Na região do Atlântico Norte, foi identificada por uma equipe de especialistas uma espécie inédita de mamífero parecido com a morsa, que leva a curiosa referência de Goo Goo g’joob.
De acordo com os cientistas, em uma pesquisa divulgada na segunda-feira passada (12), esse animal apresenta notáveis semelhanças com a morsa que é conhecida atualmente, especialmente no que diz respeito à sua dieta adaptada.
Entretanto, o mamífero que habitava a Terra há dois milhões de anos não poderia se identificar como uma morsa. Ele não poderia dizer “I am the walrus”, em inglês, fazendo referência à famosa música dos Beatles com a expressão “goo goo g’ joob”.
Na realidade, essa criatura extinta pertencia a um gênero completamente distinto de mamíferos marinhos, tão distante da morsa quanto uma raposa é de um cachorro.
Apesar das diferenças genéticas, a pesquisa revela que esse mamífero compartilhava a mesma técnica de sucção para se alimentar, semelhante à morsa.
Mathieu Boisville, um paleontólogo francês co-autor do estudo, destacou que “é extremamente raro encontrar dois grandes animais que tenham desenvolvido adaptações tão parecidas”.
Esse fenômeno, como se fosse uma revolução no processo evolutivo, é conhecido como evolução convergente.
Goo goo g’joob considerado extinto
Boisville batizou o falso cetáceo de Ontocetus posti em tributo a um pesquisador holandês.
Conforme o estudioso, a espécie faz parte de um conjunto de animais marinhos que surgiram há aproximadamente 5 milhões de anos.
Isso ocorreu nas proximidades do Oceano Pacífico, na região da América do Norte. Durante o período Pleistoceno, não existia separação entre os oceanos, então esse mamífero embarcou em uma jornada mágica e enigmática até chegar à Inglaterra.
Desde o início dos anos 1990, cientistas e aventureiros amadores encontraram restos de crânios e mandíbulas desses animais no fundo do Mar do Norte, na área entre Antuérpia, na Bélgica, e Norwich, na Inglaterra.
No entanto, esses fósseis são pertencentes à espécie Ontocetus emmonsi, que está muito distante das morsas.
Em um estudo recente, de 2020, os pesquisadores descobriram que, com base nos fósseis, esse mamífero apresentava mais semelhanças com a morsa, apesar de não fazer parte do mesmo grupo.
Devido às características anatômicas semelhantes às da morsa, especialmente as presas e mandíbulas, esse mamífero extinto foi classificado como uma nova espécie em 2024.
Características das morsas
O Ontocetus posti, da referência Goo Goo G’joob, não tem algumas das principais características para se assemelhar com a espécie das morsas.
Esses mamíferos marinhos grandes são da família Odobenidae, e se comportam de maneira específica.
Fisicamente, as morsas são animais robustos, com machos adultos pesando entre 800 e 1.700 kg, enquanto as fêmeas são um pouco menores, pesando entre 400 e 1.250 kg. Elas podem medir entre 2,5 a 3,5 metros de comprimento.
As morsas têm uma pele grossa e enrugada, que pode ser marrom ou avermelhada, e é coberta por uma camada de gordura que as ajuda a isolar do frio extremo do ambiente ártico.
Além disso, uma das características mais distintivas das morsas são suas presas longas e afiadas, que são na verdade caninos longos.
Essas presas podem crescer até 1 metro de comprimento e ajudam na defesa, cavar no fundo do mar em busca de alimento, e até para escalar blocos de gelo.
Habitat
As verdadeiras morsas são encontradas em regiões árticas e subárticas, habitando principalmente as áreas costeiras e gélidas do Oceano Ártico e mares adjacentes. Elas são conhecidas por viver em grandes grupos em blocos de gelo ou ilhas.
Elas são principalmente carnívoras e se alimentam de uma variedade de organismos marinhos.
Sua dieta inclui moluscos, especialmente bivalves como mariscos e amêijoas, além de vermes, caranguejos e outros invertebrados. Para isso, usam suas vibrissas sensíveis para detectar presas no fundo do mar.
Ainda, trata-se de um grupo bastante social, que costumam viver em grandes grupos, chamados de “manadas”. Elas são conhecidas por seu comportamento de união, e tendem a descansar juntas em massas de gelo flutuante ou em costas arenosas.
Durante a época de acasalamento, os machos se tornam altamente territoriais e competitivos, usando suas presas em combates para atrair fêmeas.
Esses animais são bastante vocais, usando uma variedade de sons para se comunicar, incluindo grunhidos, assobios e rosnados. Esses sons servem tanto para interações sociais quanto para marcar território ou atrair parceiros durante a época de acasalamento.
Embora as morsas tenham uma população relativamente estável em algumas áreas, elas sofrem ameaças por fatores como a mudança climática, que está reduzindo seu habitat de gelo marinho, e a caça, apesar de ser regulamentada em muitas regiões.
Apesar das leves semelhanças, as morsas e o Ontocetus posti agora são diferentes, e cientistas estudarão mais o perfil das morsas falsas para catalogá-los.