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Brasileiros demoram 39 meses para procurar ajuda para depressão

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A depressão é um distúrbio afetivo que gera tristeza profunda, uma perda generalizada de interesse, falta de ânimo, prazer e algumas oscilações de humor. Mas engana-se quem pensa que existe apenas um tipo. Existem vários tons sob a tenda da depressão.

E por mais que estamos vivendo um momento em que falar sobre saúde mental não é mais um tabu, isso não quer dizer que as pessoas estão procurando ajuda precocemente. Tanto que, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido da empresa farmacêutica Janssen, os brasileiros demoram, em média, 39 meses, isso mesmo, três anos e três meses, para procurar ajuda médica para tratar a depressão.

Esse levantamento ouviu 800 pessoas com ou sem relação com a depressão de 11 estados do país. Embora os pensamentos suicidas tenham incomodado aproximadamente quatro em cada 10 pessoas, que responderam as perguntas, antes de elas buscarem o diagnóstico, a demora para procurar ajuda aconteceu mais por outros fatores. 

O principal fator para demora em buscar ajuda foi a falta de consciência de se tratar de uma doença (18%), seguido por resistência (13%) e medo do julgamento, da reação dos outros ou vergonha (13%).

Entendimento

Interhelp internação

Esses resultados foram apresentados em um workshop em que os especialistas discutiram a respeito do tema: “Urgência da saúde mental: um outro olhar sobre a depressão”.

Segundo Cintia de Azevedo Marques Périco, professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC, essa demora em buscar tratamento para depressão pode resultar em várias consequências para o paciente.

“O agravamento dos sintomas, a diminuição da eficácia dos tratamentos, a perda de anos produtivos, o impacto econômico e a severa diminuição da produtividade, e ainda prejuízo em seu convívio familiar e social são consequências da doença. A depressão precisa ser levada à sério”, disse ela.

Além da demora na busca por ajuda, o levantamento também mostra que ainda existe a falta de entendimento das pessoas com relação à gravidade da depressão e o seu impacto na vida de quem a tem e na das pessoas ao seu redor.

Segundo o levantamento, 10% acredita que a depressão é uma doença com base biológica e com repercussões físicas no corpo. Já 35% crê que a doença não pode ser tratada com medicamentos e 36% acredita que para conseguir superar a depressão a pessoa tem que ter força de vontade.

Um outro estudo recente mostrou que até 80% das pessoas que foram afastadas por conta da doença no mundo todo não sabem o seu diagnóstico.

Emergência

Santo remédio

Nos dias atuais, a depressão é considerada uma emergência psiquiátrica por conta da sua relação com casos de suicídio e tentativas de autoextermínio. Isso porque, de acordo com o que os estudos apontam, aproximadamente 97% dos suicídios têm relação com transtornos mentais, principalmente a depressão.

Para se ter uma ideia, somente no estado de São Paulo, o Corpo de Bombeiros contabiliza, em média, sete tentativas de suicídio por dia.

“Esses números são ainda mais altos, pois não estamos levando em conta as ocorrências do Samu e da Polícia Militar. Em muitos casos, suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem um olhar mais humanizado, reconhecendo a depressão como um transtorno mental que precisa de atendimento urgente e especializado”, disse o major Diógenes Munhoz que trabalha na corporação há 22 anos e atuou diretamente em 57 ocorrências de tentativas de suicídio.

Depressão resistente ao tratamento

Telemedicina

Como falado antes, a depressão tem vários tipos, e um deles é a depressão resistente ao tratamento (DRT). Ela acontece quando não existe uma resposta satisfatória para, pelo menos, dois tipos de tratamento. Geralmente, os pacientes que têm esse tipo de depressão também têm ideias suicidas.

Segundo o estudo observacional TRAL (Treatment-Resistant Depression in America Latina), DRT é um transtorno que atinge aproximadamente 40% dos pacientes brasileiros.

Por conta disso, especialistas do mundo todo têm estudado esse crescimento de casos de pacientes com DRT. No workshop, eles apontaram um novo remédio para os casos mais resistentes. O medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim de 2019.

O chamado Spravato age em uma nova via de neurotransmissores e deve ser aplicado em um ambiente hospitalar, conforme explicou Humberto Corrêa, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFMG.

“Pode ser um hospital dia, uma clínica de infusão ou um hospital propriamente. O paciente não tem acesso direto ao medicamento, não sai com uma receita do consultório para ir à farmácia comprar. É a instituição hospitalar que providencia o medicamento e o profissional de saúde aplica no paciente que volta para casa após a aplicação”, disse ele.

Isso pode ser uma coisa promissora visto que, segundo a Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde, o Brasil é o quinto país com mais incidência de depressão no mundo.

Fonte: R7

Imagens: Interhelp internação, Santo remédio, Telemedicina

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