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DNA neandertal explica motivo de alguns gostarem de acordar cedo

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O ácido desoxirribonucleico, ou DNA, é o grande elemento que une as várias pontas da existência, desde o mundo animal ao vegetal, valendo para todo o planeta Terra. É de conhecimento de todos que o DNA é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas, que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus. Além disso, transmite as características hereditárias de cada ser vivo. Resumindo, o DNA é a matéria que nos torna o que nós somos.

Até os humanos modernos chegarem onde estão, vários ancestrais viveram. E alguns hábitos que as pessoas têm hoje em dia pode ser um reflexo deles. Como por exemplo, se a pessoa gosta de acordar cedo e logo no começo da manhã já está de pé, isso pode ter sido uma herança dos antepassados neandertais.

Isso acontece porque os hominídeos cruzaram com os humanos e com isso alguns vestígios continuaram no DNA moderno. Justamente por conta desses cruzamentos que os humanos modernos têm até 4% do DNA neandertal. Nisso estão inclusos genes relacionados ao cabelo, pigmentação da pele, gordura, sensibilidade à dor e até mesmo imunidade. Onde essa influência é maior, na maioria dos casos, é entre europeus e latino-americanos.

Além disso, uma descoberta recente feita pelos cientistas da Universidade da Califórnia (UC), nos EUA, a herança dos neandertais pode também ter uma influência no ritmo circadiano, popularmente conhecido como relógio biológico das pessoas. Justamente essa influência que faz com que os comportamentos matutinos sejam favorecidos.

DNA neandertal e influência

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“Ao combinar DNA antigo, estudos genéticos em larga escala em humanos modernos e Inteligência Artificial, descobrimos diferenças genéticas substanciais nos ritmos circadianos dos neandertais e dos humanos modernos. Analisando os pedaços de DNA neandertal que permaneceram nos genomas humanos modernos, descobrimos uma tendência surpreendente”, afirmou John A. Capra, pesquisador da UC e um dos autores do estudo.

Na visão dele, vários desses genes têm uma relação com o ritmo circadiano dos humanos modernos. E na maior parte dos casos eles estão “aumentando a propensão da pessoa ser matinal”.

Se essa tendência vem dos neandertais é preciso entender o motivo de esses ancestrais “preferirem” acordar cedo. Há aproximadamente 400 mil anos, os neandertais e os denisovanos, já viviam na Eurásia e se diferenciavam dos humanos há mais de 700 mil anos. Esse tempo foi o suficiente para que eles evoluíssem em condições ambientais distintas.

Os ambientes onde os neandertais viviam na Eurásia eram em latitudes mais altas e com a luz variando mais durante os horários do dia. E o padrão e nível de exposição à luz tem consequências biológicas e comportamentais. Isso pode resultar em algumas adaptações evolutivas, o que pode afetar o DNA, como mostrou o estudo.

Há aproximadamente 700 mil anos, os humanos modernos começaram a sair da África e chegar na Eurásia. Lá eles viviam em latitudes mais baixas e cruzaram com diferentes grupos que já tinham variantes genéticas adaptadas para aquele ambiente, dentre elas, as que favoreciam as pessoas acordarem cedo. Então, as que se mostraram vantajosas acabaram se perpetuando no DNA humano moderno.

Parte desconhecida

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Por mais que se conheça alguns ancestrais humanos, uma análise dos genomas do mais famoso dos humanos antigos, que são os neandertais e os denisovanos, revelou um ancestral da nossa espécies que ainda não foi identificado. Esse é um ramo distante da nossa árvore genealógica, que não tem nenhum rótulo conhecido para colocar nele.

Além disso, o estudo encontrou também mais evidências de cruzamento entre os humanos e os neandertais. E coloca esse cruzamento acontecendo muito antes do que era imaginado, entre 200 e 300 mil anos atrás. Esse cruzamento adicionaria uma nova visão sobre a história do nosso surgimento como espécie, e da migração para fora da África.

Existe uma possibilidade desse ancestral desconhecido ser, na verdade, o Homo erectus. Que é um ancestral humano bem antigo que foi dado como morto há mais de 100 mil anos. Mas essa certeza ainda não existe, porque nenhum DNA de Homo erectus foi encontrado.

“O que acho empolgante sobre este trabalho é que ele demonstra o que você pode aprender sobre a história humana profunda. Reconstruindo em conjunto a história evolutiva completa de uma coleção de sequências de humanos modernos e hominíneos arcaicos”, disse o biólogo computacional Adam Siepel , do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York.

A equipe usou um algoritmo bayesiano para conseguir se aprofundar nos padrões dos genomas, em específico, no DNA de dois neandertais antigos, que era um denisovano e dois humanos africanos modernos. O modelo então combina a mistura de DNA com determinados períodos de tempo.

O algoritmo buscou eventos de recombinação em que dois conjuntos de cromossomos são misturados. Isso deu aos cientistas a possibilidade de voltar muito no tempo na história do cruzamento das espécies. E aproximadamente 1% do DNA denisovano é de origem desconhecida.

“Este novo algoritmo desenvolvido pela Melissa Hubisz, da Cornell University, o ARGweaver-D, é capaz de retroceder mais no tempo do que qualquer outro método computacional que já vi. Parece ser especialmente poderoso para detectar introgressões antigas”, disse Siepel.

Segundo o estudo, aproximadamente 15% dessas regiões misteriosas “super arcaicas” do DNA encontradas no genoma denisovano ainda circulam nos humanos de hoje em dia.

Além disso, o estudo descobriu que entre três e sete por cento do DNA neandertal é influenciado pelo antigo Homo sapiens, outra coisa que mostra a quantidade de cruzamentos que estava acontecendo ao longo dos séculos. Tudo isso muito antes da grande migração em massa dos ancestrais humanos modernos para fora da África.

“Esta linha do tempo parece ser inconsistente com uma troca genética envolvendo os ancestrais diretos da maioria dos eurasianos atuais, que migraram para fora da África 50.000 anos atrás. Em vez disso, nossa linha do tempo sugere uma migração anterior, ocorrendo pelo menos 200.000 anos atrás. Notavelmente, as linhas ortogonais de evidência agora apoiam a possibilidade de uma ou mais dessas migrações iniciais para fora da África”, escreveram os autores.

Fonte: Canaltech

Imagens: Canaltech

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