenças nos odores das urinas e que elas foram em direção às dos animais que estavam com câncer por já associarem às recompensas.
Na visão dos cientistas, o uso desses insetos é uma coisa promissora como diagnóstico inicial da doença. Isso porque, no caso das formigas, elas são pequenas, fáceis de manusear, têm um custo de manutenção baixo e uma disponibilidade bem grande.
Outro ponto positivo foi que, depois do treinamento, as formigas continuaram eficazes na detecção, mesmo sem receberem recompensas. E elas foram capazes de detectar os odores cancerosos até nove vezes antes que suas respostas começassem a declinar.
Por conta de tudo isso que os resultados iniciais foram bastante promissores e mostraram que esses insetos conseguem detectar, de maneira confiável, os sinais de tumor. Logo, elas têm o potencial para serem futuros biodetectores competentes e baratos.
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