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Conheça a UniFavela, um projeto que já tem alunos aprovados em várias faculdades

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Localizado na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, teve início um cursinho de pré-vestibular que foi apelidado de UniFavela. O cursinho conta com ajuda de professores voluntários, um quadro sobre um pilha de tijolos e material didático produzido pela colaboração dos próprio alunos.

Cerca de 20 alunos estavam frequentando o preparatório. Dentre estes, três foram aprovados em vestibulares de universidades públicas. Os demais alunos, aguardam o resultado do Sistema de Seleção Unificada, o SISU, que utiliza a nota conquistada no ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, para garantir ou não as aprovações.

A UniFavela

“Tivemos nossos três primeiros aprovados na UERJ. Eu chorei de emoção mais do que os próprios alunos ao saberem que foram aprovados. É bacana ver o retorno deles, sabe?”, disse um dos fundadores da UniFavela, Laerte Breno.

Laerte, de 23 anos, é aluno do 4º periodo de Letras, na UFRJ, e morador do Complexo da Maré. Antes de ingressar na universidade, Laerte também estudou em um cursinho pré-vestibular comunitário. A ideia de fundar o UniFavela aconteceu depois que uma garota, Adriele, lhe solicitou ajuda. A garota estava estudando para o vestibular da UERJ, na Biblioteca da Lona Cultural Herbert Vianna.

“No momento em que eu estava tirando as dúvida dela, pensei: poxa, estou ajudando uma pessoa e acho que posso ajudar muito mais”, contou Laerte. Foi então que ele sugeriu à menina: “Venha amanhã de novo que vou preparar uma aula maneira. E, se quiser, pode trazer amigos”.

Quando Laerte foi à biblioteca no dia seguinte, ele encontrou Adriele e outras seis pessoas o aguardando para a aula. Naquele dia, começava a se estruturar a UniFavela. Conforme os dias foram passando, a novidade foi se espalhando e o projeto foi ganhando mais força, novos alunos e professores voluntários.

Entretanto, à medida que crescia, o espaço na biblioteca ficava menor e eles não mais poderiam continuar ali. Ficamos quase um mês parados, sem espaço. Fiquei desesperado, muito triste”, lembra Laerte. Mas, uma luz surgiu por intermédio de Cristian Gomes, um jovem de 20 anos.

As mudanças

Gomes ofereceu a laje de sua casa para sediar as aulas de Laerte. Uma aluna trouxe um quadro e, em junho de 2018, nascia, oficialmente, a UniFavela. Nascido de muita boa vontade, improviso e amor. Não há falta de professores e todas as matérias possuem um voluntário para ajudar os alunos.

“Quando entrei para o grupo foi a coisa mais impulsiva que já fiz. Estava no meio do período na faculdade e tive que reorganizar meu horário todo. Mas é uma experiência fantástica, de aprendizado e de transformação pessoal”, disse Letícia da Paz Maia, aluna do 7° período de História na UFRJ e que leciona a disciplina na UniFavela.

Coisas boas sempre acontecem para aqueles que fazem as coisas com amor, respeito ao próximo e que acima de tudo, não desistem de fazer o bem. Já no começo de 2019, a UniFavela está deixando a laje de Cristian para se instalar em um novo local.

“Quando terminou o ano, queríamos achar outro lugar. Não dava para ocupar a laje do Cristian pra sempre. Com a nossa divulgação nas redes sociais, ONGs e escolas entraram em contato oferecendo espaço. Conseguimos uma sala, na própria comunidade, cedida por uma ONG”, contou Letícia.

Novos caminhos, novas etapas

Uma nova turma do curso se formará muito em breve e estarão disponíveis 30 vagas para as aulas gratuitas, que acontecerão de segunda à sexta-feira, das 13h30 às 17h30. As inscrições já estão abertas e poderão ser feitas até dia 25 de fevereiro nesta página na internet.

“Nosso objetivo é colocar favelados dentro das universidades públicas, pois assim estamos quebrando o discurso hegemônico no qual a favela é isenta de potência e bagagem intelectual. Aquele espaço é meu, é nosso, é deles!”, afirmou Laerte.

Gabriela Santos, ex-aluna da UniFavela, foi aprovada para o curso de Geografia na UERJ graças às aulas recebidas no cursinho. “Nunca havia nem tentado vestibular para universidade pública porque tinha medo”, contou ela. Apesar da aprovação de alguns alunos e da nova sala, ainda existem diversas coisas a serem conquistadas para o cursinho da UniFavela.

De pincéis atômicos para o quadro até dinheiro para compra e o fornecimento de material escolar, como cópias de provas de vestibulares anteriores. Computadores, impressoras e um Data Show, são alguns itens que trariam mais qualidade para o ensino e melhorias para os alunos. Para isso, foi criado uma vaquinha online para conseguir arrecadar o dinheiro necessário para a compra do material. Para colaborar, basta clicar aqui.

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