A cada dia que passa, nós chegamos mais perto do colapso ambiental. Problemas no meio ambiente, como aquecimento global e buraco na camada de ozônio, são uma ameaça à vida humana, como também é um perigo para a permanência de qualquer ser vivo no planeta Terra. Mas um dos problemas ambientais que mais preocupam é a poluição, e suas consequências.
Dessas, uma forma que está mais evidente é a poluição de plástico que é descartado na natureza. O material pode demorar até mais de 600 anos para se decompor no meio ambiente.
E alguns micróbios do solo, que são adeptos de usinas de reciclagem, desenvolveram um gosto pelo plástico. Inesperadamente, alguns anos atrás, os cientistas estavam mexendo com um desses organismos.
Logo, eles criaram, acidentalmente, uma enzima mutante que consegue devorar 20% mais plástico do que sua versão natural.
Enzima
Depois de dois anos, a mesma equipe se superou. Eles combinaram uma enzima recém descoberta com a versão antiga. Com isso, eles criaram uma nova enzima super mutante que decompõe o PET com eficácia.
Então, o aumento enorme da eficiência pode representar um possível caminho para a reciclagem de plásticos no futuro. Embora, até o momento, a maneira mais eficiente de gerenciar a poluição é evitar produtos de plástico.
Atualmente, o lixo plástico invadiu o mundo todo. E o PET é o termoplástico mais comum, sendo usado em garrafas de água e roupas.
O plástico leva séculos para se decompor totalmente no mundo natural. Felizmente, alguns micróbios descobriram como mastigá-lo em poucos dias.
Em suma, o primeiro organismo foi descoberto em 2016 em uma usina de reciclagem no Japão. Ele se chama Ideonella sakaiensis. No decorrer dos anos, pesquisas mostraram que ele secreta uma enzima que degrada o plástico. Ela se chama PETase e quebra garrafas PET de água.
Posteriormente, logo depois, foi descoberto um segundo que se chama MHETase. Essas duas enzimas juntas fazem uma parceria perfeita para destruir o plástico.
Plástico
Enquanto a PETase decompõe a superfície dos plásticos, segundo os pesquisadores, a nova enzima retalha ainda mais as coisas. Ao fim restando blocos de construção básico e com a promessa de reciclar o plástico por completo.
“Pareceu natural ver se poderíamos usá-los juntos, imitando o que acontece na natureza”, explicou o biólogo estrutural John McGeehan, que faz parte da pesquisa na Universidade de Portsmouth.
Então, a mistura simples do PETase com a nova enzima MHETase foi suficiente para dobrar a degradação do PET. E quando os cientistas ligaram os dois fisicamente eles funcionaram ainda melhor.
“Foi preciso muito trabalho dos dois lados do Atlântico, mas valeu a pena o esforço. Ficamos muito satisfeitos em ver que nossa nova enzima quimérica é até três vezes mais rápida do que as enzimas separadas que evoluíram naturalmente. Abrindo novos caminhos para melhorias futuras”, disse McGeeham.
De fato, não é uma coisa incomum de se ver na natureza enzimas secretadas por micróbios trabalharem lado a lado quebrando a celulose e outras estruturas celulares resistentes.
“Dado que os sistemas microbianos naturais evoluíram ao longo de milhões de anos para degradar de forma otimizada os polímeros recalcitrantes, talvez não seja surpreendente. Em retrospecto, que uma bactéria do solo como I. sakaiensis desenvolveu a capacidade de utilizar um sistema de duas enzimas”, escreveram os autores.
“No futuro, o projeto de sistemas multienzimáticos para despolimerização de resíduos de polímeros mistos é uma área promissora e frutífera para investigação contínua”, concluíram.