A muito tempo, suposições sobre uma possível III Guerra Mundial acabaram sendo desenvolvidas. As pessoas acreditavam que a Grande Guerra voltaria a se repetir, e que não demoraria muito para que isso acontecesse. Afinal, as disputas nunca pararam de acontecer, mesmo que em proporções menores e “menos mortais”. E pensando nisso, mesmo que ela ainda não fosse uma realidade, se preparar para o inevitável não parecia tão errado assim.
A preocupação com a possível guerra fez com que, em 1983, o Reino Unido desenvolvesse um discurso que seria pronunciado pela rainha Elizabeth II quando esse momento chegasse. O que, se você parar para pensar sobre o momento em que eles estavam vivendo, não era de se estranhar. E, depois de 30 anos, o pronunciamento escrito acabou indo a público depois de ser “descartado” pelo Arquivo Nacional britânico em 2013.
Os preparos para o pronunciamento
Em 1983, o Reino Unido estava enfrentando uma drástica Guerra Fria, o que justificava de certa forma o temor da nação pela possível Terceira Guerra Mundial. E, por esse motivo, o documento contendo o discurso da rainha Elizabeth II foi elaborado pelas autoridades de Whitehall, juntamente com uma simulação de guerra, na primavera daquele ano.
A simulação estabelecia alguns possíveis cenários para a temida guerra e estava prescrito para ser pronunciado no dia 4 de março de 1983, o que não aconteceu. De forma geral, a intenção do discurso era preparar a população nacional para a guerra nuclear que estaria por vir e era formado, majoritariamente, por incentivos.
O discurso
As preparações feitas para o discurso da rainha Elizabeth II contavam com uma introdução fazendo referência ao Natal, que havia passado a pouco tempo. Ela afirmava como essa guerra seria ainda pior do que qualquer outra da história, já que desta vez a maior preocupação seriam as armas letais e não os soldados armados. E, para encerrar, ela pede para que as pessoas orem para o bem daqueles que lutam por eles e pelo bem de seu país. Segue o discurso:
“Os horrores da guerra não poderiam ter parecido mais remotos, pois minha família e eu compartilhamos nossa alegria de Natal com a crescente família da Commonwealth. Agora, essa loucura de guerra está mais uma vez se espalhando pelo mundo e nosso país bravo deve novamente se preparar para sobreviver contra grandes probabilidades.
Nunca esqueci a tristeza e o orgulho que senti quando minha irmã e eu nos abraçamos em torno do sistema sem fio do berçário, ouvindo as palavras inspiradoras do meu pai [George VI] nesse dia fatídico em 1939 [no início da Segunda Guerra Mundial.
Nem por um momento eu imaginei que esse dever solene e horrível um dia caísse para mim.
Mas, independentemente dos terrores que nos aguardam, as qualidades que ajudaram a manter nossa liberdade intacta duas vezes durante esse triste século serão mais uma vez nossa força. Meu marido e eu compartilhamos com as famílias, de cima e de baixo dessa terra, o medo que sentimos pelos filhos e filhas, maridos e irmãos que deixaram nosso lado para servir seu país.
Meu amado filho Andrew está neste momento em ação com sua unidade, e oramos continuamente por sua segurança e pela segurança de todos os militares e mulheres em casa e no exterior. É este vínculo estreito da vida familiar que deve ser a nossa maior defesa contra o desconhecido. Se as famílias permanecem unidas e resolutas, dando abrigo às pessoas que vivem sozinhas e desprotegidas, a vontade do nosso país de sobreviver não pode ser quebrada.
Enquanto nos esforçamos juntos para combater o novo mal, rezemos pelo nosso país e pelos homens de boa vontade onde quer que estejam. Deus abençoe todos vocês.”
O clamor escrito para o pronunciamento da rainha, ainda que nunca tenha acontecido, é emocionante. Ele foi divulgado ao público obedecendo a regra governamental de que os documentos secretos com mais de 30 anos devem ser liberados. Este mês o documento fez 35 anos desde a sua criação. E, ainda sim, mante a sua importância. O que acharam do discurso?
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