Ciência e Tecnologia

Como é a vida de uma pessoa que consegue enxergar 100 milhões de cores?

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Ao longo de anos, a ciência suspeitava que todos seres humanos percebiam as cores da mesma forma, até que diferentes condições visuais foram descobertas, revelando novos mundos e conceitos de visão. Para quem se lembra do caso do vestido preto e azul/branco e dourado que enlouqueceu a internet em 2015, ficou claro que até mesmo pessoas que não apresentam condições diferenciadas de visão podem enxergar as coisas de formas diferentes.

No geral, um humano adulto saudável possui três tipos de cones, células especiais da retina. Os cones são as células especiais do olho que conseguem reconhecer as variedades de cores do mundo real. Em média, existem aproximadamente 6 milhões de cones em cada olho humano.

Quando há algum tipo de anomalia em um deles, ou ausência de algum dos fotopigmentos nas terminações dos cones, podemos diagnosticar casos de daltonismo. É por isso que os daltônicos têm dificuldade de distinguir entre algumas cores, dependendo da intensidade do problema.

Numa análise dos três tipos de cones comuns, podemos encontrar um que responde à luz de comprimentos de onda longos, chamado de L (do inglês, long), reagindo a cores vermelhas; um segundo que responde à luz de comprimento de onda médio e é chamado de M (de medium) e atinge tons verdes; e um terceiro que responde a comprimentos de onda de luz mais curtos, cores azulada, e é chamado de S (de short).

Existe, no entanto, um caso de pessoas que poderiam carregar quatro tipos diferentes de cones, reagindo a variados espectros de cores. A hipótese do Tetracromatismo é baseada no fato de o cromossomo X carregar dois tipos de cones. Assim, como as mulheres possuem dois cromossomos X, elas poderiam, carregar dois pares de cones, percebendo mais cores do que o normal.

Na teoria, a percepção avançada de cores só se aplicaria a mulheres, já que são as únicas que possuem um par de cromossomos X.

Para provar a hipótese, os cientistas Gabriele Jordan, da Universidade de Newcastle, e John Mollon, de Cambridge, passaram 20 anos estudando um teste de cores e analisando o resultado de vários voluntários. Na pesquisa, as cores apresentadas tinham diferenças tão sutis, que para alguém perceber seria necessário que houvesse um quarto cone extra nos olhos.

Depois de anos, eles finalmente conseguiram encontrar uma pessoa que percebeu as diferenças. A identidade do participante foi preservada, mas a publicação da pesquisa fez que novas pessoas aparecessem como voluntários pra os estudos.

A professora americana Concetta Antico, por exemplo, passou anos levando alunos de arte para o mesmo parque, destacando luzes na água, rosas brilhando ou fios coloridos em rochas comuns. Só depois de repetir o hábito com frequência, ela percebeu que, na verdade, ninguém estava vendo as mesmas coisas que ela. O tempo todo, seus alunos respondiam que sim apenas para evitar constrangimentos.

Concetta é uma das pessoas que consegue ver cores que são invisíveis para a maioria das pessoas, por conta da diferença nos cones. Para ela, por exemplo, uma trilha de pedras que parece cinza e sem graça para a maioria das pessoas parece uma vitrine de joalharia brilhante e repleta de tons variados.

“As cores das pedras ‘saltam’ em tudo que é direção, com laranjas, amarelos, verdes, azuis e rosas. Eu fico espantada quando descubro que os outros não veem iss”, explicou em entrevista à BBC.

Além de Concetta, Maureen Seaberg também vive com a condição. A jornalista americana passou anos criticando as combinações de roupas que as pessoas utilizavam e chegou a rejeitar 32 cores diferentes de tintas antes de encontrar a que considerava ideal, confundindo decoradores e arquitetos.

“O bege era amarelado demais, e não tinha tons azuis o suficiente; o amêndoa era alaranjado demais”, comentou.

O aumento de sensibilidade às cores, mesmo que pareça uma bênção, pode ser um problema para quem passa por isso. “Ir ao supermercado é um pesadelo. É como uma lata de lixo de cores pulando de tudo que é lado”, explica Concetta. “As pessoas acham incrível que minha cor favorita seja o branco, mas isso faz sentido porque ela é pacífica e agradável aos olhos. Ainda tem bastante cor presente ali, mas elas não me agridem.”

A habilidade de ver várias cores trouxe dois fatos curiosos para a vida de Concetta. Primeiramente, sua visão especial e diferenciada a levou a trabalhar no mundo das artes e ela é dona de uma galeria em San Diego, na Califórnia (Estados Unidos). Por outro lado, o dom raro não foi passado para sua filha, que na verdade nasceu com daltonismo.

O que achou da habilidade impressionante de ver cores invisíveis à maioria dos seres humanos? Parece intrigante conseguir enxergar coisas que parecem não estar ali, não é mesmo? Conte para a gente a sua opinião nos comentários e não se esqueça de divulgar e compartilhar a matéria!

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