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O que está por trás da máscara do DJ Marshmello

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Um dos grandes nomes da música eletrônica tem enormes olhos em forma de X e um sorriso formado por uma linha. No entanto, não se deve esperar ver a verdadeira face do DJ Marshmello, que se apresenta no Rock In Rio no dia 3 de setembro, mesma noite de Post Malone e Alok.

Marshmello cobre o rosto com uma espécie de balde em forma de marshmallow desde que começou a se apresentar nos festivais em 2015. Sites especializados no gênero ligam sua identidade à do DJ americano Chris Comstock, conhecido como Dotcom, porém, a informação nunca foi confirmada.

O músico, que ficou famoso com um remix de “Where are ü now”, de Jack Ü e Justin Bieber, cede poucas entrevistas e muito pouco se sabe sobre a sua origem. Em uma biografia oficial, ele explica porque decidiu esconder o rosto: “Eu só quero fazer boa música. E para isso não é necessário você saber quem eu sou.”

Junto a Marshmello, surgiu outros DJs mascarados, entre eles o canadense Deadmau5 e o duo francês Daft Punk. Eles fazem parte de uma linhagem de artistas que fazem do mistério seu maior merchandising, entre eles estão nomes como Sia, Kiss, Slipknot e Gorillaz.

No entanto, o que está por trás do enigma?

O que diz um especialista

Foto: Divulgação/ G1

A maioria dos mascarados cita a privacidade ou a “valorização da arte em detrimento da imagem” como motivação.

No entanto, para Thiago Soares, professor e pesquisador de música e cultura pop da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é impossível definir apenas um elemento para explicar o comportamento de todos esses artistas. Ele faz algumas análises.

“No caso do Kiss, por exemplo, a maquiagem forte esconde até a idade deles. Eles envelhecem, mas não sofrem a repercussão disso. A máscara também redime um pouco esse lugar”, avalia. “Sobre a Sia, acredito que haja de fato uma estratégia poética. Também há uma crítica ao formato da música pop, ao artista como uma figura emblemática e central.”

“Todo artista constrói uma trajetória na mídia. A máscara é um componente lúdico nessa narrativa, é uma convocação para desvendar”, acrescenta

Já no caso de Marshmello, o pesquisador analisa que “uma interpretação pode ser a crítica à supervalorização dos DJs, a essa coisa do DJ popstar”.

“Me parece que ele também usa uma estética ligada à cultura digital, do emoji. A lógica do mascarado, do anônimo, também está muito presente na internet, com elementos como a máscara de ‘V de vingança’, o fake, o post anônimo”, complementa sobre Marshmello.

Soares ainda acrescenta que o uso de máscaras é mais antigo que qualquer astro do pop. “Não é uma coisa contemporânea. Faz parte da tradição do entretenimento a dimensão circense, cênica, que flerta com o teatro”, explica. “Os atores usavam as máscaras para encenar emoções. Essa ideia de esconder o rosto surgiu a partir do crescimento da visibilidade.”

O ponto de vista de um mascarado

Foto: Jamile Alves/ G1 AM

As celebridades da internet também usam as máscaras para criar seus próprios enigmas. Thiago “Zangado” é um dos brasileiros anônimos mais famosos entre os youtubers, com quase 4 milhões de seguidores. Ele esconde o rosto desde que iniciou seu canal.

“Moro em uma cidade pequena e sou engenheiro. Não queria que a fama interferisse na minha vida e no meu trabalho”, disse em entrevista ao G1. “Concordo também com o ponto de vista do Slipknot e do Daft Punk, que querem que os fãs se concentrem nas músicas deles. No meu caso, nas coisas que eu digo e no exemplo que eu passo.”

Assim como Marshmello, Zangado aponta que “as ideias são mais importantes que a imagem”, principalmente quando se fala com jovens. Por isso, ele acredita que a máscara ajuda a passar as mensagens certas. “Todo artista deve ter um legado. Quando vou a um evento, sempre procuro mostrar a importância dos estudos, do relacionamento com a família, do respeito pelas diferenças… É o meu legado.”

No entanto, o pesquisador da UFPE afirma que é preciso ter cuidado com o discurso do “não quero ser famoso”, especialmente na internet, onde a relação entre as máscaras e a vida real é mais turva.

“No caso dos youtubers, parece muito um discurso de marketing pessoal, de querer se diferenciar dos outros”, disse ao G1. “O artista tem um palco. Para o youtuber, o palco é a vida dele. Estamos entrando em um momento de tanta visibilidade que o privado virou cênico. É a tirania da intimidade.”

Fonte: G1

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