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Mulheres optam por explante de silicone após anos utilizando próteses

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Por uma variedade de razões, entre rupturas e desconforto, mais mulheres estão retirando silicone de seus corpos. Enquanto o aumento dos seios continua sendo uma das cirurgias estéticas mais comuns ao redor do mundo, cirurgiões estão percebendo um aumento em mulheres que optam pelo explante. Segundo o doutor Mark Lee, a estatística aumentou de cerca de 5 por ano para mais de 100.

Uma clínica com sede na cidade de Sydney, na Austrália, também pontuou um aumento de casos de explante de silicone. “Nos últimos dois a três anos, a cirurgia de explantes vem crescendo. Nós experimentamos um aumento de 30-50 por cento do procedimento apenas em nossa clínica. Em média, realizamos de 12 a 14 procedimentos de remoção de implantes mamários por mês.”

Mulheres optam pelo explante de silicone

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Para a professora Larissa de Almeida e a jornalista Poliana Costa, ambas do Ceará, manter o silicone do corpo já não era opção. Isso porque elas utilizaram próteses nos seios por sete e dez anos, respectivamente, e optaram pelo explante. Assim sendo, o procedimento é a retirada do material por motivos como o amadurecimento, a insatisfação com o próprio corpo ou até o aparecimento de sintomas.

“Quando eu coloquei, eu não encontrei nenhum relato ou algo do tipo das consequências que são tradicionalmente conhecidas. Então, a partir do momento que eu coloquei, eu já comecei a sentir alguns sintomas relacionados ao silicone.”

“O primeiro foi falta de ar, porque o silicone pesava na minha caixa torácica. Então eu fui tendo diminuição da capacidade respiratória”, declara Larissa, que tem 38 anos.

“Eu coloquei silicone quando eu tinha cerca de 29 anos, então eu não coloquei de maneira impensada, inconsequente. Eu pesquisei bastante, tirei dúvidas com o médico”, destaca a professora. Segundo ela, em quase sete anos com prótese, desenvolveu mais de 20 sintomas. Ao realizar o explante, todos eles cessaram. Por isso, Larissa acredita que desenvolveu a doença do silicone.

Ela retirou as próteses em fevereiro de 2019 e conta que demorou entre três e seis meses para parar de sentir os sintomas desenvolvidos quando estava com o silicone no corpo. Dessa forma, de acordo com o cirurgião plástico Fernando Amato, muitas mulheres estão escolhendo o explante por motivos mais pessoais. No entanto, algumas apresentam impactos físicos que pesam na hora de optar por retirar as próteses.

“São complicações que até o tempo pode causar; o implante pode se romper. A prótese, quando recolocada, o corpo tem uma reação àquele material, forma uma cápsula, que pode endurecer, deformar a mama e até causar dor. Tem outras pacientes que têm outras complicações, como o seroma, que é o acúmulo de líquido ao redor da prótese”, detalha o médico.

Doença do silicone

O médico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, mestre na Escola Paulista de Medicina (UNIDESP), alerta que há diferenças entre a “doença do silicone” e a “síndrome Asia”.

“Tem uma entidade que estão falando muito que é a doença do silicone. É um termo bem amplo, genérico. Muitos sinais e sintomas relacionados à presença do silicone, tanto de forma local, onde o implante está, como também sistêmicos, ou seja, no corpo, como dor articular, boca e olho seco, perda de memória, queda de cabelo”.

A doença do silicone é um termo genérico, que pode englobar todas as complicações derivadas do implante. No entanto, muitos associam a doença do silicone apenas com a toxicidade causada pela presença do material, que pode ocorrer o extravasamento sem ele estar rompido.

Já a síndrome Asia, da sigla em inglês Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants ( Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvante) ocorre quando o implante de silicone atua como gatilho para desenvolver sintomas parecidos aos das doenças reumatológicas e autoimune. Por exemplo, dor nas articulações, cansaço, distúrbios de sono, perda de cabelo, olho e boca secos são alguns sintomas.

Explantadas

Considerando que o aumento de mama representa mais de 200 mil procedimentos por ano no Brasil, e, aliado a isso, a remoção de implantes de mama aumentou em 33%, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica, comunidades de apoio e informação surgiram nesse contexto.

Dessa forma, ao buscar mais informações sobre o explante, Larissa encontrou comunidades em redes sociais com outras mulheres vivendo situações parecidas com a sua.

Logo, a professora decidiu iniciar seu próprio perfil para falar sobre o procedimento, antes mesmo de realizá-lo. Atualmente, a conta tem mais de 180 mil seguidores.

“Em dezembro de 2018, eu criei no intuito de orientar outras mulheres, de levar à rede social as informações de maneira clara e simples, para que outras mulheres tivessem acesso, além do grupo fechado que nós temos no Facebook”, explica a professora, que conta que a página chamada Explante de Silicone tem alcance mensal de três milhões de pessoas.

“É sensacional ver que, um dia, eu fui ajudada por uma pessoa, porque foi através de um comentário em rede social que eu cheguei ao grupo; e dessa pessoa que, um dia, comentou sem saber que poderia ajudar tanta gente, eu hoje ajudo outras pessoas. Isso é muito gratificante”, complementa Larissa.

“Com dez anos de prótese, minha cabeça mudou”

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Sendo assim, uma das pessoas que recebeu informações decisivas no perfil de Larissa foi a jornalista Poliana Costa, de 37 anos. Entre dezembro de 2011 e abril de 2022, ela viveu com silicone.

“Na época, quando eu devia estar com uns sete anos de prótese, eu senti algumas dobras no silicone. Eu fazia exames que mostravam que tinha dobras, mas parecia estar íntegro. Então, não tinha motivo para troca, só se eu quisesse mesmo, mas não precisava”, lembra a jornalista.

“De fato, eu não queria passar por uma nova cirurgia para colocar uma nova prótese. Aquilo, para mim, seria apenas para resolver um problema que eu via. Até então, era um mundo desconhecido. Eu realmente fiquei com brilhos nos olhos quando eu descobri que existia uma possibilidade de tirar”, conta Poliana.

Questão de perspectiva

O cirurgião Fernando Amato explica que, para além das paciente que apresentam complicações, ainda existem aquelas que simplesmente ficam insatisfeitas com a prótese.

“A gente tem o próprio modismo da mulher se enxergando de maneira diferente, se redescobrindo, de ter uma mama menor; as próprias pacientes que têm prótese, pelo fato de fazerem várias cirurgias para trocarem esses implantes ao longo da vida, de sofrerem interferência do tempo, da gravidade, da amamentação, do ganho e perda de peso, que acabam mudando o formato da mama com o tempo, optam, no momento de fazer a cirurgia, por retirar o implante e reconstruir a mama com o que ainda tem de tecido remanescente”, destaca Amato.

Por sua mudança de como se enxergava, Poliana optou pelo explante. “Com dez anos de prótese, minha cabeça mudou. Comecei a dar muito valor ao movimento do corpo livre, de homens e mulheres terem a liberdade de ter o próprio corpo de várias formas. Veio a preocupação e a briga interna. Eu pensei ‘poxa, eu falo tanto em aceitação, mas eu mesmo tenho próteses’”, explica a jornalista.

“Considero que foi a melhor escolha. Inclusive, o resultado foi surpreendente porque eu achei que eu fosse ficar com o peito ‘p’/’pp’, mas ficou ótimo. O tamanho, em relação ao que era antes, tem até gente que diz ‘tu tirou mesmo esse silicone? Porque está grande teu peito’”, revela a jornalista.

Fonte: G1

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