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O mar guarda segredos que jamais iremos descobrir. Nesse sentido, um deles surgiu no litoral de São Paulo no último sábado (3). Três homens que têm o costume de retirar lixo de praias encontraram uma “caixa misteriosa” na areia da praia de Itanhaém. Acredita-se que o item recolhido pelo trio se trata de um fardo de borracha pertencente a um navio nazista naufragado.
A hipótese foi confirmada pelo biólogo Clemente Coelho Jr, que participou de pesquisas sobre o aparecimento de objetos do tipo na costa do Nordeste brasileiro. Assim sendo, de acordo com o dirigente do Instituto Ecosurf, João Malavolta, de 43 anos, a caixa foi encontrada enquanto ele e mais dois voluntários monitorava a praia do Centro de Itanhaém por volta das 14h de sábado. “Ela já estava na areia e foi uma grande surpresa ter encontrado isso”, explicou.
Malavolta, que também é geógrafo, conta que acompanha o aparecimento de “caixas misteriosas” no litoral nordestino desde 2018. Depois disso, gurpos de pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) revelaram que os pacotes que surgiram nas praias no Nordeste eram fardos de borracha de navios nazistas naufragados. Os navios nazistas eram o MV Werserland e o SS Rio Grande.
Além disso, Malavolta relembrou que, em Itanhaém, há uma lenda de um submarino alemão que, segundo ele, foi visto próximo à costa da cidade. “Temos até um ponto turístico chamado Pedra do Espia e, segundo os relatos antigos, é porque soldados brasileiros ficavam ali espiando o mar para ver se tinha algum registro de navios alemães”.
“Até então, só tinha visto o aparecimento delas [caixas] no Nordeste. Hoje, encontramos uma em Itanhaém e isso é muito curioso”, ressaltou João Malavolta. O geógrafo explica que o item é um agente poluidor da água uma vez que apresenta espécies incrustadas no fardo. “São organismos que aderem à superfície e podem transportar organismos de uma região para outra”.
Portanto, o especialista adiciona que essa movimentação é uma forma de inserir organismos invasores. “Isso pode causar impactos no equilíbrio ecológico do ambiente”. Malavolta afirmou que a caixa do navio nazista foi recolhida e será incluída no acervo da Coleção Didática de Lixo no Mar do Instituto Ecosurf. Ele ressalta que: “Se algum laboratório da região quiser analisar, ela está disponível”.
Teorias
O pesquisador e biólogo Clemente Coelho Jr., da Universidade Federal de Pernambuco (PE), afirma que a caixa é mais um dos fardos de borracha que vêm aparecendo no litoral nordestino desde 2018. “Recebi apenas fotos, mas tenho 99,9% de certeza, pelas características”.
Dessa forma, ainda segundo o pesquisador, ele foi responsável pela identificação de mais de 20 fardos de navios nazistas que apareceram nas praias de Pernambuco desde o início dos casos. “O formato, tamanho, a presença de crustáceos agarrados nele”, elenca as semelhanças. Coelho explica que ainda há a presença de inscrições em alto relevo e que o item que apareceu em Itanhaém se encontra “bem” preservado.
“São fardos de látex que foram transportado por navio que foi fundado na Segunda Guerra Mundial, próximo à Paraíba”, aponta Coelho Jr. Pode parecer estranho que um desses itens, normalmente encontrados no Nordeste, chegue no litoral paulista. Porém, o pesquisador explica que é possível por conta das correntes marítimas que poderiam levar os objetos ao local.
Moradores relatam aparecimento de caixas misteriosas em praias do Ceará
Em outubro de 2018, mais de 70 pacotes começaram a aparecer nas praias de Alagoas, deixando os moradores curiosos em pelo menos 13 cidades do estado. Cada fardo pesa mais de 100kg, Assim sendo, também houve registros da presença deles em Tamandaré, no litoral de Pernambuco, além das praias da Paraíba.
Divulgação/Instituto Biota
Fonte: G1
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