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Dayton Denis Siqueira e Simone Aparecida Pereira realizaram seu casamento no dia 5 de outubro. Porém, quando eles chegaram no altar da igreja, para a celebração, o padre não estava lá. A eles foi então avisado que um pároco substituto iria realizar o casamento deles. Porém, nenhum deles sabia quem, de fato, seria.
Tanto Dayton quanto Simone são surdos. Assim, para surpresa do casal, o padre escalado para a celebração, Wilson Czaia, que atua na diocese de Curitiba, no Paraná, sabia falar a língua brasileira de sinais (Libras). O padre viajou quase 800 km até a cidade de Franca, no interior de São Paulo, para tornar o sonho e o grande momento da vida do casal único.
Wilson, que também é deficiente auditivo, realizou toda a celebração em Libras. O noivos e seus convidados não conseguiram conter a emoção. O casamento que, por sua própria natureza já é algo completamente emocionante, foi abrilhantado pela atuação do padre, que foi chamado de anjo pelo casal. “Estamos muito felizes”, disse Dayton, ao G1.
O casal já conhecia o padre, que celebrou seu casamento. Na verdade, foi graças a ele que, em 2012, Dayton e Simon se conheceram. Eles se encontraram durante o Hallel. Sendo este um festival de música cristã, realizado em Franca, e que reúne milhares de pessoas.
De imediato, eles se encantaram um pelo o outro. “Eu me aproximei, comecei a conversar e logo trocamos o número de celular para conversar no Whatsapp. Conversa vai, conversa vem, começamos a namorar”, contou Dayton.
Não existem limites para o amor
Curiosamente, o casal professa uma fé diferente um do outro. Dayton é de família espírita, enquanto Simone e seus familiares são católicos. Ao iniciarem o namoro, eles acabaram conhecendo o trabalho feito pela Pastoral do Surdo. Assim, aos domingos, eles passaram a frequentar as missas realizadas em Libras, que acontecem na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro Jardim Paulistano.
Dessa forma, o casal acabou criando um maior vínculo e se aprofundando na fé católica. Uma voluntária da pastoral, Maria Rita Capel, é quem traduz os ensinamentos bíblicos para Libras.
“Para a comunidade surda isso é o máximo. Até então, todo mundo só ficava olhando, mas não se envolvia tanto. Quando o padre Ovídio abriu isso, daí pra frente, os surdos se apegaram à igreja”, afirmou Maria Rita. “Hoje eles participam de encontros de jovens, encontro de casais. Tudo que tem dentro de uma paróquia, a pastoral faz o encaixe dos meninos. Tem uma equipe que se reveza na interpretação”.
Com o tempo, e por seu convívio com outros casais da paróquia, despertou no casal a vontade de se casar. Para realizar o casamento, toda a comunidade da igreja os ajudaram. Assim, eles marcaram a data da cerimônia. Maria Rita foi quem convidou Wilson para celebrar o casamento dos noivos.
O grande dia
“Hoje eles participam de encontros de jovens, encontro de casais. Tudo que tem dentro de uma paróquia, a pastoral faz o encaixe dos meninos. Tem uma equipe que se reveza na interpretação”, explicou ela.
As amigas da igreja ajudaram Simone a confeccionar o buque, as lembrancinhas dos padrinhos, o bolo e os docinhos da festa. O casamento teve inicio as 17 horas e os noivos foram pontuais para a celebração. No entanto, um seminarista foi escalado para criar todo o clima para a surpresa que estava por vir.
“O seminarista Márcio avisou que, naquela hora, não havia padre para celebrar o casamento, mas que a igreja já havia providenciado um substituto. Ele pediu a nós dois que olhássemos para a porta de entrada da igreja. Ao ver o padre Wilson entrando, nós não conseguimos falar nada”, contou Simone. “Na hora, parecia que Jesus entrava junto com o padre Wilson”, afirmou Dayton.
“Foi muito bonito e eu me sinto feliz. A gente percebe a razão da vida. Viver é fazer a outra feliz. Eles são seres humanos que necessitam estar no meio, incluídos, e não à parte”, disse Maria Rita.
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