O mundo todo acompanhou o processo de busca pelo submersível Titan da OceanGate que desapareceu no oceano Atlântico quando estava fazendo uma expedição até os destroços do Titanic, até que finalmente os destroços da embarcação foram encontrados. Essa tragédia está quase completando um ano e o cofundador da empresa, Guillermo Söhnlein, disse acreditar que ele pode enviar humanos para Vênus com segurança.
O cofundador da empresa que fez o Titan quer enviar humanos para Vênus, que é o segundo planeta do sistema solar mais perto do sol e conhecido por suas condições inóspitas e temperaturas altíssimas em sua superfície.
De acordo com uma publicação feita por Söhnlein em um blog, alguns dos desafios que Vênus apresenta, como dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico, “podem ser superados com equipamentos de respiração e materiais resistentes a ácidos”. Na visão dele, a temperatura de aproximadamente 464 graus Celsius não iria ser um problema no caso dos viajantes construírem uma casa a 50 km de altura, local onde supostamente tem condições parecidas com as vistas na Terra.
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“Poderíamos embarcar em nossa jornada venusiana hoje… e fazê-lo de forma segura e econômica. A realidade é que Vênus está muito mais próxima da Terra e tem uma órbita muito mais similar, o que a torna muito mais acessível do que Marte (custo menor, janelas de voo mais frequentes, tempos de trânsito mais curtos, maior segurança, etc.)”, disse ele na publicação.
O plano de Söhnlein é incentivar as pessoas super-ricas e ter pessoas suficientes para que seja criada uma comunidade formada por cientistas, exploradores e investidores privados. E mesmo com a tragédia do Titan, ele acredita que pode levar humanos para Vênus. Tanto que, em janeiro de 2020, ele fundou a Humans2Venus Foundation depois de deixar a OceanGate.
“Também não precisamos nos preocupar em realizar pousos bem-sucedidos na superfície do planeta, o que é um dos maiores desafios que nos aguarda em Marte. Pode-se argumentar que enviar humanos para Vênus ANTES de enviá-los para Marte pode ser uma maneira melhor de desenvolver com segurança as capacidades para criar uma comunidade marciana”, argumentou.
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Claro que pensar que uma pessoa envolvida com o Titan querendo levar humanos para Vênus pode ser uma coisa não muito segura. E mais impressionante ainda é ver que já se passou quase um ano dessa tragédia.
Mesmo sabendo o que aconteceu com o submersível, que no caso implodiu, os corpos dos tripulantes não devem ser recuperados. “Este é um ambiente incrivelmente implacável, lá no leito do fundo do mar, e os destroços são consistentes com uma implosão catastrófica da embarcação. Continuaremos a trabalhar e a pesquisar a área lá embaixo em busca dos destroços”, disse John Mauger, o contra-almirante.
Os destroços do Titan estão a 487 metros da proa do Titanic, que está a 3.800 metros de profundidade. Por estar tão fundo no oceano, a pressão d’água é muito forte e arriscada para mergulhadores. Além disso, a luz solar não chega até lá, o que dá pouca visibilidade para que os restos mortais dos tripulantes sejam encontrados.
De acordo com o que acreditam as autoridades, o Titan sofreu uma implosão enquanto fazia a expedição. E menos de cinco partes da embarcação foram encontradas. Dentre elas, a tampa traseira e uma parte frontal da estrutura. O sinal do submersível foi perdido 1h45 minutos depois que ele começou sua descida até os destroços do Titanic.
Os especialistas que foram ouvidos pela agência de notícias Reuters explicaram o motivo pelo qual a hipótese principal é a implosão. Isso acontece porque a maior parte, ou todos, os submersíveis e submarinos que vão até grandes profundidades têm um vaso de pressão feito por um único material metálico com alto limite de escoamento.
Normalmente, esse aço que é usado é para profundidades pequenas e o titânio para grandes profundezas. E esse vaso de pressão, seja de algum desses materiais, tem um formato esférico para suportar as pressões de esmagamento em uma profundidade de 3.800 metros, por exemplo.
Contudo, esse não era o caso do Titan. Ele tinha seu vaso de pressão feito com uma combinação de titânio e fibra de carbono, o que não é comum, já que esses materiais têm propriedades bem diferentes.
Então, o que os especialistas acreditam é que aconteceu uma perda de integridade por conta das diferenças entre os materiais, o que por sua vez criou um defeito que acabou desencadeando a implosão.
Fonte: Revista PEGN, Terra
Imagens: Hot FM, Carta Capital