Os olhos são uma parte muito importante do nosso corpo. Para muitas pessoas, eles são as janelas da alma. Mas, para os cientistas, eles podem funcionar como um prelúdio de doenças. Nesse ínterim, um diagnóstico precoce, preciso e simples é importante em quase todos os problemas de saúde. De acordo com pesquisas recentes, a retina pode ter muito mais a dizer que se pensava.
Nesse sentido, os estudos sugerem que varreduras oculares diretas podem identificar pacientes que tem um risco maior de ter problemas cardiovasculares mais tarde em sua vida.
Ademais, se essa forma de diagnóstico puder realmente ser desenvolvida, isso seria um grande avanço para a saúde mundial. Até porque, seriam exames rápidos, não invasivos e confiáveis. Além do fato de que quanto mais cedo se souber de um risco de doença cardíaca, mais o médico e o paciente podem fazer o que for preciso para preveni-la.
Retina
O foco dessa abordagem nova é um algoritmo de aprendizado profundo. Ele é um tipo de método de aprendizado de inteligência artificial que se baseia em uma rede neural. Também pode ser treinado em grandes conjuntos de dados para identificar padrões específicos.
Nesse caso em específico, os pesquisadores treinaram esse método para procurar pequenas alterações nos vasos sanguíneos da retina. Essa relação entre retina e doenças cardíacas já foi discutida de forma ampla na literatura médica anteriormente.
Os pesquisadores disseram, em um novo artigo, que a ferramenta conseguiu prever o risco de futuros infartos do miocárdio com uma precisão de cerca de 70%.
“O sistema de IA tem o potencial de identificar indivíduos que participam de exames oftalmológicos de rotina que estão em maior risco futuro de doenças cardiovasculares. Por meio desse sistema os tratamentos preventivos podem ser iniciados mais cedo para prevenir doenças cardiovasculares prematuras”, disse Chris Gale, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
Risco
Para que o método fosse construído, o software de computador analisou os exames de retina e exames cardíacos de 5.663 pessoas no banco de dados do Biobank do Reino Unido. Nesse ínterim, o sistema foi programado para relacionar as variações em um exame com as variações de outro.
Como resultado, depois de ter passado pelo processo de treinamento e aprender os padrões que surgiram, a IA conseguiu correlacionar a saúde do coração pelos vasos sanguíneos na retina. A relação principal foi o tamanho e a eficiência de bombeamento do ventrículo esquerdo do coração. Isso já tinha sido anteriormente associado a uma probabilidade maior de doença cardíaca.
Ademais, essa estimativa foi combinada com os dados que englobavam idade, sexo e informações demográficas básicas. Como resultado, chegou-se a uma avaliação geral de risco. O que, por sua vez, de acordo com os pesquisadores, poderia eventualmente ser usado como um método de referência secundário.
“O sistema de IA é uma excelente ferramenta para desvendar os padrões complexos que existem na natureza, e foi isso que descobrimos. Observamos o intrincado padrão de alterações na retina ligadas a alterações no coração”, disse Sven Plein, professor de medicina cardiovascular da Universidade de Leeds.
Possibilidade
Atualmente, para se avaliar o ventrículo esquerdo é preciso exames caros e que precisam ser feitos em um hospital. Para muitas pessoas, isso quer dizer problemas de acesso e disponibilidade.
Portanto, os exames de retina, que já são feitos rotineiramente nas clínicas de oftalmologia, podem ter a IA combinada para uma análise de risco de doença cardíaca.
Ademais, como milhões de pessoas morrem anualmente todos os anos por conta de doenças cardiovasculares no mundo todo, essa nova forma de avaliação através da retina tem chance de fazer a diferença, ainda que mais estudos ainda sejam necessários.
Fonte: Science Alert
Imagens: Webeye, Retina pro, Horegistro