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Porteiro com mais de 50 anos volta a estudar e se forma em direito na faculdade onde trabalha

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A maior parte da juventude é gasta em salas de aula, aprendendo fórmulas, teorias e momentos históricos que moldaram o mundo como conhecemos hoje. Porém, depois que concluímos essa etapa, é comum abandonar os cadernos por planilhas, ingressando no mercado de trabalho sem olhar para trás. Acontece que um homem de 54 anos decidiu voltar a estudar, depois de passar 36 anos inativo.

Seu nome é Darlivan Caetano e, hoje, com 64 anos, já se formou em direito na mesma faculdade onde trabalha como porteiro. Ele é morador do bairro Eldorado, na Serra, na Grande Vitória, e concluiu o ensino médio por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Então, ao concluir, ele tomou o próximo passo de ingressar no ensino superior.

“Foi uma batalha fazer a faculdade. O mais desafiador era a teoria dos primeiros períodos. A gente tem que ler muito. Eu tive a felicidade de ter algumas pessoas que me incentivavam muito. Eu dormia sentado na frente do computador, tomava muito café durante a noite para aguentar”, conta.

Embora seja comum parar de estudar após conseguir o diploma de ensino superior, Darlivan manteve sua sede de estudar e seguiu se atualizando. Dessa forma, ele já soma três pós-graduações na área.

“Eu busco muito a atualização e a leitura. O operador de direito que não lê e não se atualiza não vai ser bem sucedido. Eu tento estar sempre lendo e buscando informações. Gosto muito de pesquisa, acho super interessante o trabalho de pesquisa, não só no direito”, diz.

Juventude turbulenta

Darlivan nem sempre teve a chance de estudar com tranquilidade e foco. Isso porque, durante sua juventude, ele passou por muitas dificuldades e ainda se envolveu com drogas. Porém, há 10 anos, decidiu executar seu sonho de menino de se formar em direito. Ele recomeçou e superou todas as dificuldades que enfrentaria nessa jornada.

“Tem hora que parece que não estou vivendo uma realidade, mas é uma realidade que mexe muito comigo. Eu mesmo, me ver sentado numa cadeira de faculdade de direito, não acreditava. Eu vim da periferia, desiludido, porque fui envolvido com drogas. Olhando meu quadro anterior e vendo meu quadro atual é fantástico”, explica.

Inspiração ao vivo

Assim, o porteiro teve a ideia de voltar a estudar enquanto trabalhava. Ele acompanhava a entrada e saída dos alunos, o que o incentivou a estudar novamente. Ele acreditou que tinha potencial e vontade suficientes para voltar para a sala de aula.

“Eu esperava dar meu horário de escala, saía correndo e já chegava rapidinho. Parece engraçado, mas é real. De funcionário, porteiro, fui ser aluno”, lembra. Como o porteiro é funcionário da faculdade, ele consegue um desconto na mensalidade e aproveita os intervalos do trabalho para colocar as matérias em dia.

“Eu não marquei bobeira. Tem horário aqui que é entrada de alunos e requer muita atenção e eu ficava bem atento, mas, depois que os alunos estavam na sala de aula, ficava mais light e eu aproveitava a folguinha e ficava de olho nos livros”, conta o porteiro.

Vale destacar que, durante seus cinco anos de formação em direito, Darlivan foi uma inspiração para outros alunos e professores. “Essa dedicação dele se transformava em boas notas. Já é um senhor com mais idade, que trabalhava concomitantemente ao estudo, começando curso superior depois de muito tempo. E aquilo tudo que tendia a abandonar o curso tinha efeito contrário, era o grande combustível dele”, diz o professor Felipe Sardenberg Machado.

Próximos passos no direito

Reprodução/TV Gazeta

Dessa forma, Darlivan se prepara para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enquanto ainda trabalha como porteiro na faculdade e presta serviços de consultoria jurídica.

“Meu foco é conseguir uma estabilidade financeira, uma boa clientela e, conseguindo isso, vou alcançar degraus mais altos. Tudo é passo a passo. Enquanto isso, vou almejando meus sonhos e concretizando cada um deles”, diz.

Fonte: G1

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