Curiosidades

Mesmo que você seja fluente em outras línguas, seu cérebro prefere o idioma materno

0

Segundo relatos bíblicos, um dia, os homens já falaram todos um mesmo idioma. Até que, certo dia, enquanto construíam a lendária Torre de Babel de forma extremamente ambiciosa, Deus confundiu seus idiomas e estes acabaram se espalhando. Por mais que essa não seja uma explicação científica para a pluralidade de línguas, é algo bem aceito por diversas crenças e religiões do mundo.

Com a globalização, cada vez mais pessoas estudam outro idioma que não seja o seu nativo e acabam falando mais outra língua. E existem aquelas que falam cinco ou mais línguas, os poliglotas. Mesmo assim, todos hão de concordar que falar em seu idioma nativo parece ser mais fácil. E isso não é somente um senso comum.

De acordo com um estudo feito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o cérebro dos poliglotas se esforça menos para processar a língua materna. O cérebro humano tem uma rede especial para processar as línguas. Nos poliglotas, essa rede tem uma atividade mais forte quando eles ouvem alguns dos idiomas estrangeiros que falam, especialmente os que dominam mais.

A atividade também é maior quando eles ouvem um idioma que não dominam. Assim, a mesma rede cerebral usada em tarefas cognitivamente exigentes também é ativada quando ouvem línguas diferentes da nativa.

Essas descobertas podem ser um indicativo de que o cérebro dos poliglotas se esforça menos no processamento do idioma materno.

Estudo

Olhar digital

Para o estudo, os pesquisadores chamaram 34 pessoas que falavam várias línguas, mas não desde a sua infância. Então, enquanto ouviam trechos de livros em idiomas diferentes e na sua língua nativa, elas foram escaneadas através da ressonância magnética funcional (fMRI).

Além disso, as pessoas também ouviram trechos em línguas que não falavam, sendo algumas relacionadas com idiomas conhecidos e outras completamente diferentes.

Depois desse estudo feito, os pesquisadores querem analisar de novo o cérebro dos poliglotas, mas investigando a rede neural das pessoas que aprenderam várias línguas desde a infância. E também casos de crianças que se mudaram pros EUA e começaram a falar inglês no mesmo nível da língua nativa, ficando menos proficiente nele. Com isso, os pesquisadores querem entender a relação entre idade e proficiência nos idiomas.

Línguas

UOL

Mesmo existindo uma grande variedade no mundo, as línguas são mais parecidas do que se imagina, especialmente quando o assunto é a gramática ou a forma com que as frases podem ser formadas e usadas.

De acordo com teorias feitas pelos cientistas, esse fato acontece por conta de determinadas tendências genéticas. Ou então, talvez seja por causa das capacidades cognitivas que todas as pessoas compartilham, como por exemplo, a passagem do tempo que faz com que se desenvolva os tempos passado e futuro.

Agora, um novo estudo feito propõe que a razão para isso acontecer seja a forma como as pessoas falam a respeito da própria linguagem.

“Propomos que, na evolução da linguagem, falar sobre a linguagem foi uma forma de formar algumas das primeiras estruturas linguísticas complexas. E que, a partir dessas estruturas, novos tipos de gramática poderiam se desenvolver”, disse o linguista Stef Spronck, da Universidade de Helsinque, na Finlândia.

É visto em várias línguas a fala relatada ou indireta, no caso frases que comunicam indiretamente o que uma pessoa disse, ao invés de uma pessoa realmente a dizer. Isso pode dar origem a novos significados que se encaixam em determinadas categorias gramaticais.

Um exemplo disso é a frase “ele disse: eu irei” pode significar também “ele pode ir” ou “ele está prestes a ir” em algumas línguas. E essas interpretações não são exatamente fala relatada, mas derivadas dela.

E essa extensão de significado que é vista em algumas línguas em que se usa a fala relatada, pode ser combinada com construções gramaticais como aspecto, mobilidade e tópico.

Justamente por isso, parece que a compreensão coletiva de gramática pode ter surgido da forma como se fala a respeito de outras pessoas. Para ter certeza disso, os pesquisadores analisaram uma amostra de 100 idiomas. Com isso, eles descobriram que a fala relatada é vista em todos os principais continentes, independentemente das famílias linguísticas.

“Os humanos falam sobre os pensamentos e declarações das outras pessoas o tempo todo, desde o momento em que aprendemos a falar. Isso determina nossas culturas, a maneira como vemos o mundo e em quem confiamos. Um fenômeno tão fundamental para a existência humana provavelmente deixa seus traços nas línguas e nosso estudo mostra que isso vai muito além de simples frases de discurso relatado”, explicou Spronck.

Em conclusão, os pesquisadores sugerem que a fala relatada é uma importante fonte para determinadas partes essenciais da gramática, da mesma forma que o significado de alguns verbos. E na verdade, ela teria sido um dos primeiros exemplos de linguagem complexa que é justamente falar sobre a linguagem.

“Nossa hipótese não pretende substituir as explicações cognitivas tradicionais da gramática, mas fornece uma nova história para o surgimento de categorias gramaticais, particularmente aquelas que são tradicionalmente mais difíceis de explicar”, concluiu Spronck.

Fonte: Olhar digital, Science alert

Imagens: Olhar digital, UOL

Diarreia, vômito e risco de câncer: Anvisa baixa decreto que proíbe 4 marcas de água e refrigerante

Artigo anterior

5 gatilhos psicológicos usados em golpes por telefone e internet

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido