Ciência e Tecnologia

Cientistas debatem como deveria ser o sexo no espaço

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O turismo espacial está se tornando uma realidade acessível para quem possui bilhões na conta bancária. Por causa disso, os cientistas estão pensando em como viabilizar o sexo no espaço.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Concórdia, no Canadá, escreveu um estudo que criou no artigo “O Caso a Favor da Sexologia no Espaço”. O texto foi publicado no final de 2021 no “The Journal of Sex Research”, periódico especializado em pesquisas sobre saúde sexual.

Tema pouco abordado

Foto: Nasa

De acordo com os cientistas, mesmo que a ciência tenha avançado o suficiente para tornar viagens turísticas possíveis, como as de Jeff Bezos e William Shatner, são as relações interpessoais que determinarão se a humanidade vai ou não conseguir colonizar o espaço e os outros planetas.

A equipe afirma que os habitats espaciais podem ter um impacto negativo nas funções sexuais e reprodutivas, assim como podem restringir a privacidade e impor protocolos diferentes de higiene íntima. Os pesquisadores acrescentam que pouca atenção é destinada para discutir o sexo no espaço.

Para os cientistas, quando cogitamos colonizar Marte, o sonho de Elon Musk, temos que pensar nessa questão. Por causa disso, eles propõe que o sexo no espaço seja estudado por um novo campo de estudo, que eles nomearam como “sexologia espacial”.

Sem tabu com o sexo no espaço

Foto: Sundry Photography/ Shutterstock

A equipe defende que a questão não deve ser tratada como um tabu, porque o amor, o sexo e as relações íntimas da vida humana no espaço precisam ter a sua importância reconhecida. Hoje em dia, o tema é tratado, de acordo com os pesquisadores, de maneira preconceituosa pelas agências espaciais.

A Nasa acredita que o sexo no espaço pode atrapalhar a harmonia de uma tripulação e provocar problemas na realização das missões. A agência também enfrenta uma forte pressão de alas conservadoras da política para que o financiamento estatal não seja usado nesse tipo de estudo.

Como o cérebro é “reprogramado” no espaço

Foto: Hypescience

Outra pesquisa sobre a vida no espaço foi realizada pelas agências espaciais europeia (ESA) e russa (Roscosmos) e estudou as alterações pelas quais passam os cérebros de cosmonautas em longas viagens ao espaço. De acordo com os cientistas, o nosso cérebro é “reprogramado”.

O estudo aponta alterações físicas, provocadas pela mudança no fluxo de fluidos cerebrais, que é alterado pela ausência de gravidade, entre outros fatores. Por isso, aumenta a massa cinzenta e branca, assim como alterações nas dilatações em um dos principais centros nervosos do cérebro.

“As mudanças cerebrais observadas pelo nosso time foram inéditas e muito inesperadas”, afirmou Floris Wuyts, da Universidade da Antuérpia, na Bélgica, autor principal do artigo. Para o estudo, a equipe utilizou 12 cosmonautas pouco antes, durante, logo após e sete meses depois de seus retornos à Terra. Todos eles viajaram por cerca de cinco meses e meio.

O método usado é conhecido como “tractografia”, que utiliza informações de ressonância magnética para reconstruir o cérebro analisado em 3D. Segundo Wuyts, essa técnica permite que cientistas enxerguem toda a “fiação” do nosso cérebro.

De acordo com o estudo, depois do voo, as estruturas conectivas passam por deformações provocadas pela alteração no fluxo de fluidos cerebrais. Além do aumento das massas brancas e cinzas, citadas acima, foram encontradas mudanças no formato do corpo caloso, um grande conjunto de fibras nervosas que Wuyts chamou de “a auto estrada que conecta os dois lados do cérebro”.

Essas alterações podem levar a mudanças na capacidade motora dos cosmonautas. Andrei Doroshin, um pesquisador da Universidade Drexel na Pensilvânia e co-autor do estudo, explica que:

“As áreas motoras do cérebro são os centros onde nossos movimentos se iniciam. Em um ambiente sem peso, um astronauta precisa se adaptar a isso, especialmente se comparado ao ambiente com gravidade da Terra. O nosso estudo mostra, essencialmente, que o cérebro é reprogramado, por assim dizer.”

O ritmo das mudanças

Foto: Nasa

Diferente do que se imagina, o estudo mostrou que as mudanças não são tão imediatas. Elas levam um maior tempo para acontecer no espaço e demoram para ir embora quando os astronautas retornam para a terra. Segundo os estudiosos, esse processo leva cerca de sete meses.

“Isso mostra que nós devemos criar contra-medidas para assegurarmos que as mudanças de fluidos e de formato no cérebro sejam mais limitadas”, afirma Wuyts, depois de sugerir a gravidade artificial como um método para este fim. 

Vale relembrar que a gravidade artificial é uma uma força pré-concebida de inércia que consegue imitar a sensação de peso na Terra.

“Usar a gravidade artificial a bordo da Estação Espacial Internacional ou de um foguete em direção a Marte muito provavelmente vai resolver a questão da mudança de fluidos”, contou Wyuts. 

“O donut rotatório que vimos no filme ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’, de Stanley Kubrick, é um ótimo exemplo de como seria um mecanismo ideal. Mas isso ainda é muito complicado de ser produzido. Talvez seja essa a forma certa de prosseguirmos, mas só as pesquisas futuras é que vão nos dizer.”

Fonte: Olhar Digital, Olhar Digital²

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