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Oscar pede desculpas a atriz indígena após 50 anos de discurso de Marlon Brando

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O Oscar é o maior prêmio do cinema mundial. A premiação já acontece há 93 anos e premia os melhores filmes, de todas as categorias que envolvem o cinema. A cerimônia é uma das mais midiáticas do mundo e a premiação mais antiga. De acordo com a Enciclopédia Novo Mundo, é estimado que mais de um bilhão de pessoas assistem a premiação ao vivo ou gravada todos os anos.

Com todo esse período de existência, já aconteceram situações bem constrangedoras durante a premiação. E a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, organização responsável pela premiação, parece estar vendo que um pedido de desculpas é necessário em alguns casos, mesmo que já se tenha passado muito tempo.

Esse foi o caso do pedido de desculpas da organização do Oscar a Sacheen Littlefeather, uma mulher nativa americana vaiada no palco da premiação há quase 50 anos.

Oscar

BBC

Em 1973, a atriz e ativista apareceu ao vivo na televisão para recusar o Oscar que Marlon Brando tinha acabado de receber por sua atuação no filme “O Poderoso Chefão”.

Na época, o ator rejeitou o prêmio de melhor ator como uma forma de protesto conta a deturpação dos povos nativos americanos pela indústria cinematográfica dos EUA. Por isso que no momento de ele receber sua estatueta, Littlefeather foi representá-lo.

De acordo com a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a atriz sofreu abusos injustificados depois de ter feito um breve discurso. Na época, Littlefeather tinha 26 anos e foi hostilizada e ignorada pela indústria do entretenimento depois de ter feito o seu discurso.

“Nunca pensei que viveria para ver o dia em que ouviria isso (o pedido de desculpas)”, disse ela ao Hollywood Reporter.

Discurso

BBC

Segundo os organizadores do Oscar, a fala da atriz indígena foi a primeira declaração política que aconteceu na cerimônia televisionada. Foi ela quem iniciou uma tendência que segue até os dias de hoje.

No momento em que Littlefeather subiu ao palco, ela disse que “ele lamentavelmente não podia aceitar este prêmio tão generoso. E as razões para isso são o tratamento que os indígenas americanos recebem hoje da indústria cinematográfica e da televisão em reprises de filmes, e também com os recentes acontecimentos em Wounded Knee”.

Wounded Knee foi um conflito bastante violento entre agentes federais e indígenas em um lugar bastante significativo para o povo Sioux, na Dakota do Sul.

Esse breve discurso feito pela atriz indígena foi recebido com vaias e alguns aplausos da plateia.

Em 2020, Littlefeather contou à BBC que depois de ter feito o discurso, ela teve que deixar o palco com dois seguranças. No entanto, ela disse que os seguranças foram uma presença muito boa, já que o ator John Wayne estava nos bastidores, com seis seguranças, e parecia “furioso com Marlon e comigo”, disse ela.

O discurso de Littlefeather foi televisionado para 85 milhões de pessoas. Depois da cerimônia do Oscar, alguns relatos na mídia disseram que a atriz não era verdadeiramente uma nativa americana, e que ela tinha concordado em fazer o discurso para alavancar sua carreira. Além disso, alguns veículos chegaram a especular que ela seria amante de Brando.

Claro que todas essas alegações sobre Littlefeather eram falsas.

Desculpas

CBC

“O abuso que você sofreu foi injustificado”, escreveu David Rubin, ex-presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em uma carta a atriz divulgada nessa segunda-feira.

Além disso, Rubin disse que o discurso na 45ª edição do Oscar “continua a nos lembrar da necessidade do respeito e da importância da dignidade humana”.

O pedido de desculpas não foi tudo. Em setembro, o Museu de Cinema da Academia irá sediar um evento, onde Littlefeather irá falar a respeito da sua aparição no Oscar de 1973 e sobre o futuro da representação indígena nas telas.

E sobre o pedido de desculpas, a atriz disse: “Nós, indígenas, somos pessoas muito pacientes — foram apenas 50 anos de espera!”.

Fonte: BBC

Imagens: BBC , CBC

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