Curiosidades

Pessoas estão pagando muito pelos enterros na lua e isso pode estar passando dos limites

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Em 1969, os Estados Unidos fizeram a primeira viagem até a lua. E no dia oito de janeiro desse ano, a NASA voltou ao nosso satélite natural pela primeira vez em 50 anos. No entanto, essa missão tinha mais riscos do que somente os 108 milhões de dólares gastos para o desenvolvimento de equipamentos.

Isso porque a agência americana despertou a ira do povo navajo nativo norte-americano que até tentou impedir o lançamento da missão por conta de algo bem fora do comum que estava na carga da missão.

No caso, a sonda Peregrine levava consigo cinzas humanas, dentre elas, as do famoso autor de ficção científica Arthur C. Clarke. Além delas, por conta de uma parceria comercial, aqueles que quisessem e pudessem pagar poderiam enviar suas lembranças para a lua.

Isso mostra que conforme a exploração espacial fica mais privatizada e comercial, mais pessoas têm a possibilidade de enviar suas coisas preferidas para a lua. Contudo, o que isso significa em termos legais e éticos?

Envios para a lua

NASA

A dona do Peregrine é a empresa norte-americana Astrobotic. A sonda, que é do tamanho de um carro pequeno, tem a bordo “vasilhas personalizadas”. Essa ideia veio da parceria da empresa com a transportadora global DHL.

Com o acordo firmado por elas, qualquer pessoa poderia enviar pacotes de até dois centímetros e meio por cinco centímetros para a lua gastando menos de 500 dólares. E o tamanho não era a única restrição do que poderia ser enviado.

A Astrobotic foi fundada em 2007 e é uma das várias empresas norte-americanas que prestam serviços comerciais de carga lunar à NASA para levar tecnologia e ciência até a lua. Por isso que, além dos objetos das pessoas, o Peregrine levou instrumentos científicos de seis países e várias equipes científicas.

E muitos podem ficar surpresos em saber que enviar cinzas para a lua não é algo novo, tanto em voos suborbitais e orbitais da Terra. Tanto é que isso é um negócio feito por duas empresas norte-americanas, a Celestis e Elysium Space. E muitas pessoas, incluindo astronautas que vivem no espaço, usam esse serviço.

Para quem tem curiosidade, um enterro na lua custa aproximadamente 13 mil dólares, equivalente a quase 64 mil reais.

Se a sonda Peregrine tivesse conseguido, ela teria feito o primeiro enterro lunar comercial. Mas esse é um território desconhecido conforme outros mundos são alcançáveis por nós.

Por conta disso, a NASA fez o compromisso de fazer uma consulta no futuro, já que, como várias outras culturas indígenas, o povo navajo considera a lua sagrada e por isso são opostos a usá-la como memorial.

Cinzas no espaço

Correio braziliense

Outro fator é com relação às regras que cada país tem a respeito de onde e como as cinzas humanas podem ser localizadas, manuseadas e transportadas. Por exemplo, na Alemanha, as cinzas têm que ser enterradas em um cemitério. Esses fatores podem também ser implementados no espaço.

E conforme a privatização do espaço se acelera, esse labirinto ético e jurídico fica mais profundo. De acordo com o Tratado do Espaço Exterior (OST), o espaço é uma “província de toda a humanidade” e proíbe a apropriação nacional. Contudo, ele não toca no caso do que as empresas privadas e pessoas podem ou não fazer.

Recentemente foi assinado o Acordo Artemis, no qual 32 países concordaram em expandir a proteção dos locais lunares que têm uma importância histórica. No entanto, essas proteções são somente para governos e não missões comerciais.

Além disso, ninguém é dono da lua, ou de qualquer outro corpo celeste, para que direitos de sepultamento sejam concedidos. O que o acordo exige dos países é que eles autorizem e supervisionem atividades no espaço e tenham o “devido respeito” pelos interesses das outras nações.

Objetos

Welt

Levar cinzas para a lua ainda pode ser uma questão, mas isso não quer dizer que já não existam coisas em nosso satélite natural. Por mais que a maioria de nós pense que a ida do homem à lua rendeu apenas uma frase icônica, e deixou por lá apenas algumas pegadas e a bandeira dos Estados Unidos, nosso satélite natural tem nele mais de 180 toneladas de objetos feitos por humanos, como lenços, medalhões e até mesmo uma foto de família.

A maior parte dos objetos que estão na lua são destroços de espaçonaves. Todavia, alguns objetos foram deixados lá de propósito pelos próprios astronautas. São esses objetos que contribuem para o acúmulo de “lixo” lunar e transforma a lua em um verdadeiro museu.

Ao longo de várias décadas, os astronautas já passaram aproximadamente 30 horas na superfície lunar. Durante essas horas, cerca de 181 mil quilos de lixo foram deixados para trás. A priori, esse número parece absurdo, mas ele faz sentido, levando em consideração que entre esses objetos estão alguns bem pesados, como por exemplo, sondas.

Vários dos objetos que estão hoje na lua foram selecionados para serem relíquias de toda a exploração humana do espaço. Alguns foram deixados lá porque era preciso diminuir o peso da aeronave para que a volta dos astronautas para a Terra fosse mais segura.

Assim, a maior parte do lixo foi deixada por astronautas da NASA entre 1969 e 1972. O resto dos objetos vieram das agências de exploração espacial de outros países em missões não tripuladas, como por exemplo, da Rússia, do Japão, da Índia e de países europeus.

É claro que essa quantidade toda de resíduos deixados em nosso satélite natural pode assustar as pessoas. Ademais, a lista desses objetos é bastante curiosa.

Dentre todos os objetos, o que é considerado o mais inusitado é um retrato de família. A foto pertence ao astronauta Charles Duke. Na foto que está na lua, ele está do lado de sua esposa e seus dois filhos. Atrás da imagem está escrito “esta é a família do astronauta Charlie Duke do planeta Terra, que pousou na lua em 20 de abril, 1972”.

Além dessa foto, na lua também tem uma pena de falcão e um martelo. Esses objetos foram deixados para testar a teoria de Galileu Galilei de que a gravidade “puxa todos os objetos da mesma maneira, não importa o peso”. Para prová-la, um astronauta derrubou, ao mesmo tempo, a pena de falcão e o martelo para ver se eles chegariam no chão ao mesmo tempo. Esses objetos foram deixados por lá.

Outras coisas deixadas na lua são sacos de urina, fezes e vômito. Os astronautas deixaram quase uma centena deles em solo lunar para poder trazer de volta amostras do nosso satélite.

Mais uma coisa estranha deixada na lua foram bolas de golfe. Elas estão lá porque, na missão Apollo 13, um astronauta jogou uma partida de golfe na lua. Assim, as bolas que ele usou ficaram por lá. Ele trouxe de volta para a Terra apenas o taco, que atualmente está no Museu da Associação de Golfe dos Estados Unidos, em Nova Jersey.

Fonte: Science alert, Galileu

Imagens: NASA, WeltCorrieo Braziliense

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