Curiosidades

Por que copiamos os hábitos de “ricos e famosos”?

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Quase toda semana nos deparamos com notícias descrevendo hábitos de famosos e apontando que, utilizando as mesmas técnicas, nós também podemos conseguir fama e fortuna.

Alguns conselhos são realmente positivos, como por exemplo, Ariana Huffington, da empresa americana Thrive Global, que prioriza o sono em nome da produtividade, incluindo um ritual na hora de dormir em que ela desliga todos os aparelhos, de acordo com matéria da BBC.

Também existem técnicas mais peculiares, como Bill Gates, que balança para frente e para trás na cadeira enquanto raciocina, um meio corporal de concentrar a mente. Já Beethoven contava exatamente 60 grãos de café para cada xícara que ele tomava para alimentar seu processo criativo.

Por que as pessoas de sucesso seguem hábitos excêntricos e por que queremos imitá-los? A resposta para isso é em um processo psicológico poderoso conhecido como “aprendizado supersticioso”.

O cérebro está sempre procurando associações entre dois eventos. Na maior parte das vezes isso é correto, no entanto, algumas vezes confunde coincidência com causalidade, o que nos leva a atribuir o sucesso a algo arbitrário, como quantidade de grãos de café, e não ao talento ou à dedicação ao trabalho.

Quando sabemos do sucesso dos outros, acabamos copiando seus hábitos, até mesmo os mais excêntricos. No entanto, isso não significa que os hábitos resultantes sejam completamente isentos de benefícios. Ao nos fornecer autodeterminação, os rituais podem nos ajudar a superar a ansiedade e até a trazer um impulso considerável para o nosso desempenho.

O desempenho dos pombos

Foto: Pixabay

Os estudos científicos do aprendizado supersticioso começaram no final dos anos 1940, com a pesquisa do psicólogo norte-americano B. F. Skinner. Ele se interessou pelo processo de aprendizado por condicionamento, que usamos para ensinar os animais a fazer truques. 

Skinner se perguntou se os animais poderiam associar comportamentos aleatórios a recompensas. Por exemplo, se um animal se movimentasse de uma forma específica quando recebesse oferta de comida, ele saberia que o alimento era uma recompensa pelo movimento.

Para entender isso,  Skinner pegou um grupo de pombos famintos e instalou um dispositivo que os alimentava em intervalos regulares na sua gaiola. Com isso, ele descobriu que os pombos começaram a ter comportamentos peculiares sempre que ficavam com fome.

Skinner descreveu o comportamento das aves como uma espécie de superstição e apontou que um processo psicológico similar poderia acontecer em muitos hábitos humanos.

Apesar dos resultados iniciais de Skinner serem questionados por outros cientistas, experimentos posteriores confirmaram significativamente sua ideia geral. Aparentemente, nosso cérebro está sempre procurando associações entre nosso comportamento, nosso ambiente e as recompensas que buscamos.

Novos estudos

Foto: Getty Images/ BBC

“A superstição é um tipo de comportamento repetitivo que surge a partir de algo que normalmente é muito bom – a capacidade de previsão do cérebro”, afirma Elena Daprati, neurocientista da Universidade de Roma Tor Vergata, na Itália.

As pesquisas de Daprati trouxeram mais evidências a favor dessa teoria. Um estudo apontou que diferenças individuais do aprendizado implícito podem informar por que algumas pessoas têm mais hábitos supersticiosos do que outras.

Em uma tarefa, os participantes precisavam identificar se uma série de formas eram idênticas ou diferentes das anteriores. No entanto, os participantes não sabiam que a partir da cor da forma anterior, era possível identificar a próxima tela. Os participantes que perceberam isso conseguiram concentrar sua atenção e fazer sua escolha com mais rapidez.

Antes do teste, os participantes responderam a um questionário para medir o quanto eles eram supersticiosos na sua vida diária. E a conclusão foi que os “indivíduos supersticiosos geralmente detectam essa indicação e a utilizam”.

No cotidiano, esse aprendizado associativo pode nos levar a usar uma caneta “da sorte” que parece gerar boas notas nas provas. Além disso, as tarefas criativas possuem diversas incertezas, o que pode explicar por que pessoas como Gates, Beethoven e Dickens adotavam comportamentos específicos para fazer seus pensamentos fluírem.

O problema de copiar os hábitos

Foto: Thinkstock

O problema da imitação excessiva é que podemos seguir os hábitos das pessoas famosas e bem-sucedidas como se fossem verdade absoluta.

Uma razão para isso é que os seres humanos são criaturas sociais. Estamos sempre dispostos a procurar pessoas com status mais alto em busca de conselhos.

Além disso, estudos apontam que temos a tendência de “imitar excessivamente” quando aprendemos algo com outras pessoas, copiamos as suas ações, mesmo quando não existe razão óbvia.

Às vezes nem questionamos porque imitamos os hábitos. Por isso, pode ser natural que ao ler a biografia de um escritor famoso ou assistir a uma entrevista com um bilionário, sejamos tentados a copiar hábitos peculiares esperando conseguir o mesmo sucesso, sem considerar outros fatores, como sorte e esforço.

Mas não deixe de acreditar nos hábitos

Foto: Getty Images/ BBC

O recomendado é que ao tomar uma decisão importante, devemos aplicar nosso pensamento crítico para questionar as nossas premissas e suas evidências

No entanto, os hábitos que exigem poucos esforços podem ser importantes para ajudar a se sentir mais concentrado e determinado, além de ajudar a reduzir o estresse.

Isso porque a sensação de que você está fazendo algo positivo pode alterar os próprios resultados.

Fonte: BBC

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