O vulcão Etna, localizado na Itália, tem ganhado cada vez mais destaque nos meios de comunicação. Suas impressionantes fontes de lava, que chegam a centenas de metros de altura, e colunas piroclásticas que podem alcançar até 10 km no céu, são um espetáculo de tirar o fôlego.
Embora inspirem entusiastas de todo o mundo, essas erupções também representam uma grande preocupação para aqueles que enfrentam as consequências das enormes emissões piroclásticas. Vamos entender melhor a diferença entre erupções efusivas e explosivas.
Erupções efusivas e explosivas
Existem dois tipos principais de atividade vulcânica: efusiva e explosiva. A erupção efusiva é marcada pela liberação de lava que flui como rios. Isso ocorre porque os gases presentes no interior do vulcão conseguem escapar de forma gradual, sem causar aumento significativo de pressão.
O Etna é tradicionalmente conhecido como um exemplo clássico de vulcão com erupções predominantemente efusivas.
Por outro lado, as erupções explosivas são muito mais violentas. Elas acontecem quando há um acúmulo de gás, tanto o que sobe junto com o magma, quanto o vapor d’água gerado pelo encontro do magma com a água subterrânea ou do mar.
Durante uma erupção explosiva, são lançadas grandes quantidades de piroclastos, que incluem fragmentos de rocha, lava solidificada e cinzas.
Por exemplo, o vulcão Stromboli, também localizado na Itália, é considerado um exemplo típico de vulcão com erupções explosivas.
No entanto, algo está mudando, o que tem surpreendido os vulcanologistas.
O que está acontecendo?
Nas últimas décadas, o vulcão Etna, sempre famoso por sua atividade contínua, tem mudado seu padrão de erupção. Aos poucos, está passando de um comportamento predominantemente efusivo, pelo qual era conhecido, para uma atividade mais explosiva.
Em uma entrevista recente, o vulcanologista Boris Behncke, do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) da Itália, explicou que até a década de 1970, o Etna apresentava fenômenos paroxísticos (eventos em que a atividade vulcânica atinge níveis extremos) cerca de 1 a 3 vezes a cada década.
Contudo, desde o ano 2000, o vulcão tem registrado dezenas de paroxismos, muitas vezes em curtos intervalos. Em 2021, por exemplo, ocorreram aproximadamente 60 eventos paroxísticos, com grande emissão de material piroclástico.
Esse comportamento indica uma transição significativa para uma atividade mais explosiva. As recentes erupções explosivas da cratera Voragine estão alterando a forma do cume do vulcão.
A cratera se transformou em um cone, e o material piroclástico emitido tem preenchido tanto a Cratera Bocca Nuova quanto a Cratera Nordeste.
Quais são as consequências?
Até o momento, a recente atividade explosiva do vulcão Etna não colocou vidas em perigo nem causou a destruição de casas ou infraestruturas. No entanto, está causando inconvenientes significativos, que não eram comuns durante sua atividade efusiva anterior.
O Aeroporto Fontanarossa, em Catânia, está sofrendo de maneira particular. Quando os ventos sopram em direção ao quadrante sul, o material piroclástico se transporta para a área do aeroporto.
Com o aumento da frequência da atividade explosiva, também crescem os cancelamentos e atrasos de voos, que às vezes precisam ser desviados para outros aeroportos.
As cinzas vulcânicas na atmosfera representam um risco considerável para a aviação. Elas são altamente corrosivas, especialmente para motores a jato, podendo até bloqueá-los e apagá-los em pleno voo.
Atividade recente
Os moradores das cidades montanhosas e de Catânia têm enfrentado grandes transtornos devido à atividade explosiva do Etna. No evento que aconteceu no início de julho deste ano, estima-se que mais de 17 mil toneladas de cinzas vulcânicas caíram em Catânia.
Após a erupção explosiva de 15 de agosto de 2024, uma das maiores preocupações foi a presença das cinzas vulcânicas. Isso representa sérios riscos tanto para o trânsito quanto para a saúde das pessoas.
Quando trituradas pelos pneus dos veículos, as cinzas se transformam em um pó fino extremamente prejudicial à saúde.
Além disso, as cinzas causam uma série de problemas que afetam tanto a economia doméstica quanto a gestão pública. Os cidadãos precisam arcar com os custos de limpeza de telhados, terraços, substituição de filtros de ar nos automóveis, além do desgaste nos vidros causado pelo uso dos limpadores de para-brisa.
Ao mesmo tempo, as autoridades precisam lidar com a remoção das cinzas das áreas públicas, além de prestar assistência nas áreas privadas.
Essa mudança no comportamento do vulcão Etna está se tornando um desafio crescente para Catânia. Ela é uma cidade que ainda não se preparou para encarar esses fenômenos como parte de uma nova “normalidade” que se impõe cada vez mais.
Fonte: Tempo