Curiosidades

Por que os povos do passado não reconheciam a cor azul?

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As cores fazem parte da vida da maioria das pessoas, desde que somos bebês e aprendemos a distingui-las. Acredita-se que as pessoas sejam capazes de enxergar cerca de um milhão de cores e tonalidades. E uma coisa, bastante curiosa, é que nem todas as pessoas veem as cores da mesma forma.

O azul, que uma pessoa enxerga quando olha para o céu, pode não ser o mesmo de alguém que olhou para ele, no mesmo instante. Mais intrigante ainda, é que algumas pessoas podem nem reconhecer a cor, que para muitos é bastante comum.

O linguista, Guy Deutscher, estava pesquisando como a linguagem afeta a forma como as pessoas veem o mundo. E ele acabou se dedicando a um tema específico, a falta de referência à cor azul, em vários textos antigos de diversas civilizações antigas.

Quem foi o primeiro a notar essa curiosidade foi o britânico, William Ewart Gladstone. Ele foi quatro vezes primeiro-ministro e gostava muito das obras de Homero.

Pesquisa

E tanto em “A ilíada” e “A odisseia”, o autor usa frases como “a aurora com seus dedos rosados”, mas não fala do celeste, índigo ou anil. Por causa disso, Gladstone reviu os dois textos e prestou atenção às cores que eram mencionadas.

Fazendo isso, ele viu que, enquanto o branco era mencionado cem vezes e o preto quase 200, as outras cores não tinham tanto destaque. O vermelho, por exemplo, foi citado menos de 15 vezes e o verde e amarelo, menos de dez.

Para confirmar o que tinha visto, ele leu outras obras, escritas em grego, e viu que o azul nunca aparecia. Com isso, ele concluiu que a civilização grega não tinha, na época, o senso de cor desenvolvido. E eles viviam em um mundo preto e branco, com algumas nuances de vermelho e brilhos metálicos.

“Eles entendiam o azul com a mente, mas não com a alma”, afirma o pesquisador.

Outros estudos

O estudo de Gladstone serviu de inspiração para Lazarus Geiger, um filósofo e linguista alemão, para ver se isso se repetia em outras culturas. E a descoberta foi que sim! No Alcorão, em antigas histórias chinesas e versões antigas da bíblia em hebraico. Também nas sagas islandesas e até nas escrituras hindus, as Vedas.

“Esses hinos de mais de dez mil linhas estão cheios de descrições do céu. Quase nenhum tema é tratado com tanta frequência. O sol e o início da madrugada, o dia e a noite, as nuvens e os relâmpagos, o ar e o éter, tudo isso é contado”, explicou.

“Mas uma coisa que ninguém poderia saber por meio dessas canções é que o céu é azul”, continuou.

O que Geiger percebeu também é que o surgimento da descrição de cores, nas línguas antigas, aconteceu em uma sequência. Primeiro, apareceram as palavras para preto e branco, ou escuro e claro. Depois, veio o vermelho, do sangue, e então o amarelo e o verde. E somente no final, é que surgiu o azul.

O psicólogo, Jules Davidoff, diretor do Centro para Cognição, Computação e Cultura da Universidade de Londres, questiona o porquê dessa cor não surgir antes.

“Por que precisariam do azul para descrever algo? Quem disse que o mar e o céu são azuis? Por acaso, eles têm a mesma cor?”.

Azul

Davidoff se dedica à neuropsicologia e investiga como as pessoas reconhecem objetos, cores e nomes. Ele estudou uma tribo da Namíbia que não tem nenhuma palavra para o azul. Mas tem várias diferentes para tipos de verdes.

E na verdade, poucas coisas na natureza são azuis. E o mesmo acontece com o mar e o céu. Eles não têm sempre a mesma cor e não são objetos. Por isso, não existe motivo para “pintá-lo” com uma palavra.

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