É comum nessa época do ano as comparações entre ovo de Páscoa e barra de chocolate. Sempre que questionadas a respeito das diferenças de valores, as empresas que fabricam os chocolates atribuem a “culpa” ao processo de produção, custo de logística e embalagens. A sazonalidade da produção também promove forte influência sobre o preço do produto final.
De acordo com especialistas, embora a matéria-prima das duas coisas seja a mesma, existem peculiaridades na produção do ovo de Páscoa que o consumidor não vê e isso justificaria a discrepância nos preços.
“O ovo pode ter o mesmo peso que uma barra de chocolate, mas tem uma cadeia logística diferente”, afirmou Ahmed El Khatib, coordenador do Instituto de Finanças da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado).
Ovo de Páscoa
Então, quais são os custos da produção? O aumento da produção de ovo de Páscoa para o feriado faz com que se use mais máquinas para que a demanda seja suprida. “A produção para a Páscoa é tão intensa que a indústria precisa de máquinas adicionais, que só vão trabalhar nesse período e é preciso embutir o custo da máquina inteira nos ovos produzidos”, pontuou Renato Veloni, economista e professor no Ibmec-SP.
Depois que os chocolates ficam prontos, as cascas dos ovos são unidas e então as coisas são colocadas dentro do ovo, seja brinquedos ou bombons. Por fim, o ovo de Páscoa é embalado.
Se o ovo for um produto infantil ele ainda tem um custo adicional, que são os produtos que vêm neles com a imagem dos personagens infantis da moda. Isso pode gerar um custo de royalties, ou seja, um licença que tem que ser paga pela empresa de chocolate à empresa que detém os direitos comerciais de determinado personagem.
Produção
Por mais que o processo de produção dos ovos de Páscoa possa ser industrializado, quem os embala é uma pessoa só. Todo esse processo de embalagem do ovo é feito manualmente por ele ser um produto delicado. Em comparação, as barras de chocolate têm um processo mais automatizado. Esse é outro ponto que faz com que o ovo de Páscoa seja mais carro do que a barra.
No ano passado, a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Assertem) estimou que foram geradas mais de 42 mil vagas no primeiro trimestre do ano justamente por causa da Páscoa.
Os custos adicionais que fazem os ovos de Páscoa serem mais caros do que as barras de chocolate não param por aí. Isso porque existe a questão de onde essa mercadoria é armazenada.
“Os produtos permanecem armazenados em condições de temperatura e umidade totalmente controlados e exigem uma logística muito mais trabalhosa. Cada caminhão leva menos do que sua capacidade de carga pela delicadeza do produto”, pontuou Ubiracy Fonsêca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
Custos
Então, o transporte para o lugar de armazenamento e para os postos de venda é mais caro do que o transporte de barras de chocolate. Além do que, por conta do ovo de Páscoa ser um produto frágil, o caminhão que o leva transporta bem menos mercadoria. Como resultado, são necessárias muito mais viagens.
Como se não bastasse todos esses custos que encarecem o ovo de Páscoa, as empresas ainda incluem uma taxa de desperdício no custo fixo do produto. Até porque, não são todos os ovos que acabam sendo vendidos.
“A produção é gigantesca, se a indústria não vende 5% do que foi produzido, não pode ter prejuízo. O empresário pode até trazer os ovos de volta para a fábrica e usar a matéria-prima, mas o custo do chocolate é a menor parte”, disse Veloni.
Segundo os especialistas, o chocolate deve equivaler entre 25 e 30% do custo final do ovo de Páscoa. O resto do preço fica por conta da embalagem, funcionários, frete, armazenamento, marketing e demais custos.
Fonte: UOL