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Por que o Canal do Panamá está ficando sem água?

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Em agosto de 1914 foi inaugurado oficialmente o Canal do Panamá. A hidrovia norte-americana construída para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. Ele foi uma das maiores obras de engenharia latino-americana do século XX. E também a rota mais curta entre os dois oceanos.

Pelo canal passa quase 6% do comércio mundial. E anualmente, mais de 12 mil embarcações vão de um lado para o outro com suas mercadorias e passageiros. Tudo isso envolve mais de 140 rotas e 160 países.

É claro que com esses números impressionantes dá para ver que o canal é bastante importante. Mas, desde o ano passado, essa via artificial vem passando por uma das suas piores crises naturais. E não tem nada a ver com os esforços para manter o funcionamento do canal em tempos de pandemia. O que está acontecendo é que está faltando água.

A Autoridade do Canal, que é  o órgão público que o administra, disse em um comunicado que a queda de 20% nas chuvas, em 2019, colocou em xeque o mecanismo complicado de eclusas que movimenta os navios de um oceano para o outro. Esse foi o quinto ano mais seco em sete décadas.

“Tivemos um ano extremamente seco. E isso nos levou a implementar várias medidas para garantir a conservação dos recursos hídricos”, explica Carlos A. Vargas, vice-presidente de água e meio ambiente do Canal do Panamá.

Seca

Por causa disso, já em 2019, as autoridades do canal diminuíram a quantidade de embarcações que atravessavam o canal todos os dias. A medida foi tomada em uma tentativa de economizar água.

Começando em fevereiro desse ano, todas as embarcações que passam pelo canal tem que pagar pela água doce que consomem. Essa tarifa pode chegar até 10 mil dólares dependendo do tamanho do barco. E muda também de acordo com uma variável em relação ao nível do lago ligado ao canal no dia em que o barco for atravessar.

De acordo com a Autoridade do Canal, logo no começo de maio era possível ver que a estratégia estava dando sinais positivos. E o nível de água do lago que dá o funcionamento ao canal tinha dado uma margem para um aumento de navios que transitam ali.

E mesmo com a estação de chuva se aproximando, os meteorologistas panamenhos não conseguiram chegar em um acordo para o que eles tem que esperar esse ano.

Abastecimento

Segundo Gustavo Cárdenas Castillero, geógrafo e hidrólogo panamenho, um dos vários problemas técnicos que os engenheiros enfrentam é o desnível entre os dois oceanos e a parte terrestre entre eles.

“Para resolver isso, foi criado um sistema de eclusas que usa água doce oriunda de um lago artificial, o Gatún, projetado para lidar com esse desnível”, explica.

Para fazer a barragem foi preciso inundar cidades e enterrar montanhas. O que também ajudou para suprimento de água potável em grande parte do país.

“Gatun é a principal porção artificial de água que os navios usam para se mover através do canal. E é o que alimenta as eclusas de água doce. Gasta-se uma média de 50 milhões de galões de água a cada trajeto completo do Atlântico para o Pacífico através das antigas eclusas”, disse Castillero.

Esse gasto gigantesco de água conseguiria encher 75 piscinas olímpicas. E em dias normais passam aproximadamente 35 embarcações, o que dá um total de mais de 2,6 mil piscinas olímpicas.

De acordo com Vargas, o projeto de novas eclusas para o canal teve o intuito de resolver esse problema. O projeto foi elaborado no começo do século e concluído há quatro anos.

“Nas novas eclusas, há três pontos que permitem otimizar o uso da água. O canal de navegação ficou mais profundo, a fim de garantir um maior calado, o nível de operação do lago Gatún foi elevado. E um sistema de reúso de água, que reduz o consumo em até 60%”, explica.

Mesmo assim, o canal gasta quase 30 piscinas olímpicas de água doce para cada barco que passa por ele.

Pandemia

Mesmo nesses tempos em que vivemos, a administração do canal disse que as taxas de água continuarão sendo cobradas, mesmo se os níveis do Gatún estiverem recuperados. E existem também as incertezas do impacto que a pandemia terá no tráfego marítimo mundial. Até o momento, aconteceu uma pequena baixa do número de navios por dia de 35 para 34.

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