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O brasileiro que viveu 51 anos em um hospital

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Um brasileiro ganhou a atenção da mídia e o carinho da população ao longo de vários anos. Paulo Henrique Machado, conhecido como Paulinho, viveu 51 anos dentro do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ele foi internado com um ano e meio de idade após contrair poliomielite e, desde então, nunca mais saiu. Infelizmente, Paulinho faleceu em 2020 em decorrência do agravamento dos problemas respiratórios que ele tinha.

A vida no hospital não o impediu de viver os sonhos que sempre teve. “Vale muito a pena viver”, era o principal bordão usado por Paulinho ao iniciar os vídeos que fazia nas redes sociais. Com imenso amor pela vida, o paciente estudou, aprendeu a ler e a escrever e fez diversos cursos na área de software e de informática. Tudo isso sem sair do hospital.

Folhapress

As redes sociais de Paulinho eram bastante movimentadas. Pelo YouTube, Facebook, Instagram e através de outras plataformas, o homem compartilhava diversos de seus momentos com os fãs. “Eu tenho uma vida muito vivida. Eu não trocaria nada pelo que eu vivo hoje e eu preciso agradecer a tantas pessoas que entendem a minha situação e estão ali para me ajudar”, disse em um vídeo publicado nas redes sociais em 2019.

A realização dos sonhos de Paulinho

Foi a paixão pela tecnologia, games, cinema e pela cultura geek que moveu o paciente a transformar as suas vivências em uma série de desenhos animados voltada ao público infantil. “As Aventuras de Léca e Seus Amigos” conta a história de sete crianças com deficiência física e ainda relembra amigos de Paulo que não resistiram à doença.

YouTube

A homenagem da trama também ficou por conta de Léca, Eliana Zagui, vizinha de cama de Paulo e fiel companheira do paciente durante os seus anos de internação. Eliana é autora do livro “Pulmão de Aço – Uma Vida no Maior Hospital do Brasil”, que também serviu de inspiração para a criação do desenho animado.

“Pensei em uma animação com deficientes físicos. Mas não sabia se isso despertaria o interesse das pessoas. Foi então, vendo as animações com personagens deficientes feitas por um estúdio britânico de que eu gosto [Aardman Animations, especializado em animações stop-motion], que fez a ‘Fuga das Galinhas’, que pensei estar no caminho certo”, contou o paciente à época para o site da Folha de São Paulo.

Em 2013, para realizar o sonho de colocar o projeto de animação no ar, ele fez um financiamento coletivo com a meta de R$ 120 mil e conseguiu mais de R$ 148 mil com o apoio de quase duas mil pessoas. Outra etapa dos sonhos de Paulinho eram as visitas à Comic Con Experience (CCXP).

Ele ia ao evento em uma maca (já que não poderia ficar longe dela), muitas vezes vestido de cosplay. Paulo chegou a conhecer pessoalmente figuras da cultura que ele tanto admirava, como Hideo Kojima, criador da franquia “Metal Gear”, e Will Smith, ator de “Um Maluco no Pedaço”.

Paulinho

Arquivo Pessoal

Inclusive, essa admiração pelo universo do cinema, quadrinhos e games era bem visível no quarto de Paulinho no hospital, que era completamente decorado com objetos que representam esse mundo. Ele também conheceu o evento Brasil Game Show, uma feira anual de videogames, em 2015, e deu uma entrevista ao UOL vestido como um personagem da franquia “Star Wars”.

“Eu não posso estar onde eu gostaria de estar, é complicado. Mas pelo videogame, não. Eu descobri que eu posso estar no mundo, andar nesse mundo e quando mais esse mundo for aberto, mais divertido ele é para mim”, contou.

Em 2018, Paulo recebeu um convite para participar pela segunda vez da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Em uma transmissão ao vivo no canal dele no YouTube, ele contou que amou ir ao evento e revelou que já tinha escrito um livro, mas que nenhuma editora tinha se interessado em publicá-lo até aquele momento. O paciente contou que tinha uma cópia guardada e que, um dia, poderia lançar o livro caso alguma editora se interessasse.

Paixão pelo futebol

O mundo do futebol e os campeonatos que envolvem o esporte também estavam na lista de paixões de Paulo. Ao UOL, o homem contou, em 2018, que na Copa de 1982 acabou passando mal e teve que ser medicado depois da derrota brasileira. Inclusive, ficou sem comer e teve que receber soro dos médicos.

Paulinho

Facebook

A paixão pelo esporte era realmente grande e teve início com o “start” de um médico são-paulino, que cuidava de Paulinho no hospital quando criança. “O doutor Giovani, são-paulino, foi como um pai para mim. Ele quem me deu a primeira camisa do São Paulo. Mas eu ainda não entendia direito o que era futebol. Até que teve a Copa de 78, na Argentina, e vi o pessoal torcendo, aquela gritaria”, explicou ele.

O sonho de conhecer o time do coração foi realizado, em 2013, quando Paulo, junto com o aparelho de respiração artificial que o mantinha vivo, foi assistir a um jogo do São Paulo no Morumbi. “Ao vivo é algo totalmente diferente. Escutar milhares de vozes gritando. Quando a torcida comemorou um gol, pensei ‘mas que loucura é essa’?”, disse ao UOL.

Fonte: UOL

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